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Jaraguá do Sul é cortada por rios. Basta andar um pouquinho para perceber a quantidade de pontes que são necessárias para interligar as ruas. Mas toda essa abundância hídrica brota bem longe da cidade, na mata preservada.
O município está inserido na Bacia Hidrográfica do Rio Itapocu, a mais importante do norte catarinense. Os seus principais afluentes são os rios Jaraguá e Itapocuzinho – que passam pelo município.
Mas além deles, existem em torno de mil cursos d’água mapeados em Jaraguá do Sul, entre riachos, córregos e rios.
Conforme a engenheira florestal da Amvali, Karine Rosilene Holler, responsável pelo Projeto Mananciais, o relevo acidentado do município e região, aliado a vegetação densa de Mata Atlântica, faz a região ser privilegiada no quesito recursos naturais – o que precisa ser preservado.
Karine comenta que não existe um mapeamento completo da quantidade de cursos d’água existentes, ainda mais porque na área urbana muitos já foram entubados. Por isso, a maior quantidade de rios se localiza em áreas rurais com relevo acidentado, como Jaraguazinho e Rio Cerro.
“São nos morros da nossa região que nascem os rios – as nascentes, por isso a importância da vegetação preservada nesses locais”, pontua.
Onde brota a água
A Bacia Hidrográfica do Rio Itapocu possui suas nascentes na serra do mar e os rios seguem com suas águas para o Oceano Atlântico.
Apesar do nosso foco ser Jaraguá do Sul, é impossível falar de recursos hídricos limitando-se a divisas: os rios vão atravessando os municípios, crescendo em dimensão.
“Lembrando que quando falamos de rios, devemos sempre pensar em bacia hidrográfica, pois a natureza não segue os limites territoriais e sim a bacia hidrográfica que é formada pelas encostas, os morros e por todos os rios. Assim, o município de Jaraguá do Sul está inserido em três sub-bacias hidrográficas”, comenta Karine.
A única delas que é 100% jaraguaense é a do rio Jaraguá. Todos os rios que a formam nascem no próprio município. Ele tem cerca de 23 quilômetros desde de sua primeira nascente, na região do Garibaldi, até onde se junta ao rio Itapocu – na área central do município.
Outra sub-bacia que atravessa a cidade é do médio Itapocu. Ela recebe águas das sub-bacias do Jaraguá, rio Novo, rio Vermelho e rio Itapocuzinho – ou seja, é a junção de vários riachos e nascentes.
Para se ter uma noção, como o rio Novo é um dos formadores do rio Itapocu, as águas que rolam lá na conhecida Rota das Cachoeiras passam pelo centro de Jaraguá do Sul.
Outra bacia que passa por Jaraguá do Sul é a do rio Itapocuzinho. Isso mesmo, existem um Itapocu e um Itapocuzinho. Era chamado antigamente também pelos primeiros exploradores de rio Itapocu-Mirim. Nasce da junção do rio Duas Mamas, rio Bracinho, rio do Júlio e rio Manso, percorrendo Schroeder nesse primeiro respiro.
Os rios e as cidades
Se é na área rural preservada e em locais de preservação permanente que se pode observar essa riqueza hídrica ganhando vida, são nas áreas com interferência humana que os problemas começam a aparecer.
Como comenta a engenheira Karine, foram os cursos d’água que fizeram as cidades da região se formarem como são. Os colonizadores chegaram pelos rios, como o caso do fundador de Jaraguá do Sul Emílio Carlos Jourdan.
“As cidades foram construídas próximas aos rios pela oferta de água para utilização para dessedentação, utilização nas primeiras indústrias, para lazer e como caminho para escoamento. E infelizmente, como fonte de descarte de resíduos, com a ideia de que se jogar resíduos nos rios vai embora”, alerta, ressaltando para a importância da preservação.
O presidente do Samae (Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto) de Jaraguá do Sul, Ademir Izidoro, ressalta que existe uma atenção com a disponibilidade de água.
Estruturalmente a instituição se resguardou com grandes obras para ampliar o tratamento, construir novos reservatórios e sistemas de bombeamento e distribuição. Entretanto, é preciso garantir a matéria-prima.
Medidas para reduzir as perdas de água tratada foram tomadas, assim com o projeto “Saneamento Rural” que atendeu 500 famílias na região do rio Jaraguá no intuito de melhorar a qualidade dos recursos captados pela Estação de Tratamento de Água (ETA) Sul.
“Outro importante projeto é a recuperação da mata ciliar, nos lotes lindeiros ao Rio Itapocu, entre a captação da ETA Central e o limite com Corupá. Que reflete em melhor qualidade da água no principal manancial de Jaraguá do Sul”, comenta Izidoro.
A intenção é plantar 40 mil espécies de árvores frutíferas e nativas em 343 lotes às margens do rio Itapocu – 12 mil já foram plantadas.
Os desafios da preservação
Existem diversos fatores que ameaçam as águas: poluição, contaminações, lançamento de esgoto sanitário – uma vez que apenas Jaraguá do Sul possui coleta e tratamento de esgoto -, a utilização/aplicação de defensivos agrícolas na agricultura e erosão pela atividade de terraplanagem sem controle ambiental, entre outros.
Por isso, Karine ressalta que as ações de educação ambiental também são importantes por levar informações sobre como os recursos naturais são fundamentais para a vida.
“Lembrando que precisamos dos rios não apenas para beber água, mas também para a agricultura e aquicultura na produção de alimentos, nas indústrias, na mineração e no nosso lazer pelas nas nossas belas paisagens que os rios e cachoeiras que nossa região nos proporcionam, alavancando também o turismo ecológico”, afirma.
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