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Localizada no coração de Jaraguá do Sul, a praça Ângelo Piazera é um ponto de encontro que conta parte da história do município. A prática de esportes, a realização de eventos, festividades, comemorações, shows, solenidades e manifestações culturais mostram a importância do espaço. A série “Antigamente em Jaraguá do Sul” foi atrás da história e de alguns fatos interessantes sobre a famosa praça. Como sempre, é preciso voltar no tempo para entender o contexto que envolve a criação do local.
A empresa Pecher & Cia adquiriu as terras da Colônia Jaraguá, concedidas a Emílio Carlos Jourdan em 1895. Os sócios Ângelo Piazera, César Pereira de Souza e Francisco Tavares da Cunha Mello Sobrinho compraram o grande lote em outubro de 1907. Com o fim da sociedade, em 1916, Ângelo ficou com todas as terras. Piazera morre em 22 de março de 1927 e com o advento foi realizado um desejo do empresário.
Ainda em vida, Ângelo havia combinado com a mulher a doação de um terreno para a futura Jaraguá do Sul. No termo firmado no Registro de Imóveis 2ª circunscrição Bel. Hercílio da Conceição, Constância Piazera declarou que o imóvel era inalienável e não permutável. O lote que hoje ocupa a esquina da avenida Marechal Deodoro da Fonseca com a rua Expedicionário Antônio Carlos Ferreira, e que se estende até a rua Reinoldo Rau, foi doado para a construção de uma sede para o município em 29 de agosto de 1927. A criação de um dos espaços públicos mais antigos da cidade foi condição para que a doação fosse feita.
O registro número 369 dizia:
“Que ali deveria ser feito um jardim público e edificado o prédio que servirá para a intendência com demais repartições; uma vez que este distrito de Jaraguá torna-se município, ficará o terreno ora doado bens do mesmo”
Segundo a chefe do Arquivo Histórico de Jaraguá do Sul, Silvia Kita, quando o município de Jaraguá do Sul foi emancipado, em 26 de março de 1934, a doação do terreno ficou registrada em nome do município de Joinville. Mesmo assim, o novo jardim foi inaugurado junto com o prédio da administração municipal em 4 de outubro de 1941. A inauguração contou com a presença de um grande número de munícipes.
Inauguração da Prefeitura e da praça Ângelo Piazera, em 4 de outubro de 1941 (Fotos: Acervo Arquivo Histórico de Jaraguá do Sul/Divulgação)
A praça Ângelo Piazera como espaço cultural e de lazer
Até o início da década de 1990, Jaraguá do Sul não tinha um grande espaço público aberto de lazer e promoção cultural. O terreno localizado nos fundos da antiga Prefeitura, hoje o Museu Histórico Emílio da Silva, era ocupado pela garagem de caminhões, máquinas e veículos do município. De acordo com informação levantada pela historiadora Silvia Kita, a Secretaria de Obras e a garagem de veículos foram transferidos para a Barra do Rio Cerro em 1988.
Mesmo com o terreno vago, a segunda parte da praça Ângelo Piazera só saiu do papel seis anos depois. Em 1994, durante a segunda administração de Durval Vasel (1992 – 1995), a expansão do espaço foi feita.
Foram construídos o espaço cultural – que abrigou também choperia -, um belo lago com carpas e chafariz, o palco e o parque infantil.
Fotos da praça em 1994, em sua primeira configuração, e então em 2004 (Arquivo Histórico) // Notinha de coluna social do OCP de 4 de novembro de 1995 data a inauguração da Choperia da Praça // Na última imagem, perspectiva da praça de cima do edifício Market Place, em 2002 (Max Pires)
Após a construção, a praça Ângelo Piazera passou por duas reformulações. A primeira aconteceu em 1996 com a construção do calçadão da avenida Marechal Deodoro da Fonseca.
Em 2004, na administração de Irineu Pasold, houve a reurbanização do calçadão e aí o espaço ganhou novos contornos, piso e novo visual. O lago foi retirado e deu lugar a uma área onde é possível jogar xadrez. O palco também sofreu modificações, e além da ampliação, ganhou o mosaico que enquadra até hoje.
Em 2015, houve o anúncio do projeto para uma nova revitalização do espaço, mas ainda não saiu do papel.
Aqueles que estão na casa dos trinta vão lembrar muito bem de como era movimentada a praça. Shows de artistas como Jair Rodrigues, Família Lima, John Bala Jones e Dazaranha ficaram marcados na memória de muitos jaraguaenses. Projetos como o da música eletrônica aos domingos (autoria do Por Acaso, inclusive) também traziam vida para o local. Tudo isso sem contar o festival Eco Radical ou o Motogiro, um dos mais importantes encontros de motociclismo do Brasil, que também teve início na praça Ângelo Piazera.
Momentos de agito: fotos de cima do bungee jump do Festival Eco Radical; Motogiro, Wizard Street Ball, Festival Bicho Grilo e Domingo Up
Hoje, a praça Ângelo Piazera é palco de diversos eventos culturais, que infelizmente não reúnem um público tão grande como anteriormente. Mas a menor presença de pessoas não diminui a importância da praça. Lá, há o espaço reservado para que os jaraguaenses possam se expressar através do teatro, do esporte, da dança ou da música, como ocorre mais rotineiramente (clique aqui e saiba como fazer lá seu próprio evento). É preciso perceber que a praça Ângelo Piazera é um patrimônio de todos os munícipes e, desse modo, precisa ser prestigiada por todos.
- Curiosidades ao redor da praça
– Ângelo Piazera era natural de Vigilo Vattaro, na Itália, nasceu no dia 30 de agosto de 1867;
– Ele chegou no Brasil com nove anos, morou em Rio dos Cedros e se estabeleceu em Jaraguá do Sul em 1891, na Barra do Rio Cerro, e teve uma fábrica de gaitas e brinquedos;
– Em 2013, após o envio de um projeto para o Ministério da Cultura, descobriu-se que o terreno da antiga Prefeitura e da praça pertencia a Joinville;
– Após um longo trâmite, que passou pela Câmara de Vereadores da cidade vizinha, a Prefeitura de Joinville fez a doação do terreno para Jaraguá do Sul;
– A praça Ângelo Piazera abriga um monumento que marca o ponto zero do município. É o ponto de referência de centro do município, que determina sua localização: a latitude, a longitude e a altitude. Ele está localizado nas coordenadas 26° 29′ 9″ S, 49° 4′ 1″ W.
– Além do Marco Zero, a praça possui outros elementos históricos como a Herma do Coronel Emílio Carlos Jourdan erguida em 1941, a Efígie de Ângelo Piazera esculpida num bloco de mármore e instalada em 2004 e o Totem, um antigo cilindro sem eixo que exercia sua função na secagem de grãos de arroz, que é o marco simbólico do Museu.
Fotos dos leitores!
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Sobre o artigo que você leu
“Antigamente em Jaraguá do Sul” é uma série que investiga, resgata e preserva a memória de histórias, rotinas, pessoas e fatos que moldaram a identidade de nossa cidade. Tem alguma curiosidade ou dica que queira compartilhar com a gente?
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