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Tem muita gente que já deve ter sentido vontade de cultivar um pé de alface, uma rúcula, um manjericão… Mas a falta de espaço sempre parece um empecilho para qualquer aventura dessas. Será mesmo que essa é uma barreira?
Bom, não precisa ser. O historiador e educador ambiental Marcus Negri, nosso especialista em hortas, nos ajudou a preparar uma série de dicas para quem quiser começar a cultivar alimentos em pequenos espaços – pode ser um espaço no quintal ou em vasinhos na varanda.
Primeiro, vamos planejar!
Cultivar alimentos é possível, mas não significa que vai ser moleza. Vai exigir um pouco de estudo, observação e planejamento.
Marcus comenta que é preciso considerar os seguintes fatores: iluminação da área disponível, localização geográfica, umidade do espaço e espécies que serão plantadas.
Iluminação
Segundo o educador, existem 3 tipos de iluminação: direta, quando o sol incide diretamente na planta; indireta; quando a planta recebe claridade solar; e sombra, quando não recebe iluminação.
“Se possível uma horta deve ter ao menos 5 horas de iluminação direta, porém, se não for o seu caso, existem alternativas de cultivo, espécies e métodos que se adaptam a menos luminosidade, tentativa e erro procurando mesclar espécies e suas alturas e necessidades, tipos de vasos, de canteiros, subir as paredes, vale tudo nessa busca por colher o sol”, comenta Marcus.
Localização
Encontrado um ponto onde as plantas vão conseguir receber a mair quantidade de iluminação solar, partimos para o segundo item.
“O canteiro deve sempre ter a frente voltada para norte, no intuito do sol atingir os dois lados da planta, não sendo possível o que se faz é uma adequação para proporcionar o necessário a cada espécie de irradiação solar”, explica o educador.
Umidade
Perceber se o espaço que receberá a horta é mais ou menos úmido será importante para definir o quanto será necessário regar as plantas.
Uma dica de ouro compartilhada por Marcus é: sempre cubra o solo, seja no cultivo direto na terra ou no vaso. Folhas secas, galhos, serragem pura, vale tudo que seja orgânico.
“Esse procedimento evita a perda de nutrientes por irradiação e mantém a umidade do solo reduzindo os efeitos da lixiviação, que é a perda de nutriente pela passagem da água”, revela.
- O que e quanto plantar?
As espécies que serão cultivadas vão depender, em primeiro lugar, do consumo. Depois, é preciso estabelecer a quantidade.
Para isso, Marcus conta que você deve pesquisar quanto tempo leva para a espécie se desenvolver, qual a produtividade dela e assim estabelecer uma quantidade a ser plantada. É a relação demanda e produtividade.
Agora, mãos na terra!
“Existem duas maneiras de começar o processo de cultivo do seu alimento em pequenos espaços, utilizando sementes ou por meio de mudas. Cada uma com suas especificidades ensina detalhes importantes sobre os ciclos de vida de uma planta”, comenta.
Sementes
Segundo Marcus, o ideal é procurar por sementes não tratadas – essa informação deve estar no rótulo. Isso torna o processo mais barato e as espécies se adaptam bem à sementeira.
Germinar nas sementeiras – que são aquelas bandejas com pequenos quadradinhos, chamados de berço – vai ajudar na visualização dos brotos, explica.
“Planeje bem a semeadura de acordo com o consumo desejado, por exemplo uma família 4 pessoas consome 1 cabeça de alface por semana, logo não precisa semear mais do que dois berços toda a semana”, pontua.
Em cada quadradinho, cada berço, devem ir no máximo três sementes para garantir a germinação. Depois, se todas germinarem, é feito o raleiro, que é a retirada das menores mudas.
O broto deverá ficar no mínimo 20 dias na sementeira após germinar para se desenvolver bem.
Quem preferir realizar a semeadura direto no chão, vai precisar ter a atenção para observar o espaçamento que as plantas vão precisar para se desenvolver. E ainda observar, quando existe mais do que uma espécie, se uma não irá gerar sombra para a outra.
“Ainda falando das sementes uma alternativa que atende todos os públicos e se torna possível mesmo sem a presença de luz direta é o cultivo de brotos e micro vegetais”, pontua Marcus.
Mudas
Para quem está começando, Marcus indica iniciar com as mudas. “Além de já serem “visíveis” a planta já possui certa vitalidade e normalmente está em um substrato de boa qualidade”, comenta.
Uma dica é, após comprar as mudinhas, deixar a planta por alguns dias no local onde ela será transplantada para observar a resposta dela ao ambiente.
“O primeiro procedimento é abrir um berço (espaço onde a planta será transplantada), do tamanho do recipiente em que a planta está, deve-se retirar a muda do recipiente, desfazendo levemente o torrão dentro do espaço que foi aberto para não se perder o substrato, fazendo com que seja possível visualizar as pontas das raízes delicadamente deixa-las expostas para que possam perceber que podem expandir”, explica.
Marcus complementa que sempre que for feito o transplante das mudas é necessário levar em consideração o tamanho da planta adulta, mesclar espécies segundo sua altura e tipo de ocupação do solo é uma ótima solução para um maior aproveitamento dos espaços, e maior produtividade por metro quadrado.
Cuidados em apê
Logicamente as opções de cultivo em uma sacada serão mais restritas. Mas é possível se aventurar. Marcus comenta que encontrar um ponto com boa iluminação é essencial. As condições gerais vão exigir esse cuidado no desenvolvimento das plantas.
Em algumas situações, será preciso trocar a planta de lugar para encontrar o melhor ponto. Outras vão exigir a troca de vasos conforme crescerem. E, claro, atenção ao ambiente.
“Outra situação que ocorre em apartamentos a exposição das culturas ao efeito estufa, quando o sol incide diretamente em uma janela e o cômodo normalmente não é ventilado, nestas situações as plantas devem ser regas constantemente e posicionadas no intuito de promover o melhor aproveitamento desse efeito”, diz.
Atenção ao solo e cuidados
Quando o cultivo for diretamente no solo, será preciso fazer a “calagem” para equalizar o PH. “Devendo se optar por terras prontas de origem orgânicas, ou terra de compostagem ricas em material de origem vegetal, é necessário reforçar sempre a quantidade de matéria orgânica ou substrato nos canteiros cultivados, pó de rocha e tortas de mamona são ótimas opções de adubação que deve ser reforçada ao menos uma vez ao mês”, comenta Marcus.
Tanto no caso das sementes como mudas é fundamental prestar atenção a rega nos primeiros dias, que é fundamental para o desenvolvimento do cultivo desejado.
E aí, bora tentar?
Sobre o artigo que você leu
“Faça Você Mesmo” é uma série sobre atividades, um espaço de inspiração e aprendizado pra quem está querendo inovar, construir, criar algo novo ou impactar sua comunidade. Você tem ai alguma dúvida sobre um procedimento e precisa de ajuda? Conta pra gente!
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