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Com apenas 10 anos, Isabella Lux adora a natureza, gabarita prova de matemática, é a mais estudiosa da turma e uma leitora apaixonada.

Há muito a ser dito sobre a menina de longos cabelos loiros e personalidade ávida antes de citar o que, para muitos, poderia ser a principal característica dela: a deficiência visual.

A mesma inteligência com que domina o conteúdo dá à Isabella – ou melhor, à Bella, como prefere ser chamada – a capacidade de decifrar o mundo de formas mais significativas do que muitas pessoas que têm a visão intacta.

Uma delas é a leitura. Bella já deu conta de ler todos os livros e revistas disponíveis em Braille na escola Albano Kanzler e a maioria da Biblioteca Municipal.

Ninguém sabe dizer ao certo quantos foram, mas deve passar da centena.

A fluência de Bella na hora de ler impressiona os professores

“E foi só com esse dedinho aqui”, conta a menina com bom humor, mostrando o indicador da mão direita.

Foi muito treino para que ele fosse capaz de percorrer as linhas pontilhadas com velocidade.

A mãe Lediane Lux conta que o interesse de Bella foi grande, especialmente a vontade de conseguir ler rápido. Agora, ela emociona todos que podem ouvir sua leitura fluida.

“Enquanto ela não termina, ela não sossega. Quer continuar porque quer ver o final da história”, comenta a mãe. “Ela sabe coisas que às vezes a gente não sabe porque não temos o hábito de ler”.

A pedagoga de educação especial, Neide Capelari, foi responsável pela alfabetização de Isabella em Braille no pré-escolar, com cerca de 6 anos.

O trabalho aconteceu dentro de um dos 18 núcleos de Atendimento Educacional Especializado (AEE) que existem na rede municipal de educação.

Neide conta que na primeira fase do ensino, onde são estimulados os sentidos, especialmente o tato no caso dos deficientes visuais, existe uma resistência natural dos alunos.

“Quando a Isabella entendeu o sentido do código, demonstrou essa habilidade e interesse bem grande. A letra representa o que a gente fala e o que a gente pensa. Quando ela entendeu tudo isso, ela deslanchou, foi muito rápida”, relembra a pedagoga.

Dedinho indicador de Bella decifra os pontinhos do alfabeto em Braille

E desde então, não parou mais. As quartas-feiras são esperadas ansiosamente por Bella por um ótimo motivo: é dia de trocar os dois livros emprestados semanalmente e levar leitura nova para casa.

A quantidade de títulos que parecia grande, agora é pequena, dada a velocidade com que a menina chega à última página.

E é difícil ter acesso a volumes em Braille, exemplares mais acessíveis, como a Revista Pontinhos, chegam pela escola.

“A cada três meses vem dois livros que têm tudo, trava língua, história, estudo científico”, comenta Bella, mas ela poderia ler muito mais. “Qualquer livro eu gosto”.

Uma bela surpresa

O susto foi grande no momento em que família soube que Bella não iria enxergar. A menina tinha por volta de quatro meses quando os procedimentos feitos para reverter o deslocamento de retina, chamado retinopatia da prematuridade, se mostraram em vão.

Haviam sido meses de muita batalha para a mãe Lediane e os avós Adolar e Matilde Lux.

Foi o nascimento prematuro da pequena, em consequência de um infecção urinária não notada pelo médico; o diagnóstico tardio da retinopatia e um provável erro médico na primeira cirurgia feita para mudar o quadro.

O desenvolvimento da filha deixa a mãe orgulhosa
Bella com o recém-chegado irmãozinho Matheus

“Meu medo eram os estudos mesmo. A gente se preocupava, pensava como iria ser. Todo mundo sofreu muito”, ressalta.

Mas aos poucos, relembra a mãe, a própria Bella foi mostrando a capacidade e iniciativa para fazer as barreiras desaparecem.

“Eu fico emocionado. Quando ela nasceu, todo mundo achou que era o fim do mundo. Mas a gente estava enganado. Ela é igual a gente, não tem diferença.” comenta vô Adolar, enxugando as lágrimas dos olhos. “Eu, na realidade, nunca tinha conhecido uma pessoa deficiente visual, nunca tinha conversado. A gente não fazia ideia de como uma pessoa deficiente visual poderia se virar”.

No que depende de Bella, ela se vira muito bem, obrigada. A casa onde vive com os avós, a mãe, o irmão recém-nascido, Matheus, e o padrasto, Silvano, ela conhece de cor.

Anda de um lado pro outro. Sobe, desce escada. Se localiza muito bem. Para facilitar essa orientação, a família toma o cuidado de manter as coisas em lugares pré-determinados.

Bella garante estar bem resolvida com a deficiência visual e trabalha naturalmente os demais sentidos

Na primeira infância, a menina tinha cerca de 10% de visão e conseguia distinguir cores. Bella chegou a aprender a escrever com papel e lápis.

Agora, ela consegue apenas perceber a claridade. Mas outros sentidos foram se apresentando, como a excelente audição e tato.

