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Werner Voigt (em memória, 1º de junho de 2016) foi movido pela eletricidade. Soube dessa fonte de energia pelos livros mantidos pelo avô e criou verdadeiro fascínio.
Sabia desde adolescente que queria entender e dominar essa área, foi um processo totalmente natural. O empenho e dedicação contínuos ao trabalho deixaram um legado que se traduz na força econômica e tecnológica que é a WEG.
Viu na energia um potencial
“Com oito anos, que eu comecei a gostar de eletricidade e soube qual era a profissão a seguir”.
Hoje a eletricidade permeia cada passo de nossas vidas, mas a infância de Werner Voigt, em Schroeder, foi muito distante dessa realidade. Na época, tudo era movido a querosene, as possibilidades eram muito reduzidas.
Quando, aos oito anos, ele teve contato com livros escritos em alemão sobre o tema, nasceu um fascínio que nunca parou de evoluir.
“A maior lembrança que tenho do avô Leo é da biblioteca dele, em casa. Meu avô gostava muito de ler. Tinha muitos livros e revistas que ele lia todas as noites. Como não havia luz elétrica, acendia uma lamparina de querosene e ficava lendo por horas”, contava Voigt.
Os gráficos e figuras sobre eletrônica e elétrica, algo tão incomum, foram duas publicações que chamaram a atenção dele.
Foi aprendiz de eletricista aos 15 anos, mas viu a necessidade de aprender cada vez mais.
Foi para Joinville fazer cursos, conseguiu emprego como mecânico para dar conta de pagar a pensão e, depois do expediente, ia para uma oficina de eletrônica, onde trabalhava de graça a fim de aprender a consertar componentes.
Não houve dúvidas. Voigt se manteve nesse caminho, trabalhando e buscando aprimoramento prático e técnico. Voltou para Jaraguá do Sul, e montou oficina própria posicionada estrategicamente, próxima a um ponto onde passavam ônibus e caminhões de carga.
Foi em maio de 1961, um sábado, que Eggon João da Silva interrompeu Voigt durante uma tarde de trabalho na oficina querendo saber mais sobre a vontade que ele tinha de fabricar motores elétricos. Esse foi o primeiro passo para a fundação da WEG.
Queria fazer o melhor sempre
“Em time que está ganhando não se mexe? Não senhor, vamos sempre achar que se está ótimo, no ano que vem tem quer ser melhor. E nunca pensar em encarecer o produto”.
Estudo técnico e pesquisas sempre nortearam a WEG. Essa era a filosofia de Werner Voigt, que nunca deixava de acreditar na possibilidade de aprimorar ainda mais os produtos.
Isso garantiu à empresa liderança no mercado e inseriu o avanço tecnológico no DNA da WEG. Ele soube recrutar profissionais de fora e buscar constantemente grandes soluções para os problemas enfrentados no dia a dia da fábrica.
Um dos grandes feitos de Voigt foi a substituição das chapas de silício. O material era utilizado nos anos 70, para a fabricação do núcleo do motor, e não só era de alto custo como também gerava um alto índice de perda.
“Muitas pessoas pensam que é só na venda que se ganha dinheiro, mas na verdade, a venda é o fim de todo um processo. Tem muita coisa que pode ser melhorada para aumentar a rentabilidade de uma empresa”, defendia.
Foi um visionário no setor
“Nunca vai acabar a demanda por eletricidade, só vão exigir mais eficiência”.
O mundo corre na direção de soluções que tragam melhor desempenho na produção e na utilização de energia elétrica. Inúmeras leis de incentivo e programas de pesquisas surgiram nos últimos anos, mas essa tecla já vinha sendo batida por Werner Voigt há muito tempo, pelo conhecimento técnico e prático de todo universo que envolve a área.
Não é à toa que a WEG é uma das líderes em soluções energéticas mais eficientes. De 1960 a 2010, os motores produzidos pela empresa passaram de 88% de eficiência para 95,1%, graças a pesquisas tecnológicas constantes.
Sua paixão por eletricidade também foi levada aos carros, com a criação de pesquisas dentro da empresa para criação de motores adaptados a mover veículos. Em 2012, o primeiro carro elétrico de competição do Brasil foi equipado com motor e inversor WEG. Um protótipo que ultrapassava os 100 quilômetros por hora.
Muito antes disso, Werner também foi o responsável de trazer o sinal de televisão para Jaraguá do Sul. Soube que as transmissões já haviam chegado a Joinville e buscou solução para efetivar a novidade aqui.
“Fui até o Morro da Boa Vista, subi por uma trilha que existia entre um bananal e, da metade do morro, vi que dava para ver Joinville lá de cima”, contava. Com ajuda, levou um televisor, um gerador e foi possível alinhar a antena e o sinal. Foi aí que começou o movimento para que fosse instalada a repetidora no local.
Dava importância à necessidade do cliente
“Sempre me coloquei no lugar do cliente, e essa maneira de trabalhar creio que foi primordial para o sucesso da empresa”.
Os conselhos dados por Werner Voigt para quem buscava sucesso no meio empresarial era sempre o mesmo: escutar as necessidades do cliente. Era essa uma das regras da caminhada dele.
Tanto que no início da empresa, uma das estratégias que passava aos vendedores era entrar em toda média a grande empresa que vissem no caminho, para verem que tipo de equipamento estavam usando. Dessa forma, seria possível pensar em soluções que trouxessem benefícios para cada negócio.
“A WEG já fez vários avanços por conhecer as características de quem usa os produtos”, afirmava.
As armas de vendas da companhia sempre foram essas… Quem vende produtos WEG precisa oferecer o equipamento ideal para suprir a necessidade dos clientes. Dessa forma, um laço seria feito e a empresa garantiria o retorno da demanda.
“Sempre fizemos tudo o mais honestamente possível. Eggon, Geraldo e eu jamais tentamos lucrar prejudicando algum cliente. Nunca tentamos tirar vantagem de ninguém, o que alguns