• Início
  • Categorias
    • Cotidiano
    • Viver
    • Pessoas
    • Todos artigos do site
  • Séries
    • Antigamente em Jaraguá
    • Avós de Jaraguá do Sul
    • Como Vai Você?
    • Curiosidades Daqui
    • Descobrindo a Região
    • Faça Você Mesmo
    • Jaraguaenses Pelo Mundo
    • Larguei Tudo Para…
    • Na Minha Pele
    • Quem São Esses Jaraguaenses?
    • Turistando Por SC
    • Todos artigos do site
  • Sete Melhores
  • Contato
Menu
  • Início
  • Categorias
    • Cotidiano
    • Viver
    • Pessoas
    • Todos artigos do site
  • Séries
    • Antigamente em Jaraguá
    • Avós de Jaraguá do Sul
    • Como Vai Você?
    • Curiosidades Daqui
    • Descobrindo a Região
    • Faça Você Mesmo
    • Jaraguaenses Pelo Mundo
    • Larguei Tudo Para…
    • Na Minha Pele
    • Quem São Esses Jaraguaenses?
    • Turistando Por SC
    • Todos artigos do site
  • Sete Melhores
  • Contato
Search
Close

Divertir. Informar. Conscientizar. Compartilhar.

casa-schmitz-jaragua-sul-aurea-loja-calcadao-marechal
  • Pessoas
  • Artigo da série Como Vai Você?

Casa Schmitz: filha relembra dedicação familiar por trás de loja que marcou o Calçadão da Marechal

  • por Natália Trentini
  • 13/02/2020

Compartilhe este conteúdo agora:

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on email
Share on print

“Diz que meu pai fez uma encomenda de pregos e quando chegou aquele carregamento, veio pelo trem, meu Deus, foi um absurdo, colocaram um zero a mais na quantidade. O sogro dele, o meu avô, dizia: ‘O Waldemiro é louco’.

E como ele vai pagar tudo isso? Como vai vender tudo isso? Era prego pro resto da vida, não ia conseguir vender. Mas durante a Segunda Guerra faltou pregos, e ele vendeu para o Brasil inteiro e ganhou muito dinheiro. Minha mãe sempre contava. Aí ele comprou na Marechal Deodoro e construiu rapidamente o sobrado de dois andares”.

É com essa história espirituosa de um zero e muitos pregos que Áurea Schmitz, 63 anos, começa a falar do lugar onde passou várias fases da vida.

Dos poucos registros históricos, as três janelas superiores da Casa Schmitz aparecem acima da copa das árvores. Foto: Arquivo Histórico de Jaraguá do Sul
Entre as fachadas modernas, o casarão se mantém e chama atenção pela arquiteutra dos anos 50

As portas da frente davam para a Avenida Marechal Deodoro da Fonseca pavimentada de paralelepípedos, bem em frente a Prefeitura, e as vitrines chamavam os clientes que passavam pelo centro de Jaraguá do Sul.

Por cerca de 60 anos, a Casa Schmitz abasteceu os moradores com itens diversos – especialmente louças, panelas, potes, bacias, brinquedos, até foguetes, armas e munições. Muitas raridades do estoque da loja, coisinhas comuns do dia a dia, Áurea mantém até os dias de hoje.

Belos cristais eram encontrados na loja. Foto: Natália Trentini

Negócio de família

Áurea foi a quinta filha do casal Waldemiro e Hildegard Leutprecht Schmitz – que depois dela ainda tiveram dois filhos.

A história da loja se mistura com a da família de Hildegard. Áurea conta que o avô Inácio, vindo de São Paulo com tino para vendas de secos e molhados e aptidão como queijeiro, aqui acabou seguindo nas vendas de “fazenda”.

No casarão da esquina da Marechal com a João Zapella, também tombado como Patrimônio como a Casa Schmitz, ficava a chamada Casa Leutprecht.

Casa Leutprecht vendia "fazendas". Construção é de 1939
Estrutura segue de pé na esquina da Marechal com a João Zapella

Era o lugar onde se encontrava tudo para costura: tecido, linha, agulha, botões – em uma época em que toda roupa era feita na costureira. A herança desse negócio sobrevive na Loja Dona Hilária, que carrega o nome da tia de Áurea que trabalhou anos com seu Inácio.

Dessa mesma forma, muitos irmãos de Hildegard seguiram no ramo das vendas. E ela, ao lado do marido e dos filhos, conforme iam crescendo, mantinha o negócio em funcionamento.

Um jovem Waldemiro na foto para o certificado de reservista, tirada quando ainda morava na cidade de São José

Áurea lembra de trabalhar na loja desde os 12 anos. Do quarto dela e de três irmãs, no segundo andar, lembra de ouvir as batidas do pai no teto – o chamado para descer e ajudar.

“Meu pai tinha um pegador para pegar as coisas do alto e descer, uma coisa com mola, dois cabos de vassoura que ele inventou, ele pegava aquele troço e batia lá no forro”, conta.