“Antes eu via vulto. Agora eu sinto. Parece que tem uma coisa dentro do meu corpo que sente”, conta Isabella. “Uma vez eu fiz um teste com a porta. Antes de ela encostar, eu senti que ela estava vindo”, explica sobre a capacidade de perceber tão bem as coisas ao redor.

  • Coisas de Bella

Sentada na beirada esquerda da cama do vô Adolar, que está acamado se recuperando de uma cirurgia, Bella escuta quietinha a entrevista se encaminhando enquanto dá carinho ao seu galo garnizé, chamado Dedé. Então, pergunto sobre a relação avô e neta.

Adolar: Ela gosta muito do vô, não é?
Silêncio.
Adolar: Gosta mais do galo ou do vô?
Bella: Ih, ferrou.
Adolar: Ah, o vô já sabe… Do galo, né?
Bella: Do galo. Mas o vô, da família, assim, o que eu mais gosto é do vô.

Encanto pelos pássaros

Esperando o passarinho Teco mostrar seu "belíssimo" canto, que ela sabe imitar

O galo Dedé, as galinhas Luciana e Bicuda, os pássaros Teco, Tico Velho, Tico Novo e Didi são personagens das manhãs de Bella.

“Na verdade eu gosto da pena deles, da voz, do canto, eu adoro passarinho”, comenta a menina. Para ela, não tem beleza igual.

Mas além de gostar, Bella sabe, como ninguém, distinguir seus cantos e pio.

Caminhando pelo terreno de casa, vira a cabeça para o lado e declara: “Tem uma andorinha ali”. E tem mesmo, repousando tranquilamente sobre o fio de luz a poucos metros.

A habilidade vem desse convívio tão próximo com os pássaros, que oferecem com seus cantos uma forma de apresentar para Bella a pluralidade da natureza. 

“Esse é o Tico Novo. Esse Tico aqui misturou dois cantos. Ele tinha um canto já e acabou pegando o canto do Didi, misturou os cantos e ficou um canto lindíssimo”, comenta a menina.

Todos os passarinhos que encantam os dias da menina

Aproveitando esse interesse todo, a pedagoga do AEE, Evanise Canzian, que acompanha Bella atualmente com aulas no contraturno, começou a estimular essa habilidade.

“A Isabella não precisa desse trabalho porque ela acompanha todas as disciplinas. Então a gente está desenvolvendo um projeto sobre os pássaros de Jaraguá do Sul, ela gosta muito e precisa desenvolver a audição”, revela. “Ela já sabe distinguir todos”.

O garnizé Dedé é companheiro na hora dos banhos de sol
O canto e as penas são o que ela mais gosta nos pássaros

Mas de todos as aves, o garnizé ganha o posto de melhor amigo.

Bella pega ele cuidadosamente no ranchinho que fica atrás da casa, coloca no braço e começa a acariciar a cabeça. “Ele não bica”, garante.

Ficar com ele na cadeira de balanço da varanda, pegando o sol da manhã, é uma das atividades favoritas da menina, que está entusiasmada com os novos garnizés que chocaram no domingo passado.

  • Coisas de Bella

Converso com mãe e filha sobre os estudos e rotina na escola. Lediane fala sobre toda a dedicação de Bella para acompanhar os estudos no ritmo dos colegas.

Lediane: Uma época se ela tirasse 9 ou oito e meio, ela ficava arrasada. Eu disse para ela: “Filha, não precisa sempre tirar 10, sempre tirar 10, se cobra demais”. Agora ela está mais relaxada, às vezes tira um 8.
Bella: Mas tô querendo ficar 7 – diz ela rindo.
Lediane: Nãããão – responde a mãe, meio assustada.
Bella: Teve uma prova que eu fiquei, ó, felizona que eu tirei 6.
Natália: Era prova de quê?
Bella: Eu acho que, não sei se era de geografia ou era de história.
Natália: E porque você ficou felizona?
Bella: Ah, porque eu tiro muito 10, muito 8, muito 9, né. Muita nota alta.

Destaque na turma

Quando chega a tarde, é hora de Isabella frequentar as aulas do 5º ano da escola Albano Kanzler. Quem costuma levar é o avô Adolar. Na sala de aula, ela domina as matérias e é uma das melhores alunas da turma.

“Ela tem uma facilidade de compreensão. A deficiência dela não impede em nenhum momento. Eu me sinto deficiente porque ela escreve perfeitamente no Braille e eu não consigo ler o que ela escreve. Ela digita na máquina e lê para nós depois, em uma fluência perfeita”, destaca a professora da turma, Jany Ribeiro.

Na sala de aula, digitando as lições que são ditadas por Greice
A prefessora Jany ressalta o desempenho acima da média para crianças da idade

No centro da sala com sua máquina de Braille, Isabella é acompanhada na sala pela estagiária Greice de Almeida, que é responsável por ditar coisas que são passadas no quadro e traduzir situações que são muito visuais, mas nem sempre é preciso.

