Em 8 de janeiro comemora-se o Dia do Fotógrafo. A data tem origem nesse mesmo dia, no ano de 1840, quando a primeira câmera fotográfica chegou ao Brasil. O equipamento, conhecido como daguerreótipo, foi encomendado por D. Pedro II. Desde então, o ramo evoluiu e cada vez mais profissionais passaram a demonstrar todo o seu talento através das lentes.
O fotógrafo é o profissional com olhar atento, que capta os pequenos detalhes e faz com que muitos momentos fiquem eternizados em uma fotografia. Em Jaraguá do Sul e região não é diferente, por isso, o Por Acaso conversou com alguns fotógrafos incríveis que se destacam em diferentes especialidades e tem o dom de contar histórias através de imagens. Tem até dicas para quem quer começar neste ramo!
Casamentos através das lentes – Fernanda Moraes
Fernanda Moraes é fotógrafa em Guaramirim e atua no ramo há mais de 10 anos. É especialista em casamentos, realizando mais de 250, e também outros tipos de ensaios, como de gestantes, famílias e também eventos. Em entrevista ao Por Acaso, ela contou detalhes de como começou na fotografia e também disse o que mais a motiva no ramo.
“O que mais me inspira na fotografia é que eu sei que o momento que estou registrando nunca mais vai voltar, é único. Vai se passar anos e anos e aquilo é eternizado, então para mim a fotografia é um momento único que fica para sempre”, conta a profissional.
Ela explicou um pouco sobre como trabalha para deixar o cliente à vontade para as fotos. “Geralmente a gente já leva as ideias prontas, conversamos com o cliente para ver o que ele necessita e deseja e então na hora fica muito mais fácil, porque a gente reproduz as ideias.”
A experiência da fotógrafa faz toda a diferença para garantir um desempenho excelente em cada ensaio. “Clientes tímidos sempre tem, mas vai muito de como a gente lida com isso. Como eu trabalho há quase 11 anos nesse ramo, pra mim é muito tranquilo, pois já sei como lidar com isso”, diz.
Porém, o trabalho do fotógrafo muitas vezes é árduo e exige grande dedicação e vontade, principalmente em situações extremas, como na pandemia de covid-19, que causou imensos transtornos para profissionais de todos os setores da economia, principalmente para quem trabalha com eventos, como é o caso de muitos fotógrafos.
Determinadas atividades que dependem de contato presencial ficaram totalmente paralisadas neste período, como é o caso da fotografia, levando muitos profissionais a situações de emergência muito além da crise sanitária e da covid-19. “Foi muito difícil, principalmente para quem trabalha com eventos, como é o meu caso, que tenho foco em casamentos. A gente sofreu bastante com as remarcações, cancelamentos, fim dos eventos. Nesta época, quem era pequeno no ramo da fotografia teve que procurar outra opção de renda”, explica Fernanda.
De acordo com a fotógrafa, para sobreviver no mercado concorrido de hoje em dia, o nome conta muito, pois quem está começando no ramo costuma colocar valores muito abaixo do mercado, o que prejudica quem está iniciando e também os mais antigos. “Hoje eu consigo sobreviver na fotografia por causa do nome que eu carrego, pela história e carreira que construí, senão eu já teria desistido do ramo, já que trabalho só com isso”, relata.
Fernanda já fotografou incontáveis pessoas e eventos e tem o dom de contar histórias através das lentes há 11 anos, mas a história de superação dela é a mais marcante da sua carreira. Ela começou a fotografar a filha de quase um ano de idade quando pediu a conta na empresa em que trabalhava e precisava pagar farmácia, comprar fraldas e pagar a conta de luz, pois senão iriam cortar a energia elétrica da casa dela.
“Peguei o valor do meu acerto de R$ 1200 e comprei uma câmera e com os R$ 50 que sobraram coloquei gasolina no carro. Quando cheguei em casa toda feliz com a câmera, tinham cortado a minha luz e a minha filha não tinha fraldas para usar. Como eu não queria voltar para a empresa que trabalhava, eu pensei que uma solução seria ir atrás dos meus sonhos para assim poder cuidar da minha filha que tinha só oito meses. Passei uma semana com a luz cortada e sem fraldas para ela e então comecei a fazer os meus trabalhos, principalmente ensaios de gestante”, explica.
