Compartilhe este conteúdo agora:
A área urbana tem muitos prédios, edificações bem compactadas, asfalto, algumas praças, mercado e farmácia em cada esquina. São centenas de coisas acontecendo em cada quadra. Mas em meio a selva de pedra, alguns recantos ainda saltam os olhos.
Como se fosse um cartão postal milimetricamente planejado, o cenário tem a casinha antiga, cerca de madeira, gramado bem aparado e ovelhas pelo pasto. Ao fundo o Morro Boa Vista deixando impossível não reconhecer que estamos em Jaraguá do Sul.
Não, não fomos a uma ruazinha de terra bem escondida. É a movimentadíssima José Theodoro Ribeiro. Mas mesmo na velocidade, quem está transitando certamente nota a propriedade da família Drews.
A primeira coisa que chama atenção é todo o verde no meio da cidade. Depois, certamente, são os animais pastando tranquilamente pelo extenso gramadão.
Dário Drews conta que o lugar é mantido por ele, que vive ali, e dois irmãos. A terra está na terceira geração da família: primeiro pertenceu ao avô Henrique Froehlich, passando para a mãe Wally Froehlich Drews e para o pai Otto Drews.
O tamanho do terreno e localização até faz crescer os olhos de quem pensa só em lucros, mas para a família existe um valor maior.
“Seria muito difícil eu ter que me desfazer um dia. Muita gente, crianças, pedem pra ver as ovelhinhas. A gente vê que muita gente para, olha, observa, é gostoso”, afirma.
Entre a roça e a cidade
Dário nasceu no lugar e criou os três filhos junto com a mulher Janira Aparecida Pedri Drews. Com o passar do tempo, viu a Ilha da Figueira crescer e muita coisa mudar.
Até os 20 e poucos anos, ele mesmo só se dedicava ao trabalho na roça junto com o pai. Plantavam milho, aipim, banana, arroz, arrendavam algumas partes, tinham os animais. Depois ele passou a trabalhar fora, mas continuava com as atividades. A jornada ficou dupla.
“Serviço de máquina eu fazia tudo. Eu adoro trabalhar na roça, gosto mesmo. Se fosse para trocar, na hora, mas aí vou morrer de fome. Como uma vez eu tentei, mas a renda é muita pequena, aí vem enchente, as intempéries da natureza”, comenta.
Aprendendo a preservar
Dário acredita que a família está entre os pioneiros do bairro e sempre se dedicou para manter tudo em ordem. Como ele e os irmãos seguem fazendo.
Ele relembra que o pai se preocupava muito em preservar a natureza. “A gente não é de destruir as coisas. Toda essa mata que está ali pra cima, mais uns 700 metros, essa área está desde o tempo do meu avô”, comenta.
Normalmente, a família separava uma área de 100 metros para o plantio. Era feita a roçada de uma parte, corte de árvores para ser usado como lenha para a casa, e depois o plantio.
Em seguida, eles plantavam mudas de ingá e outras árvores e em três, quatro anos, voltavam nessa faixa para retirar a lenha e cultivar. Iam remanejando. Isso para não avançar nas áreas com espécies nativas.
"Méééé"
Atualmente a propriedade foi dividida em pastos para manejo de gado e ovelhas. Os animais são criados pela família para ajudar a manter o lugar em movimento ou para consumo próprio, não geram renda. Na verdade, até custam.
“Não tira nenhum lucro. Mas é bom ir lá, tratar o bicho, ver eles comendo, eles brigam, pulam um em cima do outro para entrar no cocho. É gostoso, isso que compensa, não o financeiro”, destaca, relatando que por mês vão cerca de R$ 600 em ração animal.
“Tinha um casal que trouxe os filhos, um de sete anos ou menos, que veio desesperado lá de trás dizendo que viu um bicho, e era um galo, uma galinha, ele não conhecia o que era uma galinha. Veio todo desesperado. As crianças acham que o leite vem na caixinha. O ovo vem da onde? Muitos têm oportunidade de ver e conhecer”, completa.
Dário acredita que espaços que promovam esse contato com a natureza são importantes no meio urbano, por apresentar essa realidade desconhecida por quem só consome alimentos vindos do supermercado.
“No meu entendimento deveriam ter mais áreas assim. Vamos levar em conta a via verde, uma coisa tão simples que foi feita e olha o movimento que tem. Falta um pouquinho de incentivo”, afirma.
Não esqueça de compartilhar:
Caixa de comentários
VOCÊ TAMBÉM VAI QUERER LER