“É surpreendente em matemática, até o tema que a professora está estudando com as crianças, que é fração, para conversar com ela eu explico uma, duas vezes, ela pega, os outros precisam do desenho”, revela Greice.

A capacidade de superação e interesse da aluna é consenso na escola.

A diretora Marcilene Campregher ressalta como os avanços da inclusão podem diminuir barreiras, mas muito ainda precisa ser feito para que pessoas inteligentes como a Bella possam desenvolver seus potenciais.

Evanise é responsável pelo AEE na escola e atende Bella e outros 18 alunos
Diretora Marcilene fala do orgulho de ser uma escola inclusiva

A escola Albano Kanzler conta com 19 alunos portadores de deficiência, desde física, intelectual, auditiva a visual.

Segundo Marcilene, na prática, depende muito da vontade dos profissionais em adaptar conteúdos e ações que ainda não são pensadas num contexto inclusivo.

Um exemplo são simulados com desenhos que impedem Bella de resolver a questão. Na última ocasião dessas, a aluna gabaritou todas as questões que teve condição de responder, ficaram 3 de fora: as que ela não poderia desenvolver sem ver.

  • Mais de 400 alunos inclusos na rede municipal

Bella faz parte de um universo de 400 alunos que fazem parte do Atendimento Educacional Especializado (AEE) da Secretaria Municipal de Educação. Cada um, como qualquer aluno, com um universo de capacidades a serem estimuladas.

O Município oferece uma equipe multidisciplinar que presta assessoria às unidades escolares. São 18 pólos de atendimento com pedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos, entre outros profissionais.

Segundo a coordenadora do AEE, Kathlen Hass Da Rocha, o programa está alinhado com uma lei federal e existe há 17 anos em Jaraguá do Sul .

Apoio e faltas

Aos 10 anos, Bella domina seu universo. Mas no horizonte da família, sempre existem as ansiedades para que o mundo possa dar conta de receber todo o potencial da menina.

Para isso, é preciso ajustar detalhes que são pensados sem enxergar a pluralidade.

O avô destaca que Bella surpreende e mostra independência. “Dá muito orgulho para gente. Aqui dentro de casa ela faz de tudo. Tem uma cabeça que guarda tudo, nomes, telefones, é difícil de esquecer”, comenta.

Na escola Albano Kanzler, Bella é guiada por Greice
Ao invés de caderno convencional, as folhas vão para o fichário

No entanto, a falta de estrutura da cidade e da própria sociedade para receber deficientes visuais ainda precisa mudar.

“A gente aqui em Jaraguá do Sul é bem atendido na escola, mas não tem um lugar que prepare o deficiente visual”, ressalta Adolar.

Lediane também sente essa dificuldade, narrada por outras pessoas na mesma situação. Para aprender a usar a bengala, Bella precisa ir a Florianópolis.

A situação dos ônibus com acessibilidade e preparo para o atendimento e a falta de calçadas realmente adaptadas é outro ponto – só o piso tátil instalado de forma correta, exemplifica a mãe, daria condição para a menina, no futuro, andar sozinha.

“Eu quero que ela faça uma faculdade, que tenha um bom futuro”, afirma a mãe.

  • Coisas de Bella

No momento o desejo de Bella é ser DJ. O assunto surge entre risadas, mas ela logo revela detalhes de como acontece esse trabalho, das mesas de som utilizadas e da vontade de tocar música eletrônica. O nome está decidido: DJ Alux, uma mistura do próprio sobrenome com a primeira letra do nome do artista que ela mais gostava, Alok – agora o preferido é o DJ Valtinho.

Sorriso de Bella ao falar sobre a vontade de aprender a ser DJ

Amigos por onde passa

É fácil passar horas conversando com Isabella Lux. Fluente e muito sagaz, está sempre pronta para emendar algum assunto e mostrar suas aptidões, especialmente relacionadas aos pássaros.

Um dos entusiastas é o amigo Nelson Pereira, conselheiro editorial do OCP e que nos apresentou à menina, encantado por suas habilidades e personalidade desde o primeiro encontro, em uma festa em que conheceu a família de Bella.

Amor pelos livros aproximou Nelson e a pequena Isabella

Dali, virou uma grande amizade. Bella até decorou a música, com versos singelos, improvisada por Nelson para ela: “Abri a janela, e vi uma flor bela, sabe qual era o nome dela, Isabella”, relembra.

Também anuncia, com alegria, que o amigo encomendou dois livros novos para ela, que estão vindo pelos Correios.

Para Nelson, esse encontro deu mais dimensão para sua vida. “Ela nasceu de parto prematuro, como se o mundo precisasse dela com urgência. Ao trocar as primeiras palavras, tive certeza disso”, afirma. “A Bella é especial e o mundo dela também. Me fez ver o quão cego sou para o mundo”.

Sobre o artigo que você leu

Se emocionou com a história da Isabella Lux? Sabemos que essa menina inspiradora representa inúmeros casos de superação. Você conhece alguém com uma trajetória que vale a pena ser contada? Deixa um comentário ou manda um e-mail pra gente!

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