Com indicações e muita dedicação ela conseguiu crescer aos poucos, sempre levando a filha junto nos primeiros eventos, com muito apoio dos clientes que viam o quanto ela se esforçava para dar uma vida melhor para a criança. E deu tudo certo, hoje ela tem 12 anos de idade.
“Não me arrependo, pois se eu não tivesse tido a coragem de fazer isso, talvez eu ainda estaria trabalhando na empresa e ganhando um salário baixo. Hoje consegui realizar o sonho de ter a minha casa própria, além de ter conquistado todos os meus equipamentos. Tudo o que tenho hoje vem da fotografia e eu só tenho a agradecer por ter coragem de ter metido a cara”, diz.
Para quem quer seguir no ramo, Fernanda dá uma dica valiosa: “Não adianta fazer curso de fotografia se você não tiver o dom. Eu nunca fiz nenhum curso, pretendo me especializar sim, mas ao invés de investir em cursos eu preferi investir em equipamentos. Se você tem o dom, você vai pra frente com certeza, pois a fotografia precisa da sensibilidade e do olhar. Você cresce aprendendo cada dia mais, cada lugar que você vai é um aprendizado, então a dica é essa, colocar a mão na massa!”
Você pode ver os trabalhos de Fernanda estão no Instagram profissional @fernandamoraesfotografa e Facebook, mas o Por Acaso separou algumas fotos incríveis da profissional:
Empatia e singularidade – Chuane Louise
Já a fotógrafa Chuane Louise Treib atua em Jaraguá do Sul e é especialista em transmitir sentimentos e história em cada fotografia, seja em momentos especiais ou com o foco de fazer cada modelo enxergar a melhor de si mesmo. A foto é uma grande aliada no resgate do amor próprio e da auto aceitação, servindo não só para registrar momentos especiais, mas também para adquirir mais confiança.
“O que mais me encanta na fotografia é, sem dúvidas, o poder que ela te dá para contar histórias e construir um mundo inteiro dentro de um frame. Minhas ideias partem principalmente da pessoa que está lá naquele momento, me proporcionando a oportunidade de criar. Seja uma família, um casal, uma única pessoa, sempre existe uma história inteira e um sentimento dentro de cada ensaio que cria toda a atmosfera para que ele vire único”, explica ela.
Ampliar as referências é sempre uma ótima maneira de gerar novas ideias. Quanto se trata de um aspecto tão visual, como a fotografia, é essencial. A maioria dos profissionais que atuam no ramo procura inspiração em outros grandes trabalhos já feitos, sejam nacionais ou internacionais.
Há anos, Chuane acompanha o trabalho do renomado fotógrafo nacional Jorge Bispo. “Sempre consegue mostrar o mais íntimo e especial de todas as personalidades que ele fotografa. Quase como se mostrasse pra gente um outro lado daquela pessoa. Com certeza é uma grande inspiração e me dá uma luz do que eu gostaria de seguir”, explica.
Assim como Fernanda, Chuane também enfrenta desafios diários na profissão. “Focar na sua personalidade artística, encontrar o seu estilo, a sua arte e conseguir um público dentro de tantos outros que preferem ensaios mais tradicionais, é muito difícil. Sem querer a gente se vê seguindo um caminho que não é o nosso só pra poder fechar um trabalho”.
Para se destacar no mundo da fotografia, empatia é a palavra chave. Muitos clientes acabam ficando um pouco tímidos na hora da foto, e um profissional que sabe lidar com isso faz a diferença não só na hora do ensaio, mas também na vida do fotografado. Com muita comunicação e conversa, a fotógrafa entende o sentimento de cada cliente antes de cada clique.
“É muito importante saber da trajetória daquela pessoa e o que levou ela até aquele momento, fazendo um projeto tão legal com você. Tento sempre manter o ambiente o mais familiar e confortável possível dentro das singularidades de cada pessoa”, conta ela.
De acordo com a fotógrafa, um dos momentos mais marcantes da sua carreira foi quando ela fez um ensaio para uma amiga que surpreendeu os pais com um casamento que eles nunca conseguiram ter. “Ela revelou a surpresa durante as fotos e foi muito bacana, muito emocionante fazer parte de um momento tão especial”, relata.
