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O cenário econômico de Jaraguá do Sul contou com o trabalho de diversas empresas familiares para se tornar forte e consolidado. Um exemplo de sucesso é o da família Breithaupt. A história de empreendedorismo começa com a chegada de Walter Breithaupt para a cidade, em 1923.
Segundo a chefe do Arquivo Histórico, a historiadora Silvia Kita, Walter veio ao município para ser juiz de paz.
No ano em que chegou em Jaraguá do Sul, Walter enxergou o potencial econômico da cidade e abriu um comércio.
O negócio começou em um prédio de 35 metros quadrados, localizado na avenida Getúlio Vargas (na época chamada rua Independência), em frente à Estação Ferroviária. Aquela era a região de maior movimento do município.
Em 9 de dezembro de 1926, o empresário se associou com o irmão Arthur – um dos fundadores da Acijs (Associação Empresarial de Jaraguá do Sul). Então, eles fundaram a empresa Breithaupt e Cia.
O comércio disponibilizava uma grande variedade de produtos. Lá, os clientes encontravam banha, açúcar mascavo, fazendas, armarinhos, louças, secos e molhados.
Os irmãos da Breithaupt e Cia expandiram as suas atividades e realizaram, por exemplo, o transporte das cargas que chegavam pela ferrovia.
A empresa realizava a rota Jaraguá – Blumenau, além de despachos junto à estrada de ferro São Paulo – Rio Grande do Sul. “Teve até uma época em que eles tinham um posto de combustíveis”, relembra Silvia.
Após a morte dos fundadores, Hans (filho de Artur) adquiriu a parte dos herdeiros e passou a administrar a empresa ao lado da mulher, Carmen Piazera Breithaupt.
O Comércio e Indústria Breithaupt realizava a venda de tecidos, aviamentos, brinquedos e materiais de construção.
“Eles não trabalhavam apenas com o comércio de secos e molhados, vendiam ferragens e tinham um moinho atrás da estação”, lembra a historiadora. A atividade de moagem de cereais era realizada em um prédio enxaimel no outro lado do trilho.
Em 1986, o prédio foi transformado em um supermercado. Com grandes corredores formados pelas longas estantes e uma grande variedade de produtos, o comércio atraia não só consumidores da região central como também de bairros do interior.
O assoalho de madeira do local rangia com o movimento intenso dos carrinhos e os passos dados pelos clientes. No local funcionava o escritório central do Comércio e Indústria Breithaupt.
A parte que certamente traz mais nostalgia para quem frequentava o supermercado Breithaupt do Centro era a famosa lanchonete, localizada na entrada do estabelecimento.
Com um grande balcão e banquetas redondas em linha, o local foi criado para atender os viajantes da estação, pois o Bar Catharinense e o bar do prédio da estação não conseguiam atender a demanda de clientes. “A região do Centro Histórico sempre foi a mais movimentada da cidade, pois havia, até o final da década de 80, um grande fluxo gerado pelo trem de passageiros, a popular Litorina”, relata Kita.
O prédio que abrigava o supermercado foi demolido em 1998. No terreno foi construído o Shopping Breithaupt, inaugurado em 1999. Após a ampliação do prédio, o empreendimento passou a ser chamado de Jaraguá do Sul Park Shopping.
A empresa continua em constante atividade. Agora, o negócio da família tem foco na venda de materiais de construção, máquinas, ferramentas, eletrodomésticos e artigos automotivos.
Memórias da infância
Este jornalista passou uma pequena parte da sua infância morando em uma casa da família Breithaupt na rua Epitácio Pessoa, no Centro. A lanchonete do supermercado também fez parte daquela época.
Comi deliciosos pães com manteiga e pães com bolinho naquele estabelecimento. Sentar nos bancos da frente do balcão era uma experiência bem divertida, dada a possibilidade de girar sobre o próprio eixo.
O mercado Breithaupt da Getúlio Vargas era a principal referência de compras para os moradores do Centro. Quando tinha apenas sete anos, ia até lá para comprar pão ou qualquer outra coisa que a minha mãe precisasse, lembrando que Jaraguá do Sul era uma cidade muito pacata em 1994.
Ao lado do supermercado, havia um grande estacionamento e, ao fundo, havia a loja de tecidos e outras utilidades.
Durante a década de 90, não haviam muitos locais para brincar no Centro. Aos domingos, eu e os meus amigos rodávamos com nossas bicicletas pelo estacionamento vazio.
O grande pátio também servia de palco para partidas de futebol improvisadas e outras brincadeiras.
- Curiosidades
– Antes da demolição, a área total construída do supermercado e da loja anexa era de 400 m²;
– Clientes que moravam nas proximidades utilizavam os carrinhos para levar as compras até em casa;
– Dona Carmen, como era chamada por todos, utilizava a cozinha do supermercado para cozinhar quitutes;
– Como em todo negócio antigo, clientes assíduos da lanchonete eram tratados pelo nome pelas atendentes.
– A empresa foi herdada por Bruno e Roberto Breithaupt, filhos de Hans. O controle do negócio da família foi assumido recentemente por Bruno Breithaupt Filho. A direção do negócio está na sua quarta geração;
– Moradores de bairros como Garibaldi, Santa Luzia e Rio da Luz vinham de ônibus exclusivamente para fazer compras no supermercado Breithaupt do Centro;
– Muitos clientes utilizavam sacos de estopa para levar para casa as compras;
Sobre o artigo que você leu
“Antigamente em Jaraguá do Sul” é uma série que investiga, resgata e preserva a memória de histórias, rotinas, pessoas e fatos que moldaram a identidade de nossa cidade. Tem alguma curiosidade ou dica que queira compartilhar com a gente?
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