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Quem passa pela Praça Ângelo Piazera, entre um afazer e outro, até nota a figura de bigode espesso em lugar de destaque. A herma feita de um pilar de granito e um busto em bronze, homenagem ao fundador Emílio Carlos Jourdan, marca a memória até de quem não reconhece a figura.
Quando se celebra a fundação de Jaraguá do Sul, em 25 de julho de 1876, se fala muito dele, afinal, a data trata do momento histórico em que Jourdan chega de barco, pelo rio Itapocu, às terras que chamaria de “Colônia Jaraguá”.
Hoje a herma se tornou parte da cidade e da memória afetiva de quem passa a tantos anos pela praça. Mas o momento histórico em que ela foi erguida, gerou muita comoção e uma mobilização idealizada pelo jornal O Correio do Povo.
Era dezembro de 1939 quando foi lançada a pedra fundamental do primeiro Paço Municipal de Jaraguá do Sul – como era chamado o prédio que atualmente abriga o Museu Emílio da Silva.
O Correio do Povo exibiu em primeira mão o desenho do futuro prédio, dando detalhes de como seria a estrutura que abrigaria Prefeitura, Cartório de Registro Civil, Delegacia de Polícia, Inspetoria Escolar e Fórum da Comarca.
A construção de um prédio tão grandioso, vista com tanta expectativa pela população, movimentou conversas e ideias. E na última edição daquele ano, o OCP publicava um texto que começava assim: “Jaraguá tem uma grande dívida a pagar”.
O jornal defendia o resgate da memória dos bandeirantes que iniciaram a colonização, tendo como símbolo o fundador Emílio Carlos Jourdan. Na época, a única referência ao fundador era o nome da rua, que segue até hoje ligando a Epitácio Pessoa e a Getúlio Vargas.
“Construído o Paço Municipal e ajardinada que seja a praça da Bandeira, que melhor lugar para receber a herma de Emílio Carlos Jourdan?”, seguia a publicação que movimentou verdadeira campanha para angariar fundos para o projeto chamado “Campanha de gratidão”.
O posicionamento do jornal, acostumado a ser parte atuante da vida da comunidade, ressoou. Durante o ano de 1940 até 1941, a arrecadação de dinheiro seguiu, sendo inclusive narrada pelo historiador Emílio da Silva em seu livro.
O senhor Honorato Tomelin, então diretor do Correio do Povo, e o prefeito municipal Leonidas Cabral Herbster teriam encabeçado a lista de doadores, com valor depositado no Banco Comercial e Agrícola, narra da Silva.
A ideia era essa: que a própria população fizesse doações, para que realmente fosse um agradecimento dos jaraguaenses à quem começou a história do município.
Grandiosa inauguração
A campanha de arrecadação foi bem sucedida. A peça foi fundida em bronze pelo escultor Fritz Alt, um artista plástico nascido na Alemanha e radicado no Brasil que passou a maior parte da vida em Joinville.
Às vésperas da obra do Paço Municipal ficar pronta, a herma estava pronta para ganhar seu lugar de destaque.
Os dias 4 e 5 de outubro de 1941 foram grandiosos. O interventor federal Nereu Ramos e comitiva estiveram na cidade para o ato, assim como o filho do colonizador, Rodolfo Augusto Jourdan.
Mais de 1.300 pessoas estiveram no local para conferir a inauguração do prédio e da herma de Emílio Carlos Jourdan – um símbolo que até hoje preserva as raízes históricas de Jaraguá do Sul.
Sobre o artigo que você leu
“Antigamente em Jaraguá do Sul” é uma série que investiga, resgata e preserva a memória de histórias, rotinas, pessoas e fatos que moldaram a identidade de nossa cidade. Tem alguma curiosidade ou dica que queira compartilhar com a gente?
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