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Quando falamos de passarinho por aqui, é só amor e suspiros. Com as serpentes, para muita gente rola aquele arrepio. Mas chega mais para conhecer um pouquinho mais sobre esses animais que fazem a natureza ser essa maravilha.
Quem nos guia nessa trilha é o biólogo a Fujama,Christian Raboch, que nos meses de verão vira melhor amigo das cobras por conta do serviço de resgate animal.
“- Alô Fujama, tem uma cobra no meu quintal!”. Lá vão eles fazer o resgate do animal para soltar em uma área de mata nativa.
Cobra boa é cobra viva
Christian ressalta que a maioria das pessoas cresce com a noção de que é melhor matar uma cobra quando se deparar com ela. O que é compreensível, lembra o biólogo, sendo que antigamente não existia acesso fácil a hospitais, postos de saúde e informação sobre as serpentes.
“Às vezes uma picada de cobra podia ser fatal. As pessoas moravam longe dos grandes centros, dos hospitais, então acabavam matando tudo que era cobra e a gente acabou sendo criado com essa mentalidade”, diz.
Com o passar do tempo, os benefícios desses animais começaram a ser percebidos pelo ser humano.
O biólogo ressalta que o primeiro benefício é ecológico, o equilíbrio.
“Elas se alimentam de roedores, de lagartos, de aves, anfíbios, morcegos, peixes, uma grande variedade de animais, e tem animais que se alimentam dela, os gambás, lagartos, gaviões e corujas”, explica.
Depois, vem a questão do próprio soro antiofídico – é preciso da cobra para produzir esse antídoto e ter esse medicamento disponível para as pessoas.
“Se você recebe uma picada de cobra peçonhenta, você precisa ir para o hospital tomar esse soro para se curar e diminuir os sintomas desse veneno no seu organismo”, comenta Christian.
No Brasil, existem quatro grupos de serpentes: das jararacas, das cascáveis, das corais e da surucucu-pico-de-jaca. Cada um desses grupos conta com um soro específico.
“Além da produção do soro, as serpentes têm importância médica. Do veneno da jararaca eles extraem e fazem o captopril, que é um medicamento utilizado para combater a pressão alta, do veneno da cascavel já conseguiram isolar uma parte da substância e criar uma cola biológica utilizada em cirurgias e um analgésico 10 vezes mais potente que a morfina”, exemplifica o biólogo.
A mais temida: Jararaca (Bothrops jararaca)
A imponente jararaca é precedida pelo fato de ser a espécie de cobra que mais causa acidentes ofídicos no Brasil – cerca de 90% deles.
O biólogo Christian destaca que isso acontece porque as cobras do gênero Bothrops, que inclui a jararaca, jararacuçu, entre outras, disferem botes e, claro, são peçonhentas.
“E por que acontecem tantos acidentes? Porque ela tem o habito de caçar parada. Então, se ela se sente ameaçada, ela fica parada, e se algo chega perto, ela acaba desferindo o bote e picando a possível ameça ou até mesmo uma pessoa em uma trilha, ou mexendo em entulho perto de casa”, comenta.
Como o principal alimento dessas cobras são roedores, a dica é deixar o pátio limpo, sem entulhos – porque se houverem ratos, o cheiro da urina pode atrair elas.
Na mata, o de sempre: plena atenção no caminho e estar sempre calçando botas.
A brava: Caninana (Spilotes pullatus)
O biólogo conta que a Caninana, também conhecida como Rateira, não é peçonhenta, mas pode morder quando se sente acuada. Ou seja, ela disfere bote, mesmo que não tenha veneno.
Essas serpentes podem chegar a 2 metros, 2 metros e meio, e são bem comuns na região. Segundo Christian, só em 2020 foram resgatadas 10.
Como um dos nomes diz, a presa preferida delas são os roedores.
A disfarçada: Cipó (Chironius foveatus)
De longe, pode parecer só uma parte da árvore, mas chegando perto, você vai ser os olhinhos dessa serpente.
“O nome já diz, geralmente o pessoal confunde com um cipó, ou ela utiliza dessa coloração e desse corpo fininho para se camuflar e procurar sua presa”, explica, destacando que essas cobras têm hábito de caçar em cima de árvores – se alimentando de sapos, pererecas, rãs, filhotes de passarinho…
A cobra Cipó não é peçonhenta. Mas lembrando que é fácil confundir espécies, então nada de sair pegando cobras por aí.
A poderosa: Coral-verdadeira (Micrurus corallinus)
Com suas cores deslumbrantes, a Coral-verdadeira é a cobra mais venenosa encontrada no Brasil – o veneno dela age diretamente no sistema nervoso. Apesar disso, os acidentes com são raros.
“Elas vivem embaixo da terra, embaixo das folhas procurando alimento. Apesar do veneno dela ser neurotóxico, ser muito potente, as corais não disferem botes, então o acidente com elas só vai ocorrer se a pessoa pegar na mão, manusear esse animal”, diz.
De qualquer forma, fica a dica pra sempre cuidar com amontoados de folhas e galhos, porque se a Coral é mais de boa, tem muitos outros bichos que podem não ser.
Todo mundo sempre fica naquela dúvida, é Coral falsa, é verdadeira. Tem gente que fica olhando a ordem das listras para tentar decifrar, mas não é assim, não.
“No Brasil existem 33 espécies corais verdadeiras e 52 espécies de corais falsas. Para eu conseguir distinguir uma verdadeira de uma falsa, somente especialistas, pelo tipo de dentição”, revela o biólogo.
Outra coisa interessante, segundo Christian, é que as Corais também se alimentam de outras serpentes – inclusive das jararacas.
A fofinha: Cobra-d'água (Erythrolamprus miliaris)
Muito comum e totalmente inofensiva, essa serpente gosta é de ficar perto da água. Ela pode ser encontrada próximo a lagos, rios, ribeirões, comenta o especialista, e se alimenta especialmente de peixes e anfíbios.
Essa cobra pode chegar até 1 metro, 1 metro e 20 de comprimento.
A dorminhoca: Dormideiras (Dipsas spp.)
Essas cobras são as mais comuns em Jaraguá do Sul, com resgates semanais, afirma o biólogo Christian.
Por conta da cor e por ser encontrada enroladinha, muitas pessoas confundem com filhotes de jararaca – mas é sempre bom desconfiar.
“Durante o dia elas ficam dormindo e durante a noite ela sai para procurar alimento, principalmente lesmas e caracóis. Ela é bem comum também nas hortas por conta desse hábito alimentar”, comenta o especialista.
- Tem cobra na sua casa? Chama da Fujama!
Essa matéria trouxe várias informações sobre as cobras pra gente aprender a conviver com elas, mas também não se empolgue achando que vai saber distinguir elas. Apenas o trabalho de um especialista pode de fato identificar esses animais. Se aparecer alguma na sua casa, chama o serviço de resgate da Fujama.
Os chamados podem ser feitos pelo telefone da Fujama, o 3273-8008, de segunda a sexta, das 7h30 às 17 horas. Nos demais horários e fins de semana é possível solicitar o resgate aos Bombeiros, pelo 193.
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