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Com um acervo de milhares peças, o Museu Emílio da Silva está ativo desde 1971 guardando memórias de Jaraguá do Sul. Pelas salas e corredores do imponente prédio localizado na Praça ngelo Piazera, é possível conhecer os primórdios da colonização.
A estrutura está fechada desde o ano passado por conta da pandemia, então resolvemos passar uma manhã por lá descobrindo objetos históricos curiosos. Essa é uma tour virtual pelo museu.
Os guias são o monitor João de Araújo Vicente e a historiadora Silvia Kita, responsável pelo Arquivo Histórico Municipal.
Prensa de cigarros
Blocos de madeira e ferro, um sobre o outro, deixando uma folga de pequenos buraquinhos circulares onde eram formados os cigarros de antigamente.
Essa prensa era utilizada na Charutaria Butzke, uma proeminente indústria do início do século XX, comandada por Venâncio da Silva Porto.
Segundo Vicente, as folhas de tabaco, mais conhecidas por fumo, eram selecionadas, reduzidas e enroladas em palha de milho ou um papel lâmina, parecido com as sedas que se encontram atualmente.
A prensa deixava os cigarros bem presos e prontos para serem usados.
Segundo informações do Museu, a fumicultura foi uma das primeiras produções rurais que geram renda ao agricultor da Colônia Jaraguá.
Desnatadeira Manual
“Sabe aquela nata gostosa de passar no pão que se compra no supermercado? Antigamente era usada essa máquina para desnatar”, comenta João. “Muitos desses objetos pertenceram ao empreendimento da família Weegee, dono da Malwee”.
A engenhoca de ferro tem um recipiente na parte superior onde era colocado leite fresco. A manivela era girada manualmente e o leite era batido, separando leite desnatado de nata.
A Queijaria e Firma Weege surgiu em 1906 pelas mãos de Wilhelm e Wolfgang Weege – pai de Wander Weegee – e se especializou na produção de laticínios da marca Tabu.
Central telefônica
Nós já contamos a história das telefonistas em Jaraguá do Sul. Nessa mesa chegaram e saíram muitas, muitas ligações. Segundo João, era um terminal utilizado para fazer ligações de longa distância, o DDD.
“A telefonista ficava sentada aqui na frente, lá na sua casa, você fazia a ligação por um telefone de disco que chegava até ela. Quero fazer uma ligação para Curitiba, você passava o número. Daqui a uma hora ela te ligava de volta, a ligação está te esperando”, explica o educador.
Essa central foi utilizada pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de 1985 até 1995.
Urna eleitoral
Quem só votou na vida apertando os botões da urna eletrônica ainda não deve ter visto uma dessas. Era nessa espécie de maleta de lona onde eram depositadas as cédulas eleitorais. O resultado das eleições demorava semanas para ser conhecido. Essa, em específico, foi utilizada em votações na Comarca de Guaramirim.
Calculadoras
Essas são calculadoras. Mas como usa? É difícil desvendar. O modelo da esquerda, a Facit verde, por exemplo, foi muito usado até 1960 em escritórios comerciais.
Era preciso selecionar os números manualmente na parte superior e ao girar a manivela, o resultado era revelado. A calculadora da direita, da marca Famosa, é um pouco mais moderna e já utiliza papel para revelar o cálculo.
Fórceps
Esse objeto de ferro pouco amigável é o fórceps, usado para puxar o neném em partos difíceis. Esse foi utilizado em partos aqui na cidade na época das parteiras e médios parteiros.
Ferro a brasa
Muita gente já deve ter visto um desses, que virou objeto de decoração nas casas – até vaso de flor.
Dentro deles eram colocadas brasas que irradiavam o calor. Era muito trabalho para deixar as roupas bem lisinhas.
“Quantas vezes a gente precisava sair correndo para sacudir ele para a fuligem cair ou para a brasa voltar, encher ele de oxigênio, precisava dar uma boa sacudida”, comenta João.
