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“De carro eu aprecio a paisagem, mas de moto eu faço parte dela”. Parece até uma frase de para-choque de caminhão, como o próprio Elci Neri Pedroso comenta, mas essa é a definição do sentimento e a visão que o senhor de 68 anos tem sobre sua vida como motociclista.
Desde criança, Pedroso gostava dos veículos de duas rodas, mas ninguém da família tinha uma moto – o sonho de infância foi realizado anos mais tarde, mas esse prazer de fazer parte das paisagens ele começou a aproveitar recentemente.
Pedroso tem guardado na memória até hoje a inspiração de quando morava no interior do Rio Grande do Sul, onde nasceu.
“Me lembro que tinha um fotógrafo que andava de moto nas proximidades e eu achava aquilo fantástico”, comenta. “Aquela imagem ficou gravada na minha memória”, completa ele.
A primeira moto
Aos 20 anos de idade, Pedroso entrou para a Marinha, onde serviu por 10 anos, em diversas cidades, como Rio de Janeiro, Foz do Iguaçu, entre outras.
“Foi um período que ficou marcado, talvez até pelo espírito de aventura”, recorda.
Foi ainda durante o período de fuzileiro naval, quando estava com seus 24 anos, que ele comprou a primeira motocicleta, uma das primeiras CGs a serem lançadas no mercado nos anos 70.
“Foi no período em que saí do Rio de Janeiro para ir servir em Foz do Iguaçu, na capitania dos portos”, contextualiza. “Depois foi uma sequência, até chegar na sétima, que é a que eu tenho hoje”, conta.
Foi uma progressão de modelos. Depois da CG, ele teve os modelos Turuna, XLR, NX, Virago (Yamaha), Shadow (Honda) e agora uma Boulevard (Suzuki).
Mas Pedroso não para por aí, além da moto ele também tem um triciclo, que costuma usar quando viaja para longe com a esposa.
Antes de se mudar para Jaraguá do Sul, o ex-marinheiro usava a moto mais para se deslocar de forma rápida do que a passeio.
Foi na cidade que ele começou a se aventurar na estrada, principalmente depois de entrar para o moto clube Cano Quente.
Integrante de um moto clube
Pedroso chegou na cidade em 1986, transferido pela empresa em que trabalhava, a Hermes Macedo. Mais ou menos um ano depois, abriu a mercearia, que depois virou o “Bar da Dona Jura” ou “Bar do Pedroso”.
“Inclusive, aqui onde é meu bar, foi a primeira sede do moto clube”, destaca sobre o endereço na rua Víctor Rosemberg, nº 119, Vila Lenzi.
A paixão pelas motocicletas foi passada do pai para o filho Marco Antônio Pedroso. Foi ele quem entrou para o moto clube primeiro. O pai começou a participar apenas como amigo e até recusou os primeiros convites para se tornar membro.
“Na época, aqui era bar e mercearia, então nós trabalhávamos todo dia até mais tarde e para fazer parte do grupo é preciso ter um comprometimento”, explica.
Quando Marco Antônio estava na faculdade, precisava estudar e trabalhar, e por isso, deixou de ser membro do moto clube – mas o pai já estava focado em manter os Pedroso na ativa.
Em 2019, fazem quatro anos que Pedroso adquiriu o colete e se tornou membro do Cano Quente. Ele e a esposa, Juraci Terezinha Pedroso, estão aposentados e podem encarar as estradas – eles continuam com o bar apenas para não ficaram inativos.
“Mas agora eu posso me dar ao luxo, por assim dizer, de quando quero viajar, ir tranquilo”.
Motociclista depois dos 65
Segundo Pedroso, a motivação para as aventuras é “algo que só quem é motociclista sente”. Para ele, não tem uma explicação lógica e o melhor sentimento para explicar a liberdade que sente nas viagens é o amor.
“Por mais que tenha passado 5 ou 10 vezes na mesma rota é sempre aquela emoção”, acrescenta.
O gaúcho diz não sentir nenhum tipo de preconceito por ser mais velho, pois ele sempre está muito bem entrosado com todos.
“Parece que tem algum tipo de código entre os motociclistas, que ninguém escreveu, mas que está intrínseco entre nós, que faz com que todo mundo se respeite”, explica.
Mesmo com o espírito aventureiro dentro de si, ele diz que agora as coisas são diferentes. “Quando era jovem, podia viajar por várias horas, agora tenho que parar na estrada, descansar e se ficar tarde dormimos em algum lugar, para no dia seguinte seguir”, explica.
Além disso, ele comenta que no grupo de triciclos do qual também faz parte, o Trivale, tem até um senhor de 80 anos, que continua na ativa.
A “aventura” que marcou o coração
Você provavelmente deve pensar que a aventura mais marcante deste motociclista foi uma longa viagem para um lugar maravilhoso, não é mesmo?
Mas saiba que o momento na estrada que mexeu com o coração de Pedroso foi algo que para muitos pode parecer simples.
Voltando de Florianópolis para casa, nas proximidades de Itajaí, o trânsito estava caótico. Uma ambulância, com a sirene ligada, tentava a passagem, mas os motoristas não davam espaço. Foi então que ele pensou: “Vou dar uma força, já que o pessoal não está respeitando”.
Determinado, Pedroso fez a frente para o automóvel e começou a abrir espaço entre os carros.
“Tinha aqueles teimosos que não queriam sair da pista, mas eu dava uma batida na lataria do carro, eles olhavam e abriam”, relata.
Foi assim que ele “conduziu” o veículo por quase 3 quilômetros. Quando percebeu que a ambulância conseguiria seguir sem nenhum problema, abriu espaço para que ela passasse.
“Foi um fato que eu acho que fiz a minha parte como motociclista e quem sabe tenha ajudado a salvar uma vida”, salienta Pedroso.
Próximas viagens
Juraci tem uma preocupação muito grande com a segurança nas viagens. Por isso, geralmente as viagens do casal são feitas pelo sul. Mas alguns planos mais audaciosos estão na lista.
“Em breve nós pretendemos ir para o Espírito Santo, porque temos um amigo do moto clube que se mudou para lá”, afirma Pedroso.
Conhecer outros países segue nos planos do ex-marinheiro e ele pretende fazer isso em breve. Pedroso deve viajar de triciclo e com a esposa, que é sua grande parceira nas aventuras.
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Sobre o artigo que você leu
“Avós de Jaraguá” é uma série sobre o que podem contar e inspirar pessoas idosas de Jaraguá do Sul que seguem na ativa, sendo realizando sonhos, se mantendo ativos na profissão, exercendo algum trabalho voluntário, ou até mesmo encontrando novas paixões. Conhece algum vovô ou vovó cuja atitude provoca admiração?
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