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Aos fundos do imponente prédio do Seminário Sagrado Coração de Jesus, em Corupá, o movimento em prédio cercado pela natureza pode passar despercebido, mas o cheiro de parafina junto à atmosfera religiosa dá a dica sobre o que acontece ali dentro.
São apenas 3 funcionários dando conta da produção da Velas Seminário de Corupá, que é totalmente artesanal – até os processos que contam com máquinas exigem o comando manual e o olhar atento.
São fabricadas tanto velas comerciais, aquelas de várias cores que vão para o supermercado, como linhas especiais para atender demandas específicas de igrejas por todo país.
O gerente geral Vinicius Romanovicz comenta que os produtos atendem desde as paróquias regionais até encomendas e varejo por toda Santa Catarina e outros 9 estados brasileiros.
A média de produção varia conforme a demanda, pois além dos modelos pré-determinados, por ter um processo tão artesanal, a empresa também atende pedidos personalizados, de acordo com as preferências dos clientes.
Existem datas mais específicas onde as vendas alavancam, afirma Romanovicz: nas festividades de São Brás, celebrada em fevereiro; período Pascal, finados e advento. As mais vendidas são as robustas velas votivas, chamadas popularmente de velas de 7 dias.
A fábrica possui mais de 30 anos de mercado, antes pertencente à família Dorigatti de Jaraguá do Sul. Em 2008, a Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus comprou a empresa e maquinário e transferiu para o Seminário.
Dia de produção
A principal matéria-prima para produzir as velas é a parafina, junto com os pavios de algodão e corantes no caso das coloridas.
Diariamente, logo cedo, às 7h da manhã, a rotina começa quando a caldeira é acesa. A estrutura de ferro data de 1925 – era uma locomotiva alemã que foi transformada em caldeira. Uma verdadeira relíquia que já fazia parte do inventário da fábrica.
O fogo é acendido e as lenhas vão queimando até atingir a temperatura ideal para derreter a parafina nos tachos.
Existem vários feitios. As velas de macho contam com uma máquina refrigerada a água, é uma espécie de forma gigante onde é colocada a parafina e depois de curadas, uma manivela é girada para que elas subam.
Os modelos padrão de 7 dias também são feitos assim. Já algumas velas maiores, feitas sob encomenda ganham formas personalizadas e é o ventilador que ajuda no processo de cura.
O processo mais inusitado de todos é a produção da vela pingada, também chamada vela cônica ou antiga.
Não existe forma: os pavios são pendurados em pedaços de ferro que são manuseados por um profissional que mergulha os fios na parafina. Para uma vela de 2 centímetros, o movimento é repetido entre 40 a 60 vezes.
“Ele vai fazendo a imersão dela, então é tipo uma cebola, ela vai criando camadas. Quando a vela queima, ela acaba em 0. Ela não escorre e não sobra parafina, é uma queima perfeita”, comenta Vinicius Romanovicz.
Segundo Edeson de Oliveira Mossolin, que trabalha há anos na fábrica, o processo precisa ser levado com um certo ritmo.
“Não pode fazer rápido, se apura demais ela fica fina embaixo, a gente não vê, mas se eu der uma paradinha, já fica uma marca na vela. Não foi fácil até aprender”, comenta.
Esse modelo também é feito de diversos tamanhos, desde as comuns para castiçais, até de tamanhos gigantes ou bem fininhas, normalmente para serem usadas em procissões – como elas não escorrem, podem ser levadas na mão.
O restante do processo também é todo manual, separação, corte, embalagem e rotulagem.
Na região, as velas do Seminário são encontradas em alguns mercados, na Livraria São Sebastião – que pertence à Congregação – e na lojinha anexa à fábrica, que funciona de segunda a sexta.
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