Por fim, Chuane não deixa de dar uma dica para quem quer seguir na área. “Hoje com as redes sociais o trabalho se tornou muito mais técnico do que deveria. Além de fotógrafo, a gente tem que ser social media também. Infelizmente o engajamento atrai mais do que o trabalho em si, então a dica é focar muito no seu público, em divulgar por aí e da forma mais criativa que você conseguir. Sem uma marca bacana, está sendo muito difícil encontrar seu público ideal”, finaliza.
Para conhecer mais os trabalhos da fotógrafa, fique ligado no Instagram dela @chuanelouise, onde estão vários cliques de trabalhos lindos. Mas para matar um pouquinho a curiosidade, o Por Acaso separou algumas fotos produzidas pela artista.
Esportes radicais através das lentes – Mateus Bueno
O fotógrafo Mateus Bueno também é natural de Jaraguá do Sul, tem 22 anos e atua no ramo há cerca de sete anos. Desde o início da carreira ele vê a fotografia como uma paixão e procura entregar trabalhos que encantem os olhos e o coração de cada pessoa fotografada.
“O que mais me inspira é aquele momento em que você dá o clique e chama o cliente para ver a foto e ele dá aquele sorriso e fala ‘nossa ficou muito bom’. São por essas reações que eu ainda estou na fotografia, os sorrisos, harmonia e felicidade das pessoas. Às vezes a pessoa estava passando por um momento difícil, sem autoestima, e transformar essas ideias através da fotografia tem sido algo maravilhoso”, explica.
A inspiração para as fotos de Mateus vem muitas vezes do cinema. De acordo com ele, por mais que o cinema seja composto por takes, tomadas e vídeos, a composição cinematográfica é o que ele leva como referência para dentro da fotografia. Para o fotógrafo, uma grande referência é Spike Lee, um dos maiores diretores de cinema do mundo, muito focado em filmes e documentários de injúria racial com uma qualidade técnica de produção excepcional.
Já no Brasil, Matheus cita como referência o fotógrafo curitibano Pablo Vaz, um nome marcante no mundo dos esportes radicais que já fez campanhas para diversas marcas grandes.
O artista explica que manter a essência e continuar sendo quem você é, é um dos principais desafios dos fotógrafos no mercado concorrido de hoje em dia. “Com as dificuldades financeiras, a tendência é fazer coisas não porque você quer, mas porque precisa. Mas não necessariamente você precisa deixar de ser quem é, em tudo o que a gente faz podemos levar um pedacinho do que aprendemos na nossa vida, das nossas referências. Às vezes o cliente não vai enxergar tudo, mas é nosso dever mostrar porque fazemos de certa maneira. Quanto mais a gente sai da nossa linha de pensamento para ter de agradar outras pessoas, é mais difícil conseguir voltar para ela”, diz.
Ele também conta que sempre teve muita facilidade para fazer amizade, antes mesmo de fotografar, e que isso é um ponto que faz a diferença na rotina de trabalho. “Sempre procuro conversar muito com os meus clientes para que não seja só uma relação de cliente e fotógrafo, mas sim uma relação de amizade. Mesmo assim, muitas pessoas tem timidez em frente as lentes, porém é algo que conforme a sessão é feita, eu consigo registrar exatamente o que é necessário, até mesmo fazer a pessoa rir.”
Matheus é referência em tirar fotos espontâneas, o que ocorre com uma relação de confiança entre o profissional e o fotografado. “As fotos espontâneas são as que trazem um resultado final mais próximo do que eu preciso. Mas isso é com o passar do tempo, a maior parte das pessoas nunca foi fotografada, então é muito comum ficar tímido”, explica.
Para motivar quem está começando no ramo, ele compartilhou com a equipe do Por Acaso um momento especial dos seus primeiros trabalhos com fotografia. Ele conta que sempre gostou muito de fotografar o mundo dos esportes radicais no geral e o primeiro grande evento nacional em que atuou foi um campeonato de skate. Na época sem muitos recursos financeiros para comprar uma câmera profissional e equipamentos, mas começou aos poucos.
“Neste primeiro evento fotografei todo mundo, editei e publiquei. Enviei para vários atletas e marcas, até que uma marca chamada Element, referência no mundo do skate, publicou uma foto minha, coisa que hoje em dia é muito difícil, pois não fui mais para campeonatos. Foi muito interessante, pois foi o primeiro campeonato que eu fui, com a câmera mais simples que já fotografei, foi um dos resultados mais significativos para mim”, conta ele.
