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Nossa homenagem a este notável cidadão e empreendedor jaraguaense, provas do quão digno é de admiração e respeito. As informações a seguir foram pesquisadas no livro “Eggon João Silva – Idéias e Caminhos: A trajetória de um dos fundadores da WEG“, escrito por Sonia Diegues e Léo Bruno.
Sr. Eggon foi um educador
“Mais do que investir em produtos, temos de apostar nas pessoas, porque qualquer resultado sempre estará associado à maneira particular como as pessoas desenvolvem seu trabalho”.
Eggon Silva sabia da importância de desenvolver as pessoas que trabalhavam ao seu redor para obter grandes resultados. E praticava isso de maneira rotineira dando desafios e responsabilidades, e também com as ferramentas formais, como cursos e capacitações.
Uma das principais ações, junto com os sócios-fundadores Werner Voigt e Geraldo Werninghaus, foi a criação do Centroweg em 1968, inspirado no modelo alemão de escola de ofício. A primeira turma teve oito alunos, incluindo o próprio filho dele, Décio Silva, que hoje lidera o Conselho Administrativo. Insatisfeito com o pequeno número, ele saiu pessoalmente para buscar novos alunos, fazendo palestras em escolas da região, pois faltavam pessoas qualificadas para atuar na empresa.
Já no final da década de 70, Eggon criou em parceria com a Prefeitura, um programa de educação básica para adultos, para que todos os funcionários tivessem o primeiro grau completo. O que o motivou foi um levantamento de que mais de 3 mil trabalhadores na época não tinham esse grau de escolaridade.
Durante sua gestão na empresa Perdigão, implantou o programa SEMEAR para preparar novas gerações para o mundo dos negócios, atendendo filhos de agricultores e pecuaristas que vivem próximos da Escola Eggon Silva, que fica no município de Videira, em Santa Catarina. A primeira turma terminou o a formação no final de 2007.
Soube compartilhar resultados e delegar decisões
“Homens você não pode comprar nem pedir emprestado, e homens motivados por uma ideia são a base do êxito”.
Em meio a crise de 1991, numa atitude audaciosa, dentro do espírito que Eggon Silva pregava sobre a distribuição de méritos, foi criado o Programa WEG de Qualidade e Produtividade. Isso bem antes da medida provisória nacional que dava o direito aos funcionários a divisão de lucros das empresas, aprovada em 1994. O programa estabeleceu metas acordadas com os próprios colaboradores para distribuição dos montantes arrecadados. Para efetivar o sistema foi criada a WEG Seguridade Social.
Também criou um modelo de gestão participativa junto com Geraldo e Werner. Em paralelo a estrutura de hierarquia, criou os Circulos de Controle de Qualidade (CCQs) para mobilizar a inteligência e motivação dos funcionários rumo a excelência das operações. Assim, criou integração entre os departamentos com foco na troca de experiências. A tomada de decisões estava sempre pautada na troca de ideias, criando uma rede interdisciplinar com o único intuito de buscar soluções, e não somente técnicas, mas também estratégicas.
Tinha visão estratégica
“É importante atuar pensando no futuro, e não só nas nossas necessidades atuais”.
Um dos maiores exemplos da habilidade estrategista de Eggon Silva foi um fato ocorrido em meados de 1960. A realidade empresarial apresentava dois modelos de corrente tecnológica: na Alemanha, o sistema métrico, e nos Estados Unidos, o sistema de polegadas. Werner e Geraldo, pautados no conhecimento técnico, acreditavam que o modelo métrico seria o mais indicado para se adotado. Eggon acreditou fielmente nos companheiros, e seguiu a intuição para a compra do modelo.
Conseguiu recursos financeiros no BNDES para a compra e os companheiros prepararam a fábrica para receber o sistema métrico. Anos seguintes, a ABNT (associação Brasileira de Normas Técnicas) oficializou o uso dessas normas. Assim, a WEG deu origem a normalização de motores elétricos dentro da ABNT.
Eggon foi o responsável por unir o trio. Foi quem apresentou Werner e Geraldo, motivado por uma informação que obtivera de um empresário da região, a respeito dos atrasos nos prazos de fornecimento dos motores que vinham de São Paulo para empresas de balcões frigoríficos.
Mas, como um grande estrategista, sabia que a empresa não poderia se restringir a um único produto. Queria assegurar a longevidade da empresa, ampliando as vendas. Depois de experiência fracassada de parceria, em 1980 foi montada a WEG Máquinas para produtores de grande porte e geradores elétricos. No ano seguinte, veio a WEG Transformadores, mesmo ano em que é criada a WEG Acionamentos. Começam então a fabricar painéis elétricos de baixa e média tensão e centros de controle de motores. Mesma época em que adquirem tecnologia para produzir inversores de frequência e conversores de corrente. E por ai seguiu expandindo focado na diversificação.
Soube o momento de passar o bastão
“Eu percebi que era o meu momento de ir para o Conselho, vendo experiências negativas de empresas que foram criadas e destruídas pelo próprio criador”.
Somando 28 anos de direção executiva bem sucedida, Eggon Silva sentiu que era a hora de deixar a cadeira. Para presidir a WEG, os fundadores decidiram que o candidato seria eleito, democraticamente por eles, mais os diretores e os executivos. Os concorrentes deveriam pertencer ao quadro interno de executivos, para consolidar o sentimento de que um bom profissional pode crescer dentro da empresa.
A ideia foi fazer uma sucessão de gerações. Era 1988, Eggon, aos 60, não queria ser substituído por alguém de sua época, mas sim, um jovem. Seu filho, Décio Silva, engenheiro mecânico com 33 anos e tendo a primeira formação o Centroweg, acabou sendo eleito com grande margem de votos.
Apesar da experiência do filho, Eggon foi surpreendido com o resultado, e questionou “Será que ele foi escolhido por seus méritos ou por ser meu filho?”. Mas os próprios sócios, Geraldo e Werner ressaltaram que Décio era o concorrente com as melhores competências para o cargo. Em 2007, foi a vez de o filho ser sucedido por Harry Schmelzer Jr, também profissional de carreira da WEG.
Assumiu desafios além da WEG
“A empresa não é um empreendimento apenas para enriquecer a família, mas antes de tudo um bem para fazer a riqueza da sociedade e do país”.
Mesmo com o peso de uma grande empresa para guiar, Eggon Silva sempre foi guiado pela vontade de desenvolver pessoas, de transformar todo o contexto. E assim, não se dedicou somente à WEG, foi responsável pelo conselho administrativo da Oxford, Tigre, Marisol e Perdigão. Nesta última, foi inclusive o diretor presidente entre 1994 e 1995, momento em que cumpriu uma dura missão de recuperação financeira da empresa. Nesse período de administração, a empresa já registrava lucro de R$ 15 milhões.
Eggon investiu muito além dos muros da empresa. Sempre anonimamente, distribuiu recursos para Jaraguá do Sul e região, melhorando a qualidade de serviços importantes, como a saúde pública. Nunca precisou de títulos ou homenagens para fazer o bem, mas as recebeu de qualquer forma, por ser um exemplo para muitos pela simplicidade e magnitude de suas ações.
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