O grandioso casarão de 360 metros quadrados abrigava loja embaixo e família vivia no andar de cima. Foto: Arquivo Histórico de Jaraguá do Sul

Para ela, atender as pessoas, fazer pacotes de presentes, foi se tornando uma verdadeira habilidade – e aos poucos foi nascendo uma vendedora de mão cheia.

Como três irmãos mais velhos saíram de casa para estudar e uma irmã foi criada pela avó, entre os mais velhos, foi ela quem acabou ficando mais tempo ligada diretamente com a loja.

Rotina de outros séculos

A Casa Schmitz começou oficialmente numa salinha do avô Inácio, na rua João Zapella. Depois veio a mudança, entre 1954 e 1955 para a Marechal.

Registro do imóvel de 520 metros quadrados, com casa construída em 1954. Foto: Arquivo Família Schmitz

O prédio de 360 metros quadrados era local de trabalho e residência. Embaixo, na parte da frente, ficava a ampla loja. Atrás tinha sala de jantar, de visitas e cozinha. Em cima tinham os quatros e Áurea lembra do imenso banheiro.

Mesmo com o depósito da loja nos fundos e lavanderia, ainda sobrava muito terreno.

“E na lateral da casa o pessoal vinha sábados e domingos, tocava a campainha para comprar fogos. A gente vendia o tempo todo, até deixava separado porque todo mundo queria. Era uma loucura”, conta. “A gente deixava uma pilha de foguetes e passava pela janela. Eles entregavam dinheiro e a gente passava os fogos”.

A jovem Áurea na lateral da casa, onde o pessoal entrava para pegar os foguetes pela janelinha. Foto: Arquivo Família Schmitz
Atualmente a entradinha lateral usada nos fins de semana pelos clientes virou quiosque para o sorveteiro

Áurea viu a loja ir dos dois extremos: do crescimento para ter cada vez mais coisas diferentes para oferecer aos clientes, até a redução, pouco a pouco.

“Louças, panelas, foguetes, armas e munições, porcelanas, cristais, brinquedos, cada vez foi ampliando mais. Depois cada vez foi se eliminando, primeiro em 1980 ‘e pouco’ a gente deu baixa em armas e munições, depois começamos a parar com os plásticos, quando surgiu as lojas de 1,99, não vendia mais, antes vendia bacias, banheiras”, comenta.

Panelas que eram vendidas na loja, essas com mais de 40 anos e ainda fortes e na ativa
Potes plásticos do acervo da Casa também resistem ao tempo e parecem que foram "comprados ontem"

Depois, com grandes lojas especializadas como a Color na cidade, também pararam de vender os brinquedos.

“Antigamente armas e munições, fogos de artifício e redes para pesca era o que mais se vendia. E brinquedos, brinquedos era uma loucura”, conta.

Na época que antecedia o Natal, ela lembra que a loja fechava por volta das 8 horas e ficavam até meia noite repondo as prateleiras. Algo que lembra com muito alegria: anotar o que faltava, ir ao depósito e repor as caixas enormes em seus devidos lugares.

Nos últimos anos ficaram as panelas, cristais e porcelanas, que vendiam muito.

  • A caravana da identidade

Áurea conta que vender armas e munições exigia muito rigor. Por muitos anos ela foi encarregada de fazer os chamados mapas, que eram entregues ao então Ministério da Guerra mensalmente.

Era um inventário que precisava ter minuciosamente o estoque dos itens na loja. A cada três meses, era feita uma contagem – todos os números precisavam bater.

Áurea mostra o documento que precisava ser entregue para o Ministério da Guerra
Iventário de julho de 1976 constava 10 revólveres calibre 22 e duas espingardas calibre 16

Da mesma forma, tinha todo um processo para comprar uma arma. Uma das exigências era ter carteira de identidade – numa época em que quase ninguém tinha.

Para isso, eles foram empreendedores. Organizavam idas para Joinville, cerca de duas por semana, para emitir as identidades na Delegacia Regional de lá, já que aqui não havia o serviço.

Filhos formados

Estar na Casa Schimitz fazendo as vendas era uma das alegrias de Waldemiro. Ele vivia no estabelecimento e gostava muito de ficar na frente da porta observando a saída da escola.

“Era a vida dele na loja, sempre. Minha mãe também, mas era mais o pai mesmo. A mãe costurava muito pra gente, cuidava da casa, era muita função”, conta.

E uma das coisas que ele frisava muito, era a importância dos filhos estudarem.

Uma das poucas fotos do conhecido "seu Schmitz"
A costureira e vendedora de mão cheia, Hildegard, já nos anos 2000

“O interesse do meu pai sempre era a faculdade, ele dizia: ‘Uma coisa que eu vou me esforçar para dar pra vocês, um bom ensino é minha herança, porque isso ninguém pode tirar de vocês’”, relembra.

E assim foi, os mais velhos saíram da cidade para completar ensino superior e Áurea até pensou em ir a Curitiba. A ideia era tentar faculdade de direito ou jornalismo na federal, mas os planos mudaram.

“O pai veio e me disse: ‘Áurea, queria te perguntar um negócio, se não for realmente tua vontade em ser jornalista e advogada, você podia ficar conosco e fazer a faculdade que tem aqui, porque a gente precisa de você aqui”, conta.

Áurea já estava namorando sério e por fim decidiu ficar em casa, trabalhando na loja, e acabou sendo aluna da segunda turma da recém fundada Ferj, de estudos sociais.

  • Um jeito de estudar

Com uma casa grande e loja concorrida, muitos funcionários passaram pelo local. Áurea conta que muitas famílias levavam suas filhas para trabalhar ali em troca de estudo.

“As moças que vinham trabalhar na loja vinham dos bairros, Santa Luzia, Nereu”, conta. Elas passavam a semana na casa, faziam os trabalhos e assim tinham como frequentar os anos mais avançados, já que não existia transporte diário para o centro.

“Aos domingo a gente levava elas para casa, para verem os pais. A gente ia lá naqueles terrenos enormes, eles faziam aquele almoço, brincávamos nos riachos, a noite íamos embora, quando não vínhamos cheios de presentes: frango, ovos, essas coisas”, relembra.

No álbum da família, um aniversario que reunia os filhos na sala da casa. Dona Hilde ao fundo

Partida inesperada de Waldemiro

A morte do patriarca da família foi inesperada. Um infarto. Seu Waldemiro tinha 61 anos. Era 1979, um mês antes do casamento de Áurea. “Foi um baque”, comenta.

Com isso, ela conta que a mãe acabou assumindo a loja e tocou o negócio por cerca de 30 anos. Áurea seguiu trabalhando algum tempo depois, mas acabou indo trabalhar na empresa do marido.

Nos últimos anos, os caçulas da família Etel e Paulo que estavam mais ativamente com a mãe, e depois o cunhado Renato – que começou a trabalhar ali e acabou entrando para a família.

A matriarca faleceu em 2010 e a loja seguiu no local por mais dois anos, mas com porte bem menor. O irmão tocou por mais um tempo em outro local e depois fechou.

Nos últimos dias, loja já havia diminuído de tamanho. Foto: Fundação Cultural de Jaraguá do Sul

O casarão foi vendido em seguida para o comerciante Jairo Muller, que anos antes havia comprado a casa ao lado, onde por muitos anos foi a loja Kopman.

A antiga loja Kopmann no Calçadão da Marechal
Memórias de um Calçadão de outras décadas

Como é uma estrutura tombada, ela foi inteiramente restaurada e segue com o vai e vem de vendas e mantém, de alguma forma, uma parte desse capítulo da história da cidade visível a quem passa.

A herança familiar certamente ficou muito além das paredes ainda de pé. Áurea conta que os Waldemiro e Hilde prepararam os sete filhos – a irmã Maria Elisa, em memória – para a vida e, claro, formaram grandes vendedores.

Na foto, a família completa: avó Inácio e avó Elisa Leutprecht; Waldemiro ao lado da filha Maria Elisaa que se casava com Sílvio Gasda; Hildegard de chapéu branco, o mais velho Nelson, Rosecler, Áurea e Rosânela; e as criaças Etelmares e Waldemiro Paulo

Todos tiveram tino para os negócios. Depois da loja, Áurea passou alguns anos trabalhando na empresa Menegotti, mas não era sua paixão.

Depois abriu a loja “Doce Sonho” – nomeada assim porque pelo seu sonho de trabalhar no comércio novamente – que fornecia doces. Hoje ela aproveita a vida que construiu, já aposentada, compartilhando memórias com irmãos, filhos e netos.

Sobre o artigo que você leu

“Como vai você?” é uma série sobre o reencontro com personagens que se tornaram conhecidos em nossa região. São pessoas de quem lembramos vez ou outra, e agora queremos chamar para bater um papo e saber como estão. Você tem um nome para sugerir?

Quero enviar uma sugestão
Quero ver mais como esse

Não esqueça de compartilhar:

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on email
Share on print

Caixa de comentários

VOCÊ TAMBÉM VAI QUERER LER

Cotidiano

As pessoas por trás das ruas mais conhecidas de Jaraguá do Sul

Leia mais +
Natália Trentini 28/07/2019
Pilar ponte Abdon Batista
Cotidiano

A história por trás do pilar no Rio Itapocu

Leia mais +
Claudio Costa 06/06/2016

Assine nossa newsletter

Aqui sim vale a pena! Inscreva seu e-mail e receba nosso conteúdo em primeira mão. Zero spam, pura alegria:

Nossas redes sociais:

Facebook-f Twitter Instagram Envelope

(47) 2106-1919 / (47) 9-9131-6331 (WhatsApp)

R. Bernardo Dornbusch, 1106 – Vila Lalau, Jaraguá do Sul – SC, 89256-184

Desenvolvido por: BW2 Tecnologia
logo-ocp-news

Copyright 2023 © Todos direitos reservados - Por Acaso / OCP News