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Uma vida mais equilibrada em 2022. É isso que muita gente busca, especialmente após anos turbulentos de instabilidade com a pandemia de Covid-19. Para muitas pessoas,as instabilidades se devem a fatores sociais além do alcance. Mas quando se pode escolher, estamos realmente dispostos a levar a sério esse compromisso com a gente mesmo?
Convidamos três profissionais para falar sobre atitudes que podem colaborar a ter momentos de mais estabilidade tendo como ferramenta a união de corpo, mente e espírito.
Relação mais afinada com o corpo
Quando são observadas as demandas para um corpo equilibrado, o primeiro item da lista é a alimentação. Mais do que olhar para essa relação com alimentos em momentos de dieta, a nutricionista Aline Tonin ressalta a importância de compreender quais são esses alimentos que fornecem energia para viver.
A alimentação, aponta Aline, pode trazer vitalidade ou roubá-la, pode dar energia ou fadiga, força ou fraqueza e apatia, uma boa imunidade ou doenças. “O alimento pode lhe trazer saúde ou doença, você tem o poder de escolher o que põe no prato”.
E como isso reflete na vida? Segundo a especialista, a alimentação impacta diretamente na qualidade do sono, do descanso, o que impacta diretamente na regeneração celular e desintoxicação natural do corpo, que acontece enquanto dormimos.
“Ela age diretamente no seu equilíbrio hormonal; inclusive no hormônio chamado cortisol, que é o hormônio do estresse. Então a alimentação também tem o poder sim, de harmonizar suas emoções, sua ansiedade, sua energia sutil e física, além dos efeito fisiológicos na sua saúde como um todo. Sua digestão tem a potência de filtrar os alimentos e emoções que não te servem e absorver o que seu corpo precisa (se a mesma estiver na sua potência saudável)”, reflete Aline.
A profissional fala da importância de cada pessoa perceber suas próprias necessidades, criando autonomia e afinando a intuitividade. Todo mundo tem essa percepção dos alimentos que fazem bem e aqueles que não caem muito bem.
“Qual história seu corpo conta? Preste atenção na sua inteligência corporal, seu corpo dá sinais quando algo não vai bem; desde uma queda de cabelo, dores de cabeça, diarréia, estufamento abdominal, constipação, urina amarelada, fadiga, unha fraca, indisposição, manchas na pele, alergias, ansiedade, má qualidade de sono, memória fraca, dores no corpo, rigidez, respiração ofegante, suor excessivo entre outros”, diz.
Com tantas informações, Aline traz dicas práticas: escolher alimentos que vem da terra, aquilo que sua bisavó reconheceria como comida. Raízes, tubérculos, legumes, verduras, frutas, sementes.
As dicas são: desembale menos e descasque mais; frequente as verdureiras e feiras de pequenos produtores e priorize orgânicos sempre que possível.
“A verdadeira nutrição acontece quando digerimos bem o alimento ingerido, preferencialmente alimentos que possuem mais prana (ou seja, estão mais perto do solo, da fonte de nutrientes chamado Mãe Terra)”, ressalta.
Mas para conseguir trazer essas mudanças, a nutricionista pontua que existem desafios, além da falta de tempo e prioridade.
“Mas algumas atitudes podem lhe ajudar a superar estes desafios, como separar um tempo pra ir a verdureira semanalmente, pré preparar alguns alimentos pra semana, deixar saladas higienizadas em uma bacia de vidro, envolver outras pessoas da família para lhe ajudar nesta organização; programar a semana alimentar ajuda muito”, conta.
Outra dica é manter um diário, anotando o que você come, relacionar com as emoções e feitos no corpo para criar essa relação e conhecimentos sobre o corpo. O auxílio de profissionais da área também ajudam a recuperar essa autonomia.
Menos exigência, mais presença
Nos últimos anos ficou perceptível como a saúde mental tem um papel extremamente importante na vida. Mas ainda há tabu e negligência em relação ao assunto.
A psicóloga Geise Siqueira Linhares ressalta que a pandemia de Covid-19 desencadeou muitas reações comportamentais que estão sendo conhecidas conforme o retorno às atividades avança, algo que traz uma série de novos desafios pela frente.
Além disso, a profissional percebe que problemas relacionados a condições de trabalho que não favorecem a qualidade de vida, dificuldades financeiras, relações instáveis e conflituosas e falta de autocuidado contribuem para um desequilíbrio generalizado.
“Nossa sociedade tem tido diversas mudanças e de maneira bastante apressada, e nosso corpo e principalmente nosso sistema emocional está evoluindo de maneira a se adaptar aos desafios enfrentados ao longo de cada experiência vivida, então diante desse processo evolutivo da mente, é possível que demandas da sociedade atual possam ser mais desafiadoras e oportunas para um desenvolvimento saudável, da mesma maneira, que outros aspectos podem ser prejudiciais e devastadores para nosso desenvolvimento saudável”, comenta Geise.
Para manter a saúde mental em dia, em primeiro lugar a psicóloga ressalta a importância de definir isso como um valor, como uma prioridade para a vida. Mas nem sempre é uma questão de escolha.
“ É importante ressaltar que muitas pessoas podem estar em condições sociais precárias e que isso pode tornar tudo ainda mais difícil, sendo que as condições não favorecem para um poder de escolha, e infelizmente nesses casos, precisa-se optar pelo caminho de menor dano”, destaca a profissional.
Se possível, observe...
Demandas exaustivas de trabalho; tentar fazer muitas atividades ao mesmo tempo; se manter muito conectado ao bombardeio de informações nas redes sociais e de comunicação; relações estressantes e conflituosas; conciliar demandas profissionais, individuais e familiares; estão entre os desafios para a saúde mental, assim como enfrentar alguma doença física ou uma perda afetiva.
“Para manter-nos mais equilibrados possível são necessárias atitudes de auto monitoramento, e atenção plena ao momento presente, ou seja, precisamos estar atentos diariamente a nossa rotina, é preciso atitudes que promovam a auto percepção, o contato consigo mesmo, e sempre que precisar, fazer as mudanças necessárias em prol de manter o equilíbrio necessário para saúde mental”, reforça.
Para uma mente saudável, primeiro é preciso garantir o corpo saudável: dormir bem, se alimentar bem e praticar atividades físicas são antídotos naturais para ansiedade e depressão, reforça Geise.
Outras dicas são: tenha um bloco para escrever suas preocupações diárias, desligue um pouco a internet, faça uma tarefa por vez; esteja atento às experiências positivas do dia a dia; observe seu comportamento.
“Como um observador da sua própria história, não faça julgamentos, apenas observe, observe como você se comunica, como realiza as suas tarefas, observe seus pensamentos, seus sentimentos e emoções, essa postura observadora promove o autoconhecimento e a autopercepção”, indica.
Mas ela alerta, não se cobre demais: “Não se preocupe em começar aos poucos as mudanças necessárias, lembre-se, uma jornada de mil milhas começa com um único passo”.
Reconexão com o sentir
Espírito, alma, energia vital que anima o corpo. As formas de olhar são muitas, mas as práticas de conhecimento de si mesmo e desenvolvimento da consciência podem ajudar a integrar a experiência de vida.
“O papel fundamental das práticas de autoconhecimento é proporcionar um “Dar-se conta”, ou seja, voltar para si e aprender consigo através de um relacionamento íntimo pessoal. Dessa maneira você compreende em um nível mais profundo as suas reais motivações e quais obstáculos precisa superar para alcançar tais mudanças”, comenta o professor de meditação Luis Fêran. “Motivações superficiais nos levam a resultados superficiais, motivações genuínas nos levam a uma transformação pessoal profunda e duradoura”.
Para Fêran, o primeiro passo na busca por uma vida mais equilibrada começa pela pergunta: do que eu estou disposto a abrir mão para elevar a minha qualidade de vida biopsicoespiritual?
Um dos primeiros aspectos para perceber desequilíbrios está na observação do corpo, que segundo o professor está constantemente refletindo o estado psicoemocional. Corpo e mente precisam estar saudáveis, é uma correspondência.
“Para equilibrar o corpo é preciso equilibrar a mente. Para equilibrar a mente, tome consciência do momento presente respirando conscientemente, abrindo espaço para alcançar um certo grau de relaxamento. Depois, investigue o que causou o desequilíbrio. Seja feliz”, indica.
Um dos desafios nessa caminhada de autoconhecimento e transformação pessoal é acessar o medo de sentir, acredita Luis Ferân.
“Aprendemos desde cedo a negar sentimentos sem perceber que essa atitude é como uma faca de dois gumes: Quando negamos a tristeza, negamos também a felicidade. No fim, tudo se trata de Sentir. E se você quer estar conectado consigo mesmo, precisa estar disposto a sentir com inteireza aquilo que é a sua vida neste momento”.
Para superar esse medo, é preciso aprender a sentir, reconhecendo como algo natural e parte da vida. O professor reforça que o “sentir” se torna um professor na escola da vida, mantendo as pessoas mais próprios de si mesmas.
“Não existe uma fórmula para isto, mas posso dizer o que tem funcionado pra mim: ficar mais tempo consigo mesmo, treinar a mente e o coração para o florescimento de estados mentais mais saudáveis e benéficos. Tornar-se seu melhor amigo, ter autocompaixão e se perdoar. Deixar de se comparar com os outros e passar a se comparar apenas consigo mesmo. Procurar curar seus traumas e medos que são verdadeiros obstáculos para o estado de presença e comunhão com seu eu interior”, indica,
É possível se conectar com o sentir e com a respiração, criando momentos e práticas simples, cultivando o hábito de voltar a si mesmo.
“Algumas maneiras de estabelecer conexão ao longo do dia é: Escute músicas que elevem seu estado de espírito. Leia trechos curtos de livros inspiradores, faça pausas para respirar consciente e profundamente, contemple a beleza da natureza e converse mais com Deus”, finaliza.