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Todo mundo sabe que ganhar um Emmy é coisa grande. Bom, agora o jaraguaense Carlos Daniel Reichel tem esse título na lista como co-criador e roteirista de “A Linha” – que recebeu troféu na categoria “Inovação em Programação Interativa” no principal prêmio da televisão americana.
Você já poder ter esbarrado com outras produções do Carlos, ele foi diretor do documentário “O Vale Tombado”, sobre a região do Rio da Luz, e também dirigiu o curta-metragem “Garoto VHS”.
Mas mesmo com larga experiência em cinema e televisão, dessa vez o projeto foi totalmente inovador – como o título da premiação diz. Isso porque, como conta Carlos, “A Linha” não é exatamente um filme, é uma “experiência interativa em realidade virtual (VR)”.
“Ele conta uma história como filme, mas vai um pouco além. Ele tem a questão da interação, você meio que joga ele, mas não é um jogo. É um troço novo mesmo”, diz, tentando definir.
Para ter essa experiência, o expectador vira usuário, e precisa ter óculos de realidade virtual (VR). A obra inova ao permitir que o usuário interaja com a experiência usando o próprio corpo ao invés de controles e é considerada uma porta de entrada para o grande público experimentar a tecnologia de VR.
A Linha foi criada pelo estúdio ARVORE, de São Paulo, que trabalha com essa plataforma, e foi dirigida por Ricardo Laganaro. Também vale citar que teve narração do Rodrigo Santoro na versão em inglês.
O projeto
A Linha tem dois personagens principais, Pedro e Rosa, que vivem uma miniatura de São Paulo dos anos 1940.
Carlos conta que se envolveu no projeto bem no início, quando ainda era essa proposta de desenvolver uma história interativa que se desenrolasse em uma maquete.
Inicialmente atuando na equipe de criação da história, o jaraguaense conta que o trabalho começou com muitas perguntas: quem vive nessa maquete? Por que vive nela? Que tipo de história vai acontecer?
“Logo no início ficou claro que uma maquete, era sobre repetição, uma maquete meio autônoma, meio Hugo Cabret, com movimento, mas o movimento repetitivo”, comenta. “E não ficou difícil imaginar uma metáfora da nossa vida, de rotina, de como é difícil sair da rotina às vezes, de como é difícil vencer os medos”.
Se de um lado o filme tem tecnologia de sobre onde, inclusive, é possível interagir ao estilo “Minorit Report” tendo o óculos de VR Oculus Quest, de outro lado o roteiro se voltou para uma história de amor extremamente humana, nesse cenário lúdico estilo “A Invenção de Hugo Cabret”.
“Quando você coloca o seu head set de VR, você anda pelo cenário, você caminha literalmente, a maquete tem dois metros, você vai de uma ponta outra dela”, explica.
- Cinema e jogo
Os dois universos se mesclam. Tanto que Carlos conta que enquanto esse processo narrativo estava acontecendo, com reuniões presenciais da equipe do estúdio ARVORE, no ano passado, o tempo todo havia essa troca importante com os game designers – que delimitavam as possibilidades de interação.
Uma nova forma de contar histórias
Carlos conta que o sentimento de participar desse projeto o fez imaginar os primeiros dias do cinema, onde os produtores ainda descobriam como usar a câmera, como construir tomadas, narrativas…
“A Linha foi uma maneira de contar uma história onde você é mais do que audiência, você participa dela. Isso me fascinou demais. Não é reinventar a roda, mais é um design novo para a roda, porque no final do dia a história é sobre emoção, sobre comunicar algo muito humano”, descreve.
Assim como para quem faz, o formato também deve trazer novas emoções para quem participa – saindo de uma lógica com a qual estamos bem confortáveis, sentar no sofá, abrir alguma plataforma de steaming e dar o play. Por isso, foi preciso pensar em como preparar uma narrativa para esse formato.
“Com A Linha não era tanto ver, era fazer, era como tirar a emoção dos movimentos, como tirar emoção da interação que você faz”, comenta.
E dentro dessa lógica de fazer parte dos rumos dessa história, podem surgir novas emoções e sensações
“A gente falava muito que as formas interativas elas lidam muito mais com a culpa de uma forma interessante. Quando você vê um filme, é muito mais difícil você ser culpado por algo, você vê o que aquele personagem está fazendo. Quando você joga algo, se você aperta o botão errado e algo desaba na sua frente, por um segundo você se sente culpado. Você está participando de forma ativa”, comenta.
A emoção do prêmio
A Linha recebeu premiação no Festival de Veneza e outros tantos, além de uma dezena de indicações, e agora o Emmy, que é o Oscar da televisão. Estar envolvido em um projeto com esse reconhecimento contribui muito para a valorização do trabalho, destava Carlos – trazendo esse reconhecimento até mesmo de quem não imagina o que um roteirista faz, de fato.
“O Emmy é um reconhecimento internacional, é um reconhecimento da capacidade brasileira de produzir audiovisual, novas mídias, é um atestado de histórias brasileiras são universais também”, ressalta.
Como assistir A Linha?
Você pode comprar o filme A Linha clicando aqui, mas lembre-se de que é necessário ter óculos de realidade virtual para conseguir botar essa experiência para rodar.
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