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Toda cidade tem suas lendas. Aqueles papos que volta e meia ouvimos falar, mas não sabemos de onde surgiu a tal história. Na região, uma das mais emblemáticas é sobre a existência de um vulcão em Corupá. Isso mesmo, um vulcão em Corupá.
O papo é tão antigo que muitas pessoas do município nunca ouviram falar. Ficou apenas registrado pela história oral e uns poucos vestígios, como o jornal O Correio do Povo de 1984.
Um estudo regional publicado na época, de autoria do Promotor de Justiça José Alberto Barbosa, registrou várias características geográficas, de infraestrutura e política.
O que chama a atenção é o registro sobre os relatos da existência de um vulcão no Morro do Garrafão. Confira o texto na íntegra:
“Anos atrás, o sr. Attilio Cereseto (natural de Voghera; Itália), prático em mineralogia, afirmou que encontrou 5 vulcões no Morro do Garrafão, em Corupá, pretendendo haver ainda testigos na forma de chaminés e mesmo atividades na forma de ruídos. Eu penso que esses ruídos que ele escutou fossem de águas subterrâneas ou de outra causa. O fato é que um geólogo que pouco depois me visitou identificou uma das rochas que o Attilio achou em Corupá e me deu, como sendo pedra-pomes. De fato, era pedra vacuolar, levíssima, semi flutuando na água. Ora, esse tipo de rocha é produzido em vulcanismo de cone (chaminé), por vitrificação”, descreve Barbosa.
E a história segue: “O geólogo João José Bigarelia, da Universidade Federal do Paraná e um dos maiores nomes mundiais em termos da geologia do Gondwana, interessou-se muito pelas notícias de vulcanismo em Corupá e manifestou a intenção de trazer até o Morro do Garrafão uma equipe para as devidas pesquisas. No futuro os especialistas falarão”.
O morador Vingando Millnitz, de 68 anos, conta que houve um estudo a respeito das pedras encontradas na localidade.
“Mais ou menos há uns 45, 46 anos, vieram umas pessoas aqui fazendo algumas pesquisas de algumas pedras que existiam no Morro do Garrafão, por onde nós morávamos. Eles levaram essas pedras para um laboratório para fazer análise de qual matéria era achada lá e o resultado veio para o meu pai, um documento, um relatório sobre o que é. Essas pedras eram vulcânicas, lá a quantas centenas ou mil anos, ou o quê, existia um vulcão e ele, na verdade mesmo, é extinto. Não se sabe quando ou onde era, mas as pedras são vulcânicas”, relata seu Vigando.
Não há qualquer risco
A história de antigamente até se transformou em alguns relatos: dizem que viram sair fogo do Morro do Garrafão, outros falam de sons escutados por lá. Mas de fato registrado mesmo, são apenas as rochas vulcânicas deixadas por algum vulcão há muito, muito, muito tempo extinto.
Em uma entrevista ao OCP, o geólogo Normando Zitta explicou que há milhões de anos existia um pequeno vulcão na região, mas não há atividade vulcânica nenhuma. As rochas estão bem consolidadas e a região não é uma área vulcânica, não apresentando potencial para esse tipo de erupção e grandes temores.
- O Morro do Garrafão
O Morro do Garrafão possui 645 metros de altura e fica nas redondezas da localizada Pedra de Amolar. Existe uma trilha para chegar ao topo do morro que possibilita uma visão panorâmica da cidade. Em cerca de uma hora de trilha pode-se atingir o cume, mas trilha é fechada e recomenda-se ir com um guia que conheça o caminho.
Indícios na geografia
Existem pelo menos duas formações geológicas em Corupá que teriam sido formadas por atividades vulcânicas há milhões e milhões de anos. Não necessariamente seriam relacionadas ao suposto vulcão no Morro do Garrafão.
Uma delas é a Cachoeira da Usina, que tem a sua queda principal em meio a uma fenda de 6 metros de largura e aproximadamente 40 metros de altura.
Segundo relato do pesquisador Henry Henkels, que publicou material sobre a cachoeira, “trata-se de uma rachadura natural em um conjunto rochoso resultante de um derrame vulcânico ocorrido a aproximadamente a 500 milhões de anos, no período cambriano.”
Também na região, há relatos de que a Caverna da Fuga, localizada no Parque Ecológico Braço Esquerdo, foi formada há milhares de anos por decorrência de atividades vulcânicas e lapidada pela passagem do Rio Cachoeira.
Com cerca de 60 metros de extensão, a caverna tem uma entrada principal junto a uma parte seca, o salão principal e uma linda cachoeira no seu final – contam que ela era utilizada como uma rota de fuga para os índios, entre eles os Xoclengs, perseguidos pelos colonizadores.
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