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No limite entre área urbana e rural de Jaraguá do Sul, a localidade Vila Chartres pode passar despercebido para quem está na correria, mas certamente chama atenção de olhos mais atentos.
As pequenas casinhas rurais aparecendo às margens da estrada, ainda com roças e jardins floridos começam a se misturar com casas mais robustas e modernas, em uma real mescla entre cidade e interior.
Vindo pela Waldemar Gumz ou pela Manoel Francisco de Paula, é impossível não notar uma mudança de atmosfera ao atingir o trevo.
A Igreja São João no morro com a antiga escola Vila Chartres desativada, logo a frente o bar e mercearia ainda com balcão e cancha de bocha.
Passando a curva, o horizonte de abre com arrozais serpenteados pelo Rio Itapocuzinho, tendo a Serra do Mar ao fundo.
Esse miolo fica entre os bairros João Pessoa, Três Rios do Norte e Amizade, e por isso pode ser acessado por inúmeros caminhos.
Mas esse Chartres vem de onde?
A história começa com o grande loteamento Duquesa de Chartres, que compreendia em sua maior parte a área hoje chamada Santa Luzia.
Francisca Maria Amélia d´Orléans, duquesa de Chartres, era filha de François d´Orléans, príncipe de Joinville, e de Francisca de Bragança, a chamada Dona Francisca, princesa do Brasil – por ser filha do imperador Dom Pedro I.
Com o falecimento dos pais, muitas áreas passaram a pertencer a Duquesa de Chartres, que vivia lá na França mas tinha um bocado de terreno por aqui.
A grande procura dos imigrantes e dos locais por uma área para começar a vida e garantir o futuro dos filhos, como narra o livro “Memorial do Bairro Santa Luzia – Os Herdeiros da Duquesa”, originou a venda desses lotes.
“Colônia Duquesa de Chartres ou Chartres era o nome que constava nos mapas e documentos de títulos de propriedade fornecidos aos imigrantes pela Sociedade Colonizadora Domínio Dona Francisca. Teria sido o nome oficial em homenagem a Duquesa de Chartres, na França, onde residia a família. Abrangia até 1930 as vilas emergentes, São João e Santa Luzia”, consta no livro.
Lentamente, Santa Luzia teria perdido o nome de Chartres para São João – que era chamado assim por conta da primeira missa realizada na comunidade, onde teria sido colocado no altar um quadro de São João Batista. Até hoje a igreja local leva esse nome.
Mas antes mesmo de ser chamada de São João, os locais se referiam a área como a Vila de Chartres, por ser uma espécie de centro e ter constituído sua serraria e escola-igreja antes de Santa Luzia. Ali foram vendidos e ocupados os primeiros lotes; até então quase não havia estrada.
Ou seja, a facilidade de acesso era um fator primordial, que fez muitos colonizadores se assentarem primeiro onde hoje é a Vila Chartres, como conta Lauro Rosá – um dos escritores do livro e que viveu por anos na região.
Rosá comenta que a Vila ajudou muito os primeiros moradores de Santa Luzia por ter mais estrutura e por essa proximidade com a Colônia Jaraguá, assim como as localidades de João Pessoa, Schroeder, entre outras.
As famílias também enviavam seus filhos para estudar na Vila Chartres, havia uma pequena estrutura onde até hoje está a escolinha desativada, bem no trevo.
A igrejinha
A Comunidade Católica São João Batista foi fundada em 1º de novembro de 1935, sendo pároco o Padre Alberto Jakobs. Por isso, por muitos anos, São João também foi usado a se referir a localidade.
A primeira capela foi construída em 1948, demolida no ano seguinte ao incêndio em 1988. As celebrações passaram a ser no Salão da Comunidade. Em 1991 inicia a construção da nova Igreja.
Um lugar apaixonante
O empreendedor Honório Tomelin tem nas raízes muito das origens da Vila Chartres e, como um apaixonado pela localidade, volta os olhares para o futuro dessa região.
A história começa com o avô Antônio, que chegou por aqui em 1919, depois com o pai Augusto.
“Eu digo muitas vezes que se Emílio Jordan tivesse vindo até aqui, teria começado Jaraguá aqui. Entre Vila Chartres e Schroeder, é um vale fantástico”, brinca Tomelin.
Apesar de ter passado anos vivendo fora da cidade, Honório levou a frente negócios como a Agro Pastoril Verde Vale – que nos tempos áureos beneficiou centenas de funcionários -, foi um dos investidores do Residencial Duquesa de Chartres e atua em diversas frentes.
O amor à história da família e a memória dos pais é o que faz ele seguir atuando em benefício da região em grandes ações e pequenos detalhes, como o jardim e chafariz que mantém em frente a entrada de casa.
O gramado bem aparado, com flores de variados tipos que trazem borboletas e passarinhos. O empresário acredita que inspirou esse cuidado em toda localidade, já que podem ser vistos no decorrer da rua muitos jardins floridos.
“Estão vindo pessoas bacanas para cá. Estamos transformando o bairro”, comenta sobre novos moradores e empreendimentos locais, ressaltando que os tempos áureos da região podem voltar.
Um dos grandes projetos que levou holofotes à localidade foi o Residencial Duquesa de Chartres, inaugurado em 2017.
Um projeto gigantesco que transformou uma área de 365 mil metros quadrados em um grandioso condomínio cercado pela natureza, capaz de receber 199 unidades residenciais.
“A ideia para o residencial vem há pouco mais de uma década atrás na busca por cidades e regiões que pudessem receber projetos de condomínios diferenciados”, comenta Rodrigo Pinheiro, diretor de operações da Newland Empreendimentos Imobiliários.
O local foi escolhido por uma série de fatores.
“Região de fácil acesso, com predominância residencial (bairros vizinhos) e beleza natural como lagos e vegetação. Por fim, também é uma região de cunho histórico que ajudou a definir as características do projeto”, ressalta.
O nome em si vem dessa raiz, como também todo planejamento da planta do residencial, que foi inspirada em Chartres, na França, uma vez que o projeto inicial dos colonizadores era que o bairro inteiro Santa Luzia tivesse essa referência urbanística.
Pinheiro acredita que localidades com o perfil da Vila Chartres, que oferecem facilidade de acesso, com um clima de tranquilidade, serão bastante procurados, especialmente como efeito da pandemia de Covid-19.
“Muitas pessoas e famílias já pesam a questão de morar em lugares mais “cheios” ou a conveniência por proximidade, uma vez que, com essa mudança decorrida da pandemia nosso estilo de vida mudou consideravelmente. Em linhas gerais, acredito que a casa voltou a ser um lar para a família, ou seja, essencial como já foi em gerações anteriores”, finaliza Pinheiro.
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