Com a chegada de um novo ano, vem a culpa, o peso de relembrar as festas de fim de ano e dos “quilinhos a mais”. Então vem as promessas de emagrecer, mas poucas pessoas de fato conseguem alcançar esse objetivo e esse desejo se repete ano após ano.
A nutricionista Maria Eduarda Mayer chama atenção para aspectos desse assunto, tão comentado e polêmico, que as pessoas acabam negligenciando e que podem fazer mais diferença ainda do que dietas malucas.
A nutricionista explica que atualmente é comum encontrarmos propostas de soluções milagrosas: dieta detox, low carb, jejum intermitente, chás e diversos outros produtos.
Muitas pessoas já passaram por todas essas estratégias e estão cansadas de fazer dietas e não emagrecer, ou até conseguem por um período, mas não mantêm o resultado e logo recuperam o peso que haviam perdido.
Maria comenta que o índice de obesidade aumentou em 72% nos últimos 13 anos: em 2006 a prevalência era de 11,8%, enquanto em 2019 alcançou 20,3%! Além disso, ela destaca que os avanços na área da nutrição e acesso a informação também evoluíram muito nesse período.
Se as pessoas desejam emagrecer e têm acesso a diversas receitas, dietas, e meios de perder peso, por que não conseguem? O emagrecimento não se trata apenas de força de vontade, nem dos produtos que você irá utilizar.
Não basta saber o que comer, é preciso saber como comer! Diz Maria.
É necessário reconhecer que a comida não é apenas nutriente, ela também tem papéis sociais, culturais, afetivos, ela destaca.
O alimento além da nossa nutrição, é usado para buscar conforto, alívio de ansiedade, frustração, descontar a raiva, entre outros problemas.
Através da alimentação, as pessoas buscam se relacionar e compartilhar momentos com pessoas queridas, acessar memórias, fugir do tédio, ocupar o tempo, comemorar e brindar, fugir de alguma situação ou sensação, relaxar após um dia exaustivo, entre muitas outras emoções positivas ou negativas, assim explica a nutricionista.
Portanto, informação sobre o que comer ou evitar não é suficiente para mudar, é preciso entender os sentimentos e pensamentos que levam as pessoas a buscar o alimento como resposta.
Durante a pandemia a situação psicológica mudou, muitos para pior, agravando o quesito emagrecimento. É possível perceber diversos relatos de pessoas que alegam ter engordado, ou até emagrecido na pandemia, por questões emocionais. De fato a saúde mental em geral foi afetada.
Ainda, privou dos prazeres que eram habituais, como por exemplo a socialização, e foram substituídos pelos de mais fácil acesso, como a comida, diz Maria.
Para sair desse ciclo de tentativas frustradas, a nutricionista explica que é necessário estar consciente dos seus padrões de comportamento, buscar compreender, e lidar com a situação de outras formas, pois comer de forma exagerada é apenas um reflexo de uma emoção não ouvida e resolvida.
Uma dica valiosa da nutricionista, é basicamente se exercitar, estar presente no momento da refeição, ciente dos seus pensamentos e do que está sentindo, evite comer por impulso, com distrações ou apenas por ter disponível. A comida não deve ser uma ”válvula de escape”.
O Janeiro branco:
O Janeiro Branco é uma campanha brasileira que desde 2014 busca chamar a atenção das pessoas para a saúde mental. O mês de janeiro foi escolhido porque é neste mês que geralmente as pessoas estão mais focadas em metas para o ano.
A campanha reforça a importância de buscar ajuda profissional quando necessário, em qual quer problema psicológico.
E em especial nesse caso, a ajuda de um nutricionista comportamental e psicólogo, principalmente nos casos em que o sofrimento é agravado por estar acima do peso e acreditarem ser incapaz, quando na verdade pode se tratar de uma questão mais profunda, um sentimento sendo ignorado e o alimento vem como conforto e alívio imediato, o que deixa ambos os problemas sem solução, reforça a Dra Maria Eduarda Meyer.
Conforme a própria definição da OMS, saúde é bem estar físico, mental, emocional e social associados, então não deixe de levar todos esses aspectos em consideração.