Compartilhe este conteúdo agora:
A Barra do Rio Cerro é o terceiro bairro mais populoso de Jaraguá, sabia? De acordo com o estudo realizado pelo Instituto Jourdan de Planejamento, em 2014, a população já soma 8.387. Fica atrás apenas da Ilha da Figueira (10.094) e do Centro (9.151).
Localizada entre o Rio da Luz, Rio Cerro I, Jaragua 99, Parque Malwee, São Luis e Barra do Rio Molha, a Barra do Rio Cerro é cercada pelos característicos morros do nosso Vale, cobertos pelo verde da natureza.
Mas não são só as belezas naturais que chamam a atenção àquela região.
É um bairro praticamente com vida econômica própria, regada de indústrias e estabelecimentos comerciais já reconhecidos com o tempo pelos jaraguaenses.
Exemplos? Malwee Malhas, a Tritec, loja grande da Milium, bancos, lotéricas e também grandes supermercados.
Mas outras estruturas importantes para a cidade ficam localizadas por ali, como o Noviciado Nossa Senhora de Fátima, a Paróquia Nossa senhora das Graças, a Paróquia Luterana da Barra do Rio Cerro e o famoso Restaurante Pedra Branca.
Era Serro
Mas que história será guarda um nome extenso e tão diferente, que à primeira vista não tem significado nenhum?
A verdade é que o bairro está localizado nas imediações do encontro dos rios Jaraguá e Cerro, por isso o nome!
Nos documentos antigos guardados pelo Arquivo Histórico, a escrita era feita da seguinte forma “Barra do Rio do Serro”, com a letra S.
A palavra Serro é sinônimo de serra, mas acredita-se que alguém tenha corrigido essa grafia no decorrer to tempo, passando a escrever Cerro, com C, que é sinônimo da palavra morro.
Não sei pra vocês, mas pra nós faz muito mais sentido, já que Jaraguá é cercada por morros e a Barra também. De qualquer forma, o que não se sabe é em qual período da história esta alteração de nome aconteceu.
História construída pelos italianos
Foram os italianos os primeiros a habitarem a Barra do Rio Cerro. O bairro começou a ser povoado por volta de 1891, de acordo com a historiadora do Arquivo Histórico, Silvia Kita. Até este momento, a região ainda era completamente desabitada.
Como as terras que pertencem ao bairro ficam localizadas à margem direita do Rio Jaraguá, pertenciam nesta época ao Estado de SC, e foram loteadas pela Agência de Colonização, um órgão do governo que ficava em Blumenau.
Os primeiros a adquirirem propriedades ali foram Ângelo Piazera, Vittorino Piazera, Eugênio Pradi, Giovani Satler, Feliciano Bortolini, Salomone Mengarda e Giusepe Campregher. Todos eles de origem italiana.
E, na virada para o século XX, esta comunidade de colonizadores fundou uma pequena capela e uma comunidade escolar, onde eram realizadas as missas e as aulas.
Destas aulas surgiu a primeira escola do município, fundada em 1900, onde hoje está a garagem da Prefeitura.
A então Sociedade Escolar Particular Católica, tornou-se instituição estadual em 1938, e hoje é a Escola Estadual Professor José Duarte Magalhães.
De acordo com publicações do pessoal que contribui no grupo de Facebook Antigamente em Jaraguá do Sul, no início, as aulas eram ministradas em língua italiana para apenas 24 alunos.
Quem foram Ângelo e o pastor Albert?
Estes são os nomes mais conhecidos por quem mora na Barra, por serem as duas principais ruas que cortam o bairro. E, como muitos de vocês já devem ter presumido, são nomes muito importantes e que fizeram parte da história da formação e crescimento da Barra.
Ângelo Rubini
Filho de italianos, Pedro e Bertola Sartori Rubini vieram para o Brasil quando Ângelo Rubini tinha 14 anos, e desembarcaram em Blumenau.
Quase dez anos mais tarde, Ângelo veio para Jaraguá nos fins de 1899, chegando ao lugar onde o Rio Cerro entra no Rio Jaraguá (hoje a Barra do Rio Cerro) e, mais tarde, casou-se com Maria Satler Pradi.
Ele era ferreiro e trabalhou com construção da estrada que liga Jaraguá a Blumenau – Via Pomerode (hoje a SC-110), a atual Rodovia Wolfgang Weege.
Ele ainda foi comissário de polícia pela cidade, de 1901 a 1911, que na época era ainda distrito de Joinville.
E construiu a primeira cadeia pública, que ficava na Rua Quintino Bocaiúva (Rua da Grafipel e do Museu Emílio da Silva). Consegue imaginar isso? Era uma pequena construção de madeira que oferecia mais segurança aos presos forasteiros.
Ângelo também foi juiz de paz do distrito e cuidava de outros negócios, como a pequena serraria, engenho de açúcar e aguardente. Morreu aos 84 anos, e foi enterrado no Cemitério da Barra.
Pastor Albert Schneider
Com a denominação de pastor que vem antes do nome já é possível supor que ele foi um líder religioso muito importante para a comunidade.
E foi mesmo, para os luteranos. Lá no fim do ano de 1912, Albert deixou a comunidade em Brüderthal, de Guaramirim, para ajudar o amigo pastor Ferdinand Schülzen a assumir a divisão da paróquia “Jaraguá II”.
As igrejas estavam crescendo, e já somavam mais de dez, por isso precisavam ser divididas em paróquias para que todas pudessem ser atendidas. Ele permaneceu à frente da paróquia por 36 anos, e neste tempo as 240 famílias filiadas às comunidade se transformaram em 700.
Hoje conseguimos ver um pouquinho dessa história construída por ele na Igreja Luterana Cristo Salvador, que fica localizada próxima à empresa Malwee. Ela foi fundada em 1902, mas a edificação foi construída em 1932, sendo reformada em 1997.
Sobre o artigo que você leu
“Antigamente em Jaraguá do Sul” é uma série que investiga, resgata e preserva a memória de histórias, rotinas, pessoas e fatos que moldaram a identidade de nossa cidade. Tem alguma curiosidade ou dica que queira compartilhar com a gente?
Não esqueça de compartilhar:
Caixa de comentários
VOCÊ TAMBÉM VAI QUERER LER