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Se você é jaraguaense ou somente passeou pelas ruas de Jaraguá do Sul, certamente percebeu que a rua Coronel Procópio Gomes de Oliveira corta o cemitério central da cidade ao meio.
Fato curioso, porém, é que essa divisão tem um sentido além da coincidência, sabia?
O historiador Ademir Pfiffer conta que o cemitério foi fundado em 1909, no que ainda era considerada área rural da cidade. Depois de mais de um século de crescimento, a estrutura se encontra rodeada de avenidas movimentadas e prédios.
E foi exatamente por essa expansão urbana que o cemitério acabou dividido.
Consta que nos primeiros anos eram cometidas irregularidades técnicas no ato dos enterros (o uso de covas rasas, principalmente, que poderia resultar em epidemias), então as igrejas Católica e Luterana se uniram para regulamentar a higiene do local, e assim cuidar das normas sanitárias e também das regras para a construção de túmulos.
Como cada religião possui suas tradições, ficou definido em 1913, com abertura da Rua Coronel Procópio Gomes de Oliveira , que cada igreja ficaria com um lado do cemitério.
Segundo Pfeiffer, a divisão foi burocrática e também teve relações com algumas diferenças nos rituais de sepultamento de cada religião, mas não houve qualquer conflito como muitos afirmam.
Assim, na época a área ao lado do Rio Itapocu ficou para Igreja Católica, e o outro lado para a Igreja Luterana do Brasil, marcando a história do cemitério do centro com um peculiar caso de divisão religiosa.
Diferenças na arquitetura
Como citado, cada religião tem suas tradições, e isso também se faz presente na arquitetura. Devido aos católicos utilizarem esculturas sacras, os jazigos são reconhecidos por elas. Já os luteranos valorizam a inscrição de epitáfios – uma frase em relevo no túmulo.
Uma curiosidade é que, até a década de 1940, era possível encontrar diversos epitáfios sendo escritos em alemão – depois da 2ª Guerra Mundial, com o processo de nacionalização, as frases começaram ser escritas em português.
Divisão acabou
Atualmente o Cemitério Municipal do Centro é administrado pela Prefeitura. Desde que o poder público passou a organizar a estrutura, não existe mais diferenciação na hora de sepultar alguém, até porque o estado é laico – não pode e não deve distinguir religiões.
A mistura já aconteceu, mas pessoas mais antigas ainda trazem essa diferenciação.
Segundo informações do setor de Patrimônio e Serviços Gerais da Prefeitura, em 2019 existem mais de 2.670 jazigos no chamado lado 1, às margens do rio Itapocu, e em torno de 2.100 no lado 2.
Memorial à tragédia
Em 2013, na parte do cemitério ao lado do rio, foi erguido um memorial às vítimas da explosão da fábrica de pólvora, marcando os 60 anos da tragédia.
O monumento custou R$ 60 mil e foi bancado pelo empresário Werner Voigt. A escultura de concreto foi projetada pelos arquitetos Raphael Cavalcanti e Keidy Cavalcanti da Silva, e representa uma mão em benção, com dez cruzes simbolizando cada uma das vítimas.
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