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Pessoas andam apressadas no Calçadão da Marechal. Motoristas seguem pela Expedicionário João Zapella torcendo por um sinal verde. Nas lojas, clientes estão em busca de algum produto que falta.
Há poucos metros da pulsante região central de Jaraguá do Sul, jovens em plenos 18 anos fazem orações, estudam a natureza do divino e cumprem tarefas manuais dia após dia.
Há 40 anos, uma rotina muito diferente da maioria da população traz jovens que estão na caminhada religiosa para Jaraguá do Sul.
Quem está pelo centro pode ir a pé até o Centro de Formação Marista – inaugurado com o nome Juvenato -, localizado no Morro do Carvão. Mas apesar da proximidade, muitas pessoas desconhecem até mesmo a existência do lugar.
“Muita gente não conhece aqui em cima, e quando vem a primeira vez fica maravilhado, porque não imagina que é o centro de Jaraguá do Sul”, comenta irmão Darlan Santorini, responsável pelo local.
Lar para formar religiosos
Uma casa ampla, mas muito simples. Salas, quartos, cozinha, jardim imenso. A falta de objetos pelos cômodos denuncia a sobriedade do local. Mas é a entrada para uma capela, quase ao fim do corredor de entrada, que faz o visitante perceber definitivamente que não se trata de um lar comum.
Quem cuida de tudo é o irmão Darlan, com amparo do irmão Ronaldo Luzzi e trabalhadores eventuais. O ancião, irmão Pedrão, deixou a casa a pouco, transferido para uma residência própria para idosos.
O local é mantido em dia para receber os jovens de 18 a 20 anos que estão na segunda etapa de caminhada Marista – antes disso eles passam por outros centros espalhados pelo país.
Santa Catarina faz parte da Província Marista Centro Sul, juntamente com Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.
Atualmente, cerca de quatro formandos vivem no Centro de Formação ao ano na caminhada para se tornarem irmãos Maristas.
Essa média tem se mantido desde 2002. Antes disso, o número era bem maior: em torno de 27 jovens recebiam formação religiosa por ano, média registrada desde 1979.
“Em 2002 mudou a etapa de formação, havia um maior número de jovens porque eles faziam o ensino médio com a gente. Começaram a entrar pós ensino médio e acabou tendo uma diminuição de jovens”, ressalta o irmão Darlan.
A idade em que os meninos chegam a Jaraguá do Sul é um momento mais decisivo na escolha vocacional. “Se fizer um recorte de 30 anos atrás, quantos cursos universitários tinha? Há mais opções para a vida”, comenta.
O irmão reflete que antigamente muitas pessoas iam para centros religiosos em busca de formação. O número de estudantes era maior, mas a falta de vocação levava à desistência em algum ponto.
“Se [entrar para a vida religiosa] é pra fugir de casa, lá pelas tantas não consegue seguir”, pontua sobre a importância do propósito final.
- Irmão Marista é padre?
O irmão Marista não é padre, não ministra sacramentos, não é pastor, não é casado e não é solitário. Sua opção é pela vida em pequenas comunidades espalhadas pelo mundo.
Ele é católico e leigo consagrado, assumindo como regra de vida três compromissos: pobreza, obediência e castidade, chamados conselhos evangélicos.
Em geral, o irmão realiza uma preparação de aproximadamente 7 anos. Recebe formação humana, cristã, filosófica e teológica e atua prioritariamente na educação e na pastoral.
Suas habilidades pessoais são sintonizadas com as necessidades do Instituto Marista.
De portas abertas
O endereço é único: rua Irmãos Maristas, número 513. A via é mais conhecida como “a subida logo atrás do Colégio São Luís”. Após a terceira curva, um muro feito de palanques de cimentos finos e compridos, bem simétricos, delimita a propriedade.
As portas estão abertas durante o dia para quem quiser conhecer ou passar algum tempo no local. O portão costuma estar aberto, mas nem sempre – afinal, é uma casa. Ligando no 3275-0328 pode-se combinar a visita.
O verde está por todos os lados. Do extenso gramado logo em frente do prédio principal, à Mata Atlântica preservada que faz um cinturão ao redor do centro. O silêncio reina, interrompido apenas pelo som dos pássaros.
Ampla área ao redor do Centro de Formação dá atmosfera de paz e tranquilidade. Fotos: Natália Trentini.
Irmão Darlan ressalta que muitas pessoas que já conhecem a estrutura por terem sido formandos ou alunos maristas e aparecem para visitar e aproveitar a tranquilidade.
Existem bancos espalhados, uma choupana, gruta e até mesmo uma trilha ecológica.
Os irmãos também mantém um pomar com árvores frutíferas, como mamão, abacate e banana, além de uma horta com algumas ervas aromáticas e hortaliças. Mexer na terra, afirma Darlan, está intimamente ligado à formação espiritual.
A capela, com belos vitrais retratando a caminhada de São Marcelino Champagnat, fundador do Instituto Marista, também pode ser refúgio para quem quer fazer sua oração.
Um pouco de história
A construção do Juvenato Marista, agora Centro de Formação, começou em 1978 diante da necessidade de um espaço específico para a formação de irmãos.
Antes disso, os formandos moravam no terceiro piso do próprio São Luís. A área já fazia parte da propriedade do colégio. A estrutura foi inaugurada rapidamente, em 17 de março de 1979.
Fotos históricas mostram todo o processo de construção, que aconteceu em um Morro do Carvão bem diferente, com áreas descampadas.
A recuperação da mata foi intencional, os irmãos deixaram a natureza se regenerar. A subida – ótima para quem deseja melhorar o condicionamento físico e ainda conectar com a natureza – era uma estradinha de barro. A pavimentação aconteceu nos anos 90, acredita irmão Darlan.
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