Teodolito
Essa é uma das primeiras versões do instrumento utilizado atualmente pelos topógrafos. Em síntese, esse é um item que mede as dimensões dos terrenos.
Segundo Silvia Kita, esse teodolito foi utilizado pela família Piazera, que foram os últimos colonizadores do município.
“Depois que o Emílio Carlos Jourdan comprou do Estado (A Colônia Jaraguá), passou para Pacher e Companhia, Domingos da Nova, César Souza e ngelo Piazera, e dali, em 1917, ficou só com ngelo”, explica.
Por isso, a família atuou comercializando terrenos da Colônia, território entre o rio Itapocu e o Jaraguá, e o item foi fundamental para fazer esses negócios.
Lousa e lápis de pedra
Uma lousa como caderno e uma pedra como lápis. Era rotina escolar dos primeiros alunos, colonizadores e imigrantes de Jaraguá do Sul.
“Você escreve, decora e apaga. Ou seja, não tinha livro. Decorou, decorou, não decorou? Entendeu porque as pessoas tinham que ter boa memória? Você escrevia, fazia contas ali também, por isso que nossos pais fazem tudo de cabeça”, comenta Silvia.
Mesa do prefeito
Essa bela mesa em marchetaria foi utilizada por muitos prefeitos de Jaraguá do Sul. Ela foi fabricada por Adolf Hermann Shultze, um marceneiro muito famoso na época.
“Essa mesa ficava na sala do assessor de gabinete e era utilizada para fazer os atos oficiais, para fazer assinatura e fotos”, revela Silvia.
João e Silvia contam que o desenho é a estilização do Brasão da República, desenho que também foi reproduzido no teto de onde era a sala do prefeito na época, hoje a sala do Museu que abriga a mesa.
Baú dos imigrantes
Dentro de caixas de madeira maciça como essa vieram todos os pertences de muitos imigrantes que chegaram a Jaraguá do Sul.
“São baús que as pessoas traziam e ficavam nos pés do casal com as roupas de cama. As pessoas tinham muito poucos trajes, as roupas eram feitas com bons tecidos para durar”, comenta Silvia.
“Era o único guarda-roupa que existia”, completa João. Já pensou, guardar tudo que você tem em um baú como este?
Pilão
Muita gente pode ter um desses em casa, mas aquela versão pequena, de mesa. Antigamente, quem queria farinha, tinha que ir para o pilão de pé. “Como eu sofri com isso aí”, brinca João, ao visualizar os dois pilões do acervo do Museu.
As colheitas de milho e mandioca iam para a estrutura de madeira e eram exaustivamente socadas até se transformarem. Na região, o item também era usado para descascar arroz.
Contrabaixo do Emílio da Silva
Por si só, o instrumento seria histórico pela idade. Mas ganha mais notoriedade por ter pertencido ao historiador que dá nome ao Museu.
O contrabaixo teria sido propriedade de Hermann Purnhagen e contam que foi encontrado por Emílio da Silva em uma edificação abandonada.
Ele, um entusiasta da música, levou o instrumento e revitalizou peça por peça. Com esse violoncelo, Emílio participou em 1956 do movimento musical que deu origem à Scar (Sociedade Cultura Artística).
Privada de quarto, tina de banho e o chuveiro
Esse era o banheiro dos primeiros imigrantes do município. Mas era pra quem tinha dinheiro, pra quem tinha um pouco mais de condições.
O item que mais chama a atenção, certamente, é a privada de madeira que ficava dentro de casa. No buraco, ficava o penico. As pessoas corriam pra usar na madrugada, quando era perigoso sair para os banheiros externos que existiam na época.
Gramofone do Werner Voigt
O irmão mais velho da vitrola se chamava gramofone. Foi uma invenção do alemão Emil Berliner, de 1887. Para escutar a música em um disco, era preciso virar a manivela e ter uma boa dose de paciência. Não vinha uma atrás da outra.
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