Uma história de superação e amor entre espécies vem chamando atenção: Mocha, uma cachorrinha resgatada das ruas da Jamaica, assumiu um papel inusitado e emocionante — ela ajuda a tutora a cuidar de gatinhos órfãos. A cachorra, que foi encontrada em 2022 com uma grave fratura na perna, agora é uma verdadeira mãe substituta para felinos resgatados.
O resgate de Mocha foi realizado por Sabii Hector, um ativista da causa animal em Montego Bay, Jamaica. “Felizmente, ela não precisou de cirurgia porque, em um determinado ponto, estávamos considerando amputação”, relembra Sabii. Após o tratamento e a recuperação, a cadela mostrou um instinto surpreendente: passou a cuidar dos gatinhos resgatados pela tutora.
Sabii sempre acolheu filhotes de gatos abandonados nas ruas, e Mocha se tornou uma aliada inseparável. “Ela ama os gatinhos e trata todos como se fossem seus próprios filhotes. Ajuda a alimentá-los e até corrigir comportamentos agressivos”, conta Sabii.
O primeiro “filho” adotivo
O primeiro encontro de Mocha com um filhote foi com Grogu, um gatinho de apenas quatro dias de idade. Sabii foi recebido sobre a ocorrência da cadela, mas rapidamente se surpreendeu. “No começo, mantive Grogu longe dela porque não tinha certeza de como ela reagiu, mas isso durou apenas um dia. Ela sentiu o cheiro, lambeu o rosto dele e ficou preocupado”, diz.
Desde então, Mocha passou a tratar Grogu como seu próprio filhote, observando todas as mamadas e até tentando estimulá-lo a fazer suas necessidades, mesmo sem nunca ter sido mãe. “Quase toda mamada, ela observava atentamente, e adorava no final, quando conseguia limpar o leite ao redor da boca dele”, explica o tutor.
Cuidando de 30 gatinhos
A dedicação de Mocha não parou em Grogu. Desde o resgate do primeiro filhote, a cadela já cuidou de cerca de 30 gatinhos, sempre com o mesmo carinho. “Ela me ajudou a acolher e criar de 20 a 30 gatinhos só desde o ano passado”, revela Sabii.
Curiosamente, a atenção de Mocha é exclusiva para gatos. “De vez em quando, pegávamos um filhote de cachorrinho, e ela não estava nem um pouco interessada. Mas com os filhotes de gato, sempre ficava animado e muito protetor.”
A rotina é intensa, com cuidados começando cedo. “Normalmente, ela acorda por volta das 6h30, e é quando fazemos a primeira alimentação e limpeza”, descreve Sabii. A última refeição dos filhotes é às 2h da manhã, tornando o dia bastante corrido para Sabii e Mocha. “Depois da última alimentação, vamos para a cama e fazemos tudo de novo em cinco horas”, relata.
Além de ajudar a alimentar, Mocha ainda se preocupa com o comportamento dos gatinhos. “Se os gatinhos estiverem brincando e ela achar que é muita violência, ela vai separá-los ou, se um mais velho estiver sendo mau com um dos mais novos, ela tenta tirá-lo da situação”, afirma o tutor.
Sabii acredita que a experiência de viver nas ruas tenha moldado o comportamento protetor de Mocha. “Acho que criar gatinhos ajudou Mocha a dar aquele amor e atenção que ela não necessariamente teve nas primeiras semanas, e ela se tornou uma cadela naturalmente protetora. Ela não gosta de ver ninguém machucar seus bebês”, conclui.