Compartilhe este conteúdo agora:
Senta, deita, rola, finge de morto… Com esses comandos, dificilmente não vem à mente a cena de um humano tentando treinar seu amigo cão. Quem tem um de estimação, certamente já passou por esse momento – alguns com sucesso, outros nem tanto.
Nos casos mais extremos ou naqueles em que o tutor não tem o tempo para a tarefa, entra em ação o especialista.
Adestrar cães pode ser uma forma de viver a vida e para falar um pouco sobre essa profissão buscamos dois profissionais diferentes da área: o adestrador Alex Picarella, que trabalha com a reabilitação de cachorros há mais de 20 anos; e o policial Militar Marcos Paulo Cattoni, que ajudou a implantar a nova modalidade de policiamento na cidade.
E a gente já adianta uma coisa: os dois são completamente apaixonados pelo que fazem e nos contaram tim-tim por tim-tim como é essa rotina.
As coisas mais bacanas de ser um adestrador
1 – Convívio e vínculo com os animais
Gostar de animais é o principal requisito para quem trabalha com a cinotécnica (técnica de treino de cães), e acaba sendo uma das partes mais prazerosas da profissão.
“O bacana de trabalhar com cães é o vínculo que a gente acaba tendo com os animais. Como acontece o convívio frequente, criamos um apego e carinho pelos animais. O nome de cada um fica guardado na memória, e todo dia é um aprendizado novo, afinal eles são únicos e diferentes”, conta Alex.
Já no caso os cães que são treinados especificamente para a ação policial, a rotina é um pouco diferente. Eles acabam sendo como pessoas, que tem um horário de trabalho e outro de sossego, revela Cattoni.
“O cão policial tem uma rotina diferente, e treina diariamente em períodos fracionados. Porém ele vive junto de seu condutor. Mesmo nas horas de folga do policial, o cão vai junto com ele para sua casa relaxar. Eles têm a vida em liberdade que tanto gostam, tornando-os tranquilos para o próximo trabalho, diferente dos animais que ficam em canis”, aponta.
2 – Orgulho pelos resultados alcançados
Nada melhor do que terminar um trabalho, olhar para ele e sentir orgulho da evolução e do resultado final, não é? Pois é exatamente assim que um adestrador se sente, vendo a evolução do cachorro durante o processo e também no final dele.
Alex destaca como é gratificante esse trabalho. “Um exemplo é treinar um cão de faro, e ele atingir êxito nas buscas. É ali que a gente vê que o nosso empenho valeu a pena, e está servindo para ajudar as pessoas”, comenta.
Da mesma forma para o policial. “É muito bom perceber a gratidão das pessoas após o resultado positivo na resolução de um problema em que o binômio homem/cão foram peças fundamentais no sucesso. É neste momento que vemos na prática todo o resultado do esforço no treinamento do cão”, diz Cattoni.
3 – Conseguir superar as dificuldades
Uma das maiores conquistas de um adestrador, que trabalha com reabilitação de cães agressivos, é poder ver a mudança completa do cão.
“Cheguei a lidar com animais que atacaram os próprios donos. Apesar de ser um trabalho tenso e demorado, é muito prazeroso, pois sei que estou ajudando a transformar completamente a vida do cão e da família”, complementa Alex.
As partes mais difíceis de ser um adestrador
1 – Lidar com as pessoas
Pode parecer meio estranho este tópico, mas em algumas situações, a dificuldade do relacionamento não é com o animal, e sim com as pessoas.
“Muita gente acaba resistindo aos nossos comandos, por acharem que aquilo não é bom para o cão. E outros acabam humanizando demais os animais; visto de forma profissional existem certos exageros e entramos num processo para fazê-los entender isso”, conta o adestrador Alex.
Ele ainda acrescenta que é necessário que os donos dos pets tenham responsabilidade e assumam os treinos como foi ensinado pelo adestrador, assim o cão evolui com maior facilidade.
2 – Não saber o que vai enfrentar no dia a dia
A rotina de um adestrador é uma caixinha de surpresas, porque é difícil prever o que pode acontecer quando se trata de comportamento animal. Claro que todo profissional passa por perrengues, e no adestramento um deles é lidar com os cães agressivos.
O Alex, por exemplo, já passou por alguns acidentes desses durante os trabalhos de reabilitação de cachorros. Mas ele leva isso como aqueles percalços da vida, afinal em qual profissão acidentes não acontecem?
“A história é longa, mas esse trabalho é gratificante, hoje não me vejo fazendo nada diferente”, analisa.
O dia a dia também é um desafio para o policial Cattoni, afinal ele também nunca sabe o que terá que enfrentar com o companheiro Eros.
“É preciso ter calma e sabedoria para resolver todos os impasses, e voltar para casa com a consciência de termos feito o nosso melhor”, completa o policial.
Quanto tempo demora para adestrar um cão?
Assim como para é muito relativo o tempo que leva para o ser humano se adaptar a mudanças, para os cãezinhos também. Na verdade, tudo vai depender de como cada um vai reagir aos treinos.
De acordo com o adestrador Alex, um cão equilibrado e mais sociável, que precisa somente de um treinamento de obediência básica, é necessário uma média de 40 a 50 aulas.
Outros tipos de treinamento, como guarda e proteção de residências, e recusa de alimentos envenenados, por exemplo, podem levar ainda mais tempo.
“Vai depender muito do que os donos querem. Quanto mais requisitos, mais tipos de treinamentos serão feitos e, consequentemente, mais tempo vai demorar”, explica.
Já um cão policial, assim como cães de esporte, começa a treinar desde filhote, e esse treinamento nunca para.
Segundo o policial Cattoni, com o passar do tempo o cão já pode estagiar na PM em algumas situações, e entre seus 18 e 24 meses de vida já está apto a atuar em determinadas ocorrências.
“E isso ainda vai depender da raça e também do avanço no treinamento”, conclui.
- Como ser um adestrador?
É necessário se preparar por meio de cursos de capacitação, e não dispensar seminários com pessoas experientes na área. Além disso, é sempre recomendável buscar por instituições referência que serão capazes de contribuir para o aprendizado do profissional.
O perfil de um adestrador de cães deve ser bem específico, tendo como pré-requisitos gostar de lidar com animais, ser organizado, destemido, disciplinado, paciente e perseverante, pois o trabalho é difícil e nem sempre o resultado será imediato.
Um adestrador de cães pode trabalhar como auxiliar de veterinário ou, se preferir, de forma particular. Também em áreas específicas, como é o caso do adestrador de cães policiais e bombeiros.
Não esqueça de compartilhar:
Caixa de comentários
VOCÊ TAMBÉM VAI QUERER LER