Compartilhe este conteúdo agora:
Não é só de mochila nas costas que intercâmbios podem acontecer. A jaraguaense Claudia Stein, 35 anos, mostra muito bem isso. Junto com o marido Márcio Iwasaki, 41 anos, decidiu há 3 anos seguir a vontade de experimentar a vida em outro país em família: o destino foi o Canadá.
A mudança aconteceu de fato há 8 meses. Mas na época da decisão a filha mais velha Gabriela, hoje com 4, e a Isadora, de 2 anos, eram pequenininhas. Nesse cenário, muita gente pensa mesmo é em firmar raízes – para o casal, foi hora de ir para o mundo e somar aprendizado.
A escolha de Montreal, na província canadense de Quebec, foi justamente por apresentar um pouco de tudo que eles buscavam.
Possibilidade de estudo para Cláudia, que está fazendo college em educação infantil, trabalho para Márcio, que pela experiência na área de Tecnologia de Informação conseguiu emprego rapidamente, além de toda qualidade de vida proporcionada pela cidade.
Segundo Cláudia, esses meses por lá foram suficientes para a família se apaixonar pelo estilo de vida e extrema receptividade das pessoas. A vontade é trazer um pouquinho de Montreal para o Brasil.
Planejamento para mudança em família
Cláudia vivia em Jaraguá do Sul quando conheceu Márcio numa ida à Oktoberfest em 2003. Ele é de São Paulo. Os dois namoraram por 5 anos à distância até chegar a hora do casamento, quando ela se mudou para a capital. Foram anos numa constante ponte aérea SP-Jaraguá.
Nesse período ela cursou duas faculdades: administração, recursos humanos e duas pós-graduações.
“Eu viajava muito São Paulo e Jaraguá do Sul porque minha família toda é de Jaraguá. Depois de 8 anos em São Paulo a gente começou um projeto de vir conhecer e estudar aqui no Canadá”, comenta.
Foram cerca de 3 anos de preparação para a mudança. “No projeto de mudança ao Canadá precisamos estudar inglês, francês, porque [Montreal] é uma cidade bilíngue”, comenta, isso porque o país foi colonizado por franceses e britânicos.
A dedicação em estudar foi uma das vantagens de Cláudia e do marido, já que falar os idiomas ajuda no processo de imigração.
Outro ponto que exige preparação é financeiro. Ela entrou no país como estudante, por isso precisava comprovar reserva suficiente para permanecer por lá pelo período do curso, de 2 anos, sem necessidade de trabalhar.
Márcio foi com visto de trabalho aberto e rapidamente conseguiu se colocar no mercado local na área de TI. “Essa profissão é de alta demanda aqui”, destaca.
“Eles querem pessoas qualificadas para vir trabalhar aqui. Tem muito trabalho, mas são profissões que demandam qualificação. Tem muitas profissões em alta: toda área de tecnologia da informação, enfermagem eu sei que precisam bastante, e usinagem, mecânico, soldador…”, revela.
Cláudia conta que frequentemente o governo da província de Quebec realiza as chamadas missões para recrutar profissionais no mundo inteiro, de acordo com a demanda canadense. Normalmente duas chamadas são feitas no Brasil por ano, processo que acontece em São Paulo.
As exigências são de muita capacitação na área e, claro, dominar francês e inglês.
Rotina com dois idiomas
Cláudia conta que é possível se virar em inglês ou francês para quem está de passagem por Montreal. Mas viver no país exige saber um pouco das duas línguas.
“É uma província que eles direcionam as pessoas a falar mais o francês, para não perder o francês”, conta. “Montreal é uma cidade considerada grande e tem muito, muito imigrante, então a língua universal é o inglês. Mas para estudar eu estudo em francês e meu marido utiliza mais o inglês no trabalho”.
A jaraguaense conta que o aprendizado foi bem tranquilo e a pluralidade e receptividade de Montreal ajuda bastante. A fama do canadense polido e simpático é real.
“As pessoas aqui são muito receptivas, elas entendem, elas se colocam no seu lugar. Muitos são imigrantes e já passaram pelo que a gente está passando. Por mais que a gente se dedique, não somos fluentes na língua, sempre fica aquela falha na hora de se comunicar, mas eles são muito compreensivos, eles entendem, eles esperam ‘pode falar, repita, eu te ajudo’, fala em inglês, fala em espanhol… Muitos entendem espanhol e acham que a gente fala espanhol”, destaca.
Criando filhas em outro país
A formação de Cláudia é bem diferente da área que está estudando no Canadá. A vontade era fazer um curso diferente. A escolha em educação infantil foi para estudar algo que agregasse na vida como mãe – e ainda é uma área com demanda em Quebec.
Como a família estava se mudando junto, ela nem cita a adaptação como um receio. O medo mesmo era do frio ser muito intenso, mas a estação está quase no fim sem ninguém doente.
“Acredito que a mudança com toda família seja mais fácil no sentido emocional, uma pessoa que vem sozinha pode sentir saudades da família e ter dificuldades com isso. Tenho meu marido que me dá suporte a todo tempo, temos nossas filhas que a cada dia mostram estar integradas a essa nova cultura”, conta.
Gabriela e Isadora já estão frequentando uma escolinha por lá, que é gratuita, e no dia a dia, naturalmente, já brincam falando em francês, inglês e português.
Uma mudança em família, conta Cláudia, só exige um planejamento financeiro maior, já que é para entrar no país é preciso de uma comprovação de reserva que dê conta de sustentar toda a família.
Mas as vantagens são muitas, especialmente pela integração com pessoas de tantos lugares do mundo. “É muito imigrante, é uma experiência incrível, essa diversidade não tem preço que pague”, diz.
Uma vida mais aproveitada
Uma das maravilhas de viver em Montreal é ser contagiado pelo ritmo das pessoas de lá, que gostam muito de aproveitar cada dia, sem deixar para depois, comenta Cláudia.
Algo que ajuda bastante é a flexibilidade no trabalho – normalmente as pessoas fazem uma máximo de 35 horas por semana e saem do trabalho pelas 16 horas – e as estruturas que a cidade oferece, com muitos parques e eventos.
“Eles aproveitam muito o inverno, intensamente, não é porque está frio, porque está nevando que as pessoas não saem, fazem nada… Tem festas, tem grandes eventos que são feitos no inverno para as pessoas aproveitarem. O verão é incrível. Eles curtem intensamente porque passa muito rápido, eles não deixam nada para amanhã. A gente está acostumado no Brasil ‘ah, hoje eu tô cansada. Não vou sair nesse fim de semana’. Não, aqui eles, mesmo cansados, não deixam de sair e aproveitar porque o verão passa muito rápido”, revela.
As quatro estações
Para Cláudia, foi apaixonante ver como as quatro estações são bem definidas em Montreal. Ela conta que chegaram ao país no final de maio, no fim da primavera e início do verão – estava tudo bem florido, muitos jardins e tulipas chamaram a atenção.
“O verão foi muito lindo. É muito evento na cidade, é incrível. O dia é muito longo, o sol nasce umas 4h30 da manhã e só se põe às 9h30 da noite. O dia muito longo. Você pode aproveitar muito”, conta.
Os parques ficam lotados até altas horas e muitos oferecem diversão com água para as crianças.
Por volta de outubro, época de Halloween, começou a esfriar um pouco com a aproximação do outono.
Um pouco de frio e as belas folhas de Maple caindo no chão no outono canadense
“Outono é lindo, as folhas caem, a folha principal é de Maple Syrup, que é o símbolo do Canadá. Ela fica laranjinha, fica linda. E as árvores ficam peladinhas e as folhas no chão”, narra.
Também impressionou bastante a jaraguaense como a comemoração do Halloween tem espaço por lá. As lojas se enchem de decoração. “Eu nunca vi uma comemoração tão forte, como se fosse Natal”, comenta.
E depois de passar por todas as estações, chegou o inverno. No dia 19 de novembro de 2019 foi o primeiro dia de neve e a primeira vez que Cláudia viu tudo congelar, uma experiência incrível para ela.
Os parques ganham pista de patinação e de glissagem para as crianças escorregarem na neve. As pessoas saem mesmo no frio, nada de se esconder.
“A máxima que eu peguei foram 24 graus marcados e a sensação térmica de 34 graus negativos”, conta. É muito, muito frio!
- Prato típico em Montreal
Além de experimentar Maple Syrup e produtos derivados desse “melado” drenado das árvores símbolo do Canadá, uma dica da Cláudia é aproveitar o prato típico chamado Poutine. “É batata com queijo típico daqui, com molho, muito gostoso, tem de vários sabores e é o que é mais tradicional daqui”, conta. Quem não quer experimentar uma batata diferente?
Lugar de muito aprendizado
Montreal é uma cidade que sempre aparece no ranking mundial de qualidade de vida. É uma grande metrópole, com muita segurança. Nem por isso as portas estão fechadas ou muros são construídos, os canadenses tem uma cultura de receptividade de dividir o que tem de bom por lá.
O foco na educação é um dos pontos altos. A educação básica gratuita é de excelência, conta Cláudia. “O ensino Canadense é voltado para o cidadão com incentivo para atividades extracurriculares com obrigatoriedade de trabalho voluntário”.
O curso da jaraguaense tem prazo de 2 anos e depois ela ainda pode permanecer no país trabalhando com uma extensão de visto – mas existe a vontade de compartilhar a experiência.
“Montreal é um lugar que muitas pessoas passam, muitos retornam para seus países, mas é um lugar de aprendizado, entender um pouquinho da cidade, das pessoas, levar esse pouquinho para esse lugar que você mora”, destaca. “Levar as coisas boas e praticar aquilo que você aprendeu de bom e mudar um pouco os lugares, mudar as pessoas. Eu sou apaixonada por Montreal por isso, é um lugar de muito aprendizado”, destaca.
Sobre o artigo que você leu
“Jaraguaenses Pelo Mundo” é uma série que compartilha com vocês tudo que passaram pessoas que optaram sair de nossa cidade para viver no exterior, e assim inspirar quem mais tem esse sonho. Conhece alguém com uma história legal pra compartilhar?
Não esqueça de compartilhar:
Caixa de comentários
VOCÊ TAMBÉM VAI QUERER LER