Indústria e comércio de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, fizeram a doação de plástico e tecido para cenografia e roupagem dos artistas.
A Ópera ”As Bodas de Fígaro”, que será apresentada por alunos e professores do Festival Internacional FEMUSC na próxima sexta-feira, 28/01, conta com mais de 500 quilos de materiais recicláveis, que já foram doados por sete empresas da cidade.
Dentre os produtos encontram-se sobras da fabricação de chapéus e roupas, além de um tecido sintético de alta tecnologia oferecido por uma empresa fabricante de paraglider (equipamento de voo livre), que vai compor todo o cenário da apresentação musical.
Outro exemplo, é a perucaria dos artistas, que está sendo produzida com garrafa pet de 5 litros juntamente com feltro reutilizado; já os cachos de cabelos dos artistas é resultado de um trabalho artístico feito com PVC, que na verdade é usado para expor produtos nas gôndolas de supermercados.
A ideia completa de sustentabilidade e uso desses materiais é do figurinista e cenógrafo do FEMUSC, Márcio Paloschi, que explica:
“Faço pesquisas de esgotamento dos materiais, ou seja, estudo o produto e imagino todas as possibilidades de uso. Descaracterizo o que já foi aproveitado e dou outro sentido ao material. É um ecossistema criativo e sustentável”, destaca Paloschi.
Márcio conta que desde sempre foi desperto para a área criativa:
”Já na escola em situação estudantil, desenvolvia em apresentações este pensar espontâneo. Como profissional com formação acadêmica e prática de trabalho na área, estou atuando a 30 anos. Na Carteira de Trabalho como profissão regulamentada uns 20 anos”, conta Márcio.
O figurinista destaca que é importante gostar do que faz, independente da área de atuação. E também estudar e pesquisar sempre, além do olhar atento.
Nos últimos três anos foi convidado a elaborar os figurinos do festival, Paloschi trabalha com uma equipe construindo, costurando, adereçando. Pois um traje vai dos pés a cabeça com todos elementos pensados para aquele personagem. Neste ano, Márcio assumiu além das roupas e adereços, o cenário. Que foi um grande desafio, pensado encima da economia criativa, ressignificação e reuso.
”Como tudo que faço na área criativa tenho muita atenção. Independente do tamanho e estrutura do trabalho criado tem sua importância. O desenvolvimento com pesquisas de novos materiais e olhares sempre me atraem e me atraíram… O novo por vir!”, destaca Márcio.
O figurinista aplica o chamado “upcycling” nas vestimentas dos artistas da ópera. A prática é conhecida pela criação de novos produtos sem desintegrar peças antigas. No caso de ”As Bodas de Fígaro”, saias femininas de espetáculos anteriores se tornaram capas de vestidos das novas personagens.
“Essa cadeia de ressignificação e de reaproveitamento é fundamental para o meio ambiente e aplico desde que sou jovem, quando participava de congressos de educação ecológica”, relembra Paloschi.
Nesse momento estão sendo realizados os ensaios da Ópera:
Após o espetáculo, parte do material utilizado na ópera será encaminhado para uma escola de samba do Rio Janeiro e para uma ONG de Jaraguá do Sul que produz enxovais para crianças.
“A economia circular não para por aqui”, finaliza o profissional.