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Dubai, a famosa cidade dos milionários no meio do deserto, nunca foi um destino em mente para Larissa Neumann, 28 anos. Mas o outro destino, aquele dos misteriosos acasos, levou a jaraguaense para os Emirados Árabes Unidos em 2017.
Dois anos depois da partida, são as experiências e o espírito cosmopolita do lugar que fizeram Lari criar um lar do outro lado do planeta.
Foi uma oportunidade de trabalho que apresentou Dubai como possibilidade para Lari. Formada em publicidade e propaganda, na época estava trabalhando como freelancer, tocando projetos significativos para ela, como a feira Escambau e o coworking Alcateia.
De um dia pro outro, tudo mudou. “Certo dia minha madrinha me mandou uma mensagem: Tem uma moça aqui da agência indo pra Dubai. É pra um trabalho temporário em vendas. Todos os custos da viagem estão inclusos, salário fixo e mais comissão. Eles estão procurando mais gente para ir, não tais a fim já que tu gosta de viajar e tal?”, relembra.
A ideia ficou na cabeça, Lari fez a entrevista e dois dias depois foi chamada para a partida, que seria em duas semanas.
Com apoio das sócias, amigos e família, ela se “jogou”. “Adoro uma aventura”, completa.
A posição era temporária. Foram cinco meses atuando como vendedora e explorando Dubai nos dias de folga.
“Descobri que a cidade tinha muito a oferecer e que a mistura de culturas me agradava bastante. Aí resolvi dar uma chance pros Emirados Árabes e nas últimas semanas antes de retornar ao Brasil, consegui outro emprego, que também considero coisa do destino, pois foi conversando com uma cliente na loja em que eu trabalhava”, conta.
Lari, que também é dançarina e já atuava como professora por aqui dando aulas de acrobacia, agora está trabalhando em um centro de educação infantil.
“Estou amando trabalhar com as crianças novamente e a escola é muito bacana, tem um perfil bem artístico e valores com os quais eu me identifico muito”, comenta, ressaltando que a escola segue a filosofia de ensino Reggio Emilia, que coloca a criança como protagonista do aprendizado.
De Jaraguá para o Oriente Médio
Com tradições islâmicas bem enraizadas, é claro Dubai tem uma série de regras culturais, sociais e até mesmo legais, muito diferentes do Brasil. O site da embaixada brasileira nos Emirados Árabes até traz uma lista de cuidados.
Alguns exemplos são: consumo de bebida alcoólica é permitido somente para não-muçulmanos em lugares licenciados, demonstrações excessivas de afeto entre casais não são encorajadas, não se deve fumar fora de locais designados e por aí vai.
Os fatores religiosos que acabam tornando a cultura mais machista em muitos países árabes não predominam em Dubai. Existem algumas regras a respeito das vestimentas das mulheres, orientando a não usar roupas curtas em público, por exemplo – mas na prática isso acontece com naturalidade pelo mix cultural.
É tradição o uso de lenço e burca na região por mulheres que seguem o islamismo – e nas mesquitas e alguns locais oficiais para todas. A jaraguaense conta que até mesmo as jovens que seguem a religião estão cada vez mais modernas, usando burcas abertas e lenços coloridos.
“Os árabes no geral sempre querem pagar tudo para as mulheres e a comunidade de indianos e paquistaneses que nunca viu uma mulher de biquíni na praia pira. Mas não me sinto assediada como muitas vezes já me senti no Brasil”, comenta Lari.
Na praia trajes de banho são liberados. Nos pontos mais turísticos, roupas mais curtas são aceitas apesar de existirem as leis tratando do assunto, como foi mencionado, justamente por essa integração de tantas nacionalidades.
“Mas ainda assim é bom ter sempre um lenço em mãos para se tapar, caso alguém reclame. Nunca passei por nenhuma saia-justa em relação a isso, mas morando aqui você acaba cuidando um pouco mais com o que veste dependendo do local por uma questão de respeito”, comenta.
Vida noturna animada
Depois dessa atenção à cultura local, no dia a dia as coisas fluem com naturalidade – ainda mais porque estrangeiros representam 85% da população de Dubai, trazendo muita abertura ao conservadorismo.
“Também há uma cultura muito grande de festas, que me surpreendeu muito. Antes de vir pra cá não pesquisei muita coisa e na minha visão de mundo árabe, tudo era Haram (pecado). Dubai se mostrou muito diferente do que eu esperava. Aqui tudo é proibido, mas acontece de alguma forma, bem parecido com o jeitinho brasileiro”, comenta, rindo.
Sol que ajudou na adaptação
Lari adora praia e calor. No meio do deserto, isso é o que não falta. O clima é um dos fatores que ajudaram a se integrar com ainda mais facilidade à cidade.
“Acordar com o astro rei brilhando lá fora me dá muita energia, mesmo que no verão faça calor de 50 graus”, comenta.
O começo teve desafios, mas essa grande comunidade internacional torna as pessoas, todas longe de casa, mais propensas à integração e às novidades.
“Sou uma pessoa muito adaptável, por isso não senti muita dificuldade apesar de várias coisas serem bem diferentes do Brasil”, destaca.
A saudade aperta pela família, amigos, natureza exuberante do país, comidas brasileiras, frutas e verduras fresquinhas e por aquela “cervejinha a preço de banana no boteco da esquina”. Mas tem muitos pontos positivos.
“Fiz bons amigos, estou me desenvolvendo profissionalmente e tenho aquela sensação de que a vida é mais aproveitada no exterior. Um sentimento de que isso é temporário e por isso me arrisco mais, aprendo mais e digo sim para todas as oportunidades e aventuras”, reflete.
O inglês é o idioma mais falado, por isso a comunicação não foi problema. Dubai é tão preparada para receber pessoas de fora, revela Lari, que até as fachadas de estabelecimentos têm versão árabe e inglês.
“O árabe está presente em todo lugar, mas é apenas falado entre os locais ou pessoas mais velhas”, explica.
Insha'Allah!
Arranha céus, carros importados em toda esquina, prédios luxuosos e até revestimento de ouro nas paredes.
“Aqui tudo tem que ser o melhor ou maior, eles adoram um Guinness Book. De único hotel 7 estrelas do mundo, até o maior shopping e maior prédio do mundo, tudo é bem fora do comum, especialmente pra quem vem de Jaraguá do Sul”, conta.
O custo de vida é alto – alugar um imóvel, alimentação e comprar bebidas alcoólicas, praticamente tudo importado, é caro. Em contrapartida, os salários tendem a acompanhar.
Além disso, Lari conta que existem muitos eventos gratuitos, promoções, noite para mulheres com bebida e comida de graça e, como destaca, tem gasolina a centavos.
Coisas do dia a dia
Fora o trabalho, Lari conta que gosta muito de ir a praia, participar de aulas de yoga, acrobacias, dança e outras diversas atividades físicas, explorar novos cafés e restaurantes e visitar lugares com uma “vibe mais artística”.
Ela gosta de perceber essa vibração que a diversidade cultural traz à cidade e, especialmente, como as pessoas conseguem viver em harmonia.
Também aquelas coisinhas diferentes na rotina, peculiaridades culturais que só quem vive no lugar nota.
“Chama atenção, é claro, a quantidade de mesquitas espalhadas pela cidade e ouvir o chamado para oração. Depois de um tempo você acostuma, assim como o barulho do trem em Jaraguá”, brinca.
Os feriados são sempre relacionadas com a mudança de fase lunar, o que faz caírem sempre em dias diferentes. Lari conta que às vezes a data só é confirmada com um dia de antecedência.
“Outro fato curioso é que aqui a semana começa no domingo e os dias de folga são sexta e sábado”, conta.
Muita segurança
A qualidade de vida é um dos pontos altos da cidade que tem mais de 3 milhões de habitantes, segundo dados de 2018. Além do acesso a todas as possibilidades de uma metrópole, o destino oferece tranquilidade.
“Vivo em uma cidade grande com a paz e segurança do interior, podendo andar na rua às 3h da manhã sozinha mexendo no celular”, comenta Lari.
E mesmo estando em um ponto do planeta tão noticiado pelos conflitos políticos e sociais, é muito diferente da percepção de guerrilha que chega por aqui.
“Por incrível que pareça a rotina em si não afeta não. Os Emirados Árabes Unidos evitam voos para alguns países, mas nunca ouvi falar de nenhuma ameaça ou coisas do gênero”, pontua.
Umas dicas turísticas
Quem está pensando em viajar para Dubai – alguém já quer se mudar? – vai ficar agora com algumas dicas de quem já explorou bastante a cidade. Pedimos uma sugestão de gastronomia e de programa.
A jaraguaense revela que você encontra por lá comida de todas as culturas, mas estando em um país árabe, ela indicou uma visita ao restaurante libanês Zaroob para apreciar hummus (pastinha de grão de bico), falafel (bolinho de grão de bico), fatoush (salada), halloumi grelhado (queijo) e manaeesh de akawi (queijo) com zaatar (uma mistura de temperos).
“Sobre um programa imperdível, se você tiver oportunidade de saltar de paraquedas no topo das palmeiras, faça! A sensação é indescritível e a vista incomparável”, comenta a aventureira.
Outra dica é visitar a parte antiga da cidade, Old Souk e Deira. “É possível ter um gostinho da antiga Dubai”, revela.
- Quero viver em Dubai!
Lari conta que até pouco tempo atrás os brasileiros tinham que comprar visto até mesmo para visitar os Emirados Árabes Unidos, mas recentemente foi assinado um acordo bilateral isentando cidadãos dos dois países.
Agora brasileiros podem entrar, sair e circular livremente por um período de até 90 dias a cada 12 meses, sem burocracia ou pagamento de taxas.
“Quanto à vistos de trabalho, acredito que esse seja um dos países mais fáceis de obter dado o fato que poucas pessoas pensam em viver por aqui (por N motivos) e por isso, o país facilita bastante a entrada de estrangeiros”, destaca a jaraguaense.
Como no caso de Lari, os vistos de trabalho costumam se bancados pelas empresas contratantes e são válidos por dois ou três anos.
Ela ainda explica que existe a opção de comprar um visto de freelancer ou ter um visto de trabalho atrelado à esposa ou esposo.
Quer saber alguma particularidade da vida em Dubai ou só acompanhar as aventuras da Lari por lá? Ela está aberta para interagir com a galera, é só mandar um oi no perfil dela no Instagram: @lari_neumann
Sobre o artigo que você leu
“Jaraguaenses Pelo Mundo” é uma série que compartilha com vocês tudo que passaram pessoas que optaram sair de nossa cidade para viver no exterior, e assim inspirar quem mais tem esse sonho. Conhece alguém com uma história legal pra compartilhar?
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