Matheus finaliza deixando uma dica para quem pensa em entrar na área. “Não entre nesse mundo da fotografia por necessidade. Muita gente acha que dá dinheiro e pergunta como entrar, mas se você entrar por necessidade e não por amor o trabalho se torna pesado e você desiste na primeira dificuldade.”
“Por mais que eu já tenha passado por dificuldades com vários clientes, eu continuo amando demais a fotografia e vou fotografar pela minha vida inteira sem nenhum peso”, finaliza.
Se interessou em ver os trabalhos do Matheus? Ele publica diversas fotos no Instagram profissional @bueno_image:
Fotografando movimento, vida e amor – Denis Natan
Denis Natan também é um dos fotógrafos renomados da região e está há mais de 12 anos no ramo, fotografando mulheres, homens, casais, gestantes, ensaio sensual, de moda, no meio da floresta , no centro de uma cidade, no aconchego de casa e até cobertos de areia. O foco do artista é contar histórias através das fotos.
“O que mais me inspira na fotografia é a vida em si, observar todas as coisas à nossa volta, a natureza, o sol, as pessoas. O que me dá vontade de fotografar é contar essas histórias, mostrar o mundo ao mundo. As minhas melhores ideias vêm do processo de observação da luz, dos ângulos, de tudo o que está a nossa frente a partir da proposta, por isso cada projeto e trabalho é único. No começo era um pouco mais demorado esse processo e hoje já é mais rápido”, relata Denis.
Ele conta que busca inspirações no trabalho de muitos fotógrafos e tem até um Instagram apenas para seguir esses profissionais, expandir horizontes e ter referências de diversos estilos, sejam nacionais ou internacionais.
Para ele, um dos maiores desafios para um fotógrafo no mercado de hoje em dia é a necessidade de se renovar sempre. De acordo com ele, as coisas estão sempre mudando muito rápido e é necessário estar sempre se atualizando e buscando coisas diferentes, tendo coragem para se arriscar e melhorar processos. Para Denis, esse é um dos melhores caminhos para se destacar e evoluir nessa área.
Para entregar o melhor trabalho e resultado possível, Denis tem um lema. “As pessoas que vêm fotografar com a gente só tem um dever, que é aproveitar as fotos e o momento, o resto a gente dá todo o suporte para que aconteça da melhor maneira.” Ele explica que um profissional da imagem tem o dever de deixar claro para a pessoa que ela não precisa se preocupar com as fotos, poses e o que vai acontecer, porque é o fotógrafo que vai conduzir isso.
“Muito da timidez das pessoas em frente às lentes vem da ansiedade de não saber como vai ser conduzido o trabalho e como se comportar, mas por experiência a gente mostra para o cliente que isso não é um bicho de sete cabeças. Costumo fazer uma reunião antes, onde tiro dúvidas e explico para o cliente que ele não precisa se preocupar com as fotos. Então quando chega na hora a gente conversa para criar um clima mais tranquilo. Assim se torna mais fácil, pois cria-se uma relação de confiança, em que o cliente conhece o fotógrafo e é possível direcionar melhor e descobrir o ponto energético da pessoa, se é alguém agitado, calmo. A gente gosta de equilibrar essa energia para que haja fluidez no trabalho”, conta o profissional.
Denis também tem uma dica de ouro para quem é iniciante.”Para seguir na área é necessário primeiro estudar muito aquilo que você quer fazer, encontrar seu nicho, seu estilo, tudo isso demanda um tempo, mas o principal é o conhecimento. Outro ponto importante é tratar o seu negócio de fotografia como uma empresa, isso é primordial. Quem quer seguir nessa área tem que saber que a fotografia é uma arte, uma paixão, mas não se pode esquecer que é um negócio e pode ser uma carreira de muito sucesso. Eu gostaria de ter aprendido isso antes, pois é muito importante, principalmente nesse ramo mais artístico”, finaliza.
Uma pequena amostra dos incríveis trabalhos de Denis pode ser encontrada em seu site denisnatan.com.br e também no Instagram @denisnatanfotografia. Veja alguns cliques: