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Um lugar paradisíaco cercado pela natureza e uma gruta milagrosa. Cenário perfeito para um enredo repleto de fé e mistérios que há mais de 100 anos comoveu os moradores da região da Serra do Mar, em Corupá, e que atrai fiéis cheios de devoção em busca de milagres.
O ano era 1917, mas até hoje o legado deixado por três crianças ainda intriga quem passa pela localidade. Quem preserva a história é Norivaldo Packer, filho de Emma Heller, uma das crianças que vivenciou a aparição.
Na época, o avô de Packer era produtor de melado no município. Ele precisava de algumas frutas para compor e dar o toque especial para a receita que pretendia fazer, quando pediu para a filha Emma ir buscar os ingredientes.
Segundo Norivaldo, Emma chamou a irmã Adele e uma prima, Elvira, para ir com ela. Quando chegaram no local, Emma decidiu mostrar a cachoeira e uma rocha de granito escavada pela água para a prima, que morava em São Bento do Sul, e até então não conhecia as belezas naturais da cidade.
“Aqui embaixo tem uma cachoeira muito linda, vamos lá ver”, dizia Emma.
As crianças desceram até a gruta e foi neste momento que Emma teria avistado as imagens de Jesus e Maria sobre a água. O brilho das vestes e as presenças flutuando sobre o rio fizeram Emma paralisar, deixando-a sem fala por alguns instantes.
Logo atrás de Emma, vinha Adele que relatou ter visto apenas alguns raios de luz coloridos. A prima Elvira, que nunca esteve naquela localidade, perguntou se as imagens projetadas sobre as águas cristalinas sempre estiveram presentes ali, confirmando que também vislumbrou a aparição.
Neste momento, conforme relatou a mãe de Norivaldo, Jesus virou a cabeça para o lado e as três garotas correram assustadas.
“Me lembro perfeitamente quando minha mãe falava a respeito desta aparição, seus olhos brilhavam”, conta. “Ela sempre mencionava que Jesus não apareceu por acaso, mas para derramar graças ao povo sofrido”, acredita.
Ponto virou rota de peregrinação
Dentista aposentado, Norivaldo Packer não vive mais na cidade, mas gosta de relembrar os momentos que passou durante a infância. Ainda pequeno, ele sempre ouvia a história sobre a aparição. Os anos foram passando e o aposentado ficava mais intrigado com o caso.
“Há algum tempo fui para Portugal e percebi que a situação que aconteceu na Cova da Iria se assemelhava demais com o que minha mãe passou. Nessa aparição, também estavam presentes três irmãos e Lúcia tinha a mesma idade de Emma”, conta Packer.
Ele se refere a história que ficou conhecida como “Os Videntes de Fátima”. Nossa Senhora do Rosário teria aparecido no dia 13 de maio de 1917 para três crianças. Os pequenos Lúcia, Francisco e Jacinta guiavam um rebanho quando o “milagre” ocorreu. Assim como a aparição de Corupá, apenas duas crianças da Cova da Iria viram com clareza a imagem da Santa.
Com a intenção de realizar o desejo de sua mãe, Nori, como é chamado pelos mais íntimos, construiu um pequeno altar na gruta com a ajuda do pai. Na época, o local não possuía um caminho de fácil acesso.
“Tínhamos que descer em uma corda carregando as pedras, cimento e tijolos nas mãos”, relembra o aposentado.
Somente anos mais tarde, a Prefeitura tomou conhecimento da gruta e instalou uma viga para que os fiéis pudessem visitar o local. Coincidência ou não, a família Packer revela que assim que a imagem foi colocada na gruta, milagres teriam começado a se manifestar na cidade.
Uma das bençãos teria acontecido em um dia de chuva, quando um sobrinho de Nori tombou uma carreta em um barranco. Segundo relatos, o jovem caiu em um buraco e o trator, por sorte, parou em cima da cratera.
“Tem uma senhora de 90 anos que vem todos os anos de Curitiba agradecer porque foi curada de um câncer. Tem muitas histórias e podem existir mais milagres que a gente não fica sabendo”, analisa o aposentado.
A gruta
A energia do lugar impressiona pela sensação de acolhimento. O som dos pássaros e da água torrencial da cachoeira fascina a todos que visitam a gruta.
O alter, desgastado pelo tempo, dá sinais de que precisa de uma restauração. Isso, porém, não inibe os religiosos e os mais corajosos que vão até lá em busca de renovação espiritual ou para realizar alguma promessa.
Apesar de toda a história por trás da aparição de Jesus e Maria para três crianças já ter completado mais de 100 anos, foi somente nos últimos dois que a gruta passou a receber milhares de fiéis.
Quando chega o dia 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida, grupos religiosos percorrem o trajeto rumo à gruta a pé segurando velas e imagens de santos.
Corupá possui atrativos naturais muito fortes, da natureza exuberante da Mata Atlântica e da paisagem da Serra do Mar. Agora a cidade pode garantir um fluxo de turistas devotos.
De acordo com Norivaldo, cerca de 2 mil pessoas de todo o Brasil passaram pelo local.
Como chegar?
Para visitar a gruta, basta seguir pela estrada Ribeirão Correias, em Corupá. O local fica a 400 metros de um depósito de bananas, onde à direita da rua tem uma escada de concreto que dá acesso à gruta.
Sobre o artigo que você leu
“Descobrindo a Região” é uma série sobre aquelas pérolas pouco conhecidas do turismo regional. Refúgios, roteiros, paisagens, restaurantes legais, eventos típicos etc. Aqui sempre vai ter algo que possa te inspirar a um passeio que não exija ir muito longe.
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