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Ingresso na mão, vencida a fila da pipoca. Um rapaz com simpatia confere a sessão e perfura o bilhete. Basta seguir até a sala, encontrar a poltrona e esperar as luzes se apagarem e o filme, aquela estreia tão esperada, começar.
O caminho para aproveitar o cinema já se sabe de cor. O público já reconhece o bilheteiro entusiasmado com os filmes, os atendentes simpáticos, os corredores e as melhores poltronas, mas pouco sabe sobre a rotina que faz a sétima arte chegar nas telonas de Jaraguá do Sul.
A rede que comanda as cinco salas de cinema está há 13 anos na cidade com uma equipe de 19 pessoas trabalhando de domingo a domingo para manter as 15, 20 – depende da semana – sessões diárias acontecendo no compasso do relógio.
Quem coordena os setores é o gerente da Arcoplex Cinemas em Jaraguá do Sul, Josimar Pedro dos Santos, do seu pequeno escritório, de onde é possível ouvir os efeitos sonoros dos filmes exibidos na sala 2 – o cômodo fica exatamente embaixo desta.
Pura tecnologia
Sentado na poltrona, quem nunca olhou para a janelinha que fica no fundo da sala, de onde é feita a projeção, e imaginou o operador atrás, minutos antes do horário da sessão, se preparando para dar início ao filme?
Bom, isso não acontece mais há um bom tempo. Com a digitalização do cinema, tudo ficou automatizado. Hoje a sessão é programada em um servidor, que inicia automaticamente a exibição no horário pré-determinado.
“É tudo automático, eu programo para ser exibido em tal horário. Então, tem sessão 14h na quarta-feira que vem, já está programado”, comenta o gerente.
Mas esse avanço pode ser considerado bem recente. Até a reforma do cinema no Jaraguá do Sul Park Shopping, antes de 2015, no caso, todas as exibições eram feitas com película 35 milímetros. Sim, aquele “rolo de filme”. Agora, a rotina é outra.
“Baixamos via satélite, arquivamos e dividimos nos servidores das devidas salas e as próprias distribuidoras, das empresas que fazem os filmes, mandam uma chave de desencriptação para poder exibir o filme em cada sala”, comenta Josimar. “É burocrático, mas é mais fácil”.
Equipamentos
As salas 1, 2 e 3 contam com tecnologia idêntica. Os projetores, aparelhos bem grandes que custaram cerca de R$ 500 mil cada, e equipamentos de som, ficam localizados em um corredor no G3. Os aparelhos de ar-condicionado também ficam ali.
Esses projetores podem exibir filmes 3D, basta ser acoplada uma janela multimídia. Mas normalmente as sessões com esse tipo de efeito visual acontecem na sala 3, que tem a tela em um cinza brilhante, que também ajuda no resultado final. Todas as telas são feitas de uma espécie de borracha e as demais são brancas.
Os projetores e equipamentos das salas 4 e 5, que são menores, ficam em outro corredor do mesmo andar.
Diferente de antigamente, quando as sessões tinham que ser acionadas e existia aquele “quartinho” de filmes com as películas, essa área só é acessada por Josimar, que é responsável por programar as sessões toda semana, de acordo com uma agenda que é determinada pela rede.
Além de Josimar, acessam a área somente a equipe de manutenção e alguns curiosos, como a jornalista que vos fala, alunos em excursões de escolas ou acadêmicos que costumam estudar o cinema como case de administração.
Logo atrás da bomboniere do cinema, no corredor de acesso à sala de Josimar, também fica um terminal que pode acessar os servidores das demais salas em caso de algum imprevisto, facilitando o trabalho.
Para manter tudo isso ligado, imagina a conta de luz: o cinema gasta em média R$ 30 mil por mês com energia, revela Josimar.
Quem faz o cinema rodar
A rotina começa cedo. Pelas 7 horas da manhã chegam os primeiros profissionais: as zeladoras que limpam todas as salas, banheiros e áreas comuns.
Equipe de atendimento chega pelas 13 horas para começar a atender o público. Dependendo do horário da primeira sessão, que depende do tempo de duração dos filmes, podem chegar mais cedo.
Pelo menos dois funcionários vão até a última sessão, que pode chegar a terminar depois de meia noite. O restante dos profissionais terminam a rotina pelas 22 horas.
São cinco salas, todas elas com filmes rodando todos os dias da semana. Quem trabalha ali, costuma gostar de cinema.
“Normalmente quem trabalha aqui nas folgas vem no cinema, o pessoal gosta mesmo. O trabalho é prazeroso, não é pesado, só que em compensação a carga horária é pesada, tem que vir domingo a tarde, sábado a tarde. Tem gente que não se adapta”, comenta Josimar.
O principal é ter jogo de cintura para atender os clientes. Problema mesmo são três: falta de internet, de energia ou problemas técnicos. Esses acontecimentos, não têm como contornar.
“Hoje em dia se cai a internet dá um problemão, não consigo mais vender ingressos, não passa cartão… Falta de energia é a mesma coisa, Infelizmente o cinema não tem gerador. O custo é alto e a frequência de falta de energia não é tão grande assim, então não é viável”, diz o gerente.
Supremacia do dublado
O público que assiste só a filmes legendados pode até reclamar, mas disparadamente a preferência massiva é pelas sessões filmes dublados.
“Se colocar dois filmes na mesma hora, dublado e legendado, você vai ver a diferença. Uma sala vai lotar e a outra não vai”, explica o gerente da rede.
Mas também outros fatores influenciam, como as negociações com a distribuidora.
Muitas vezes o cinema ganha acesso mais fácil a alguns filmes e acaba não disponibilizando duas sessões do mesmo título – e se tem só uma sessão, vai ser dublada.
A lucratividade de cada filme é importante porque o cinema recebe 50% da arrecadação, o resto é pago a distribuidoras.
Cheiro de pipoca tá rolando no ar
Centenas de pessoas passam pelas cinco salas de cinema de Jaraguá do Sul todo mês. E grande parte delas, pra não dizer a maioria, vai acompanhada do clássico pacote cheio de pipoca fresquinha.
Assim como é difícil mensurar o público que passa todo mês pelo cinema, já que muito depende do que está em cartaz, também não dá para calcular um consumo médio de pipoca.
Mas dá para considerar um consumo mínimo: pelo menos 560 quilos de milho são estourados por mês. A maioria é para a pipoca salgada, que demanda por baixo 20 sacos de 25 quilos.
As doces vêm em outra forma, com kits de preparo junto com a calda e são consumidas no mínimo 60 caixas de um quilo.
Numa continha bem marota, considerando os consumos mínimos, seriam 6 toneladas de pipoca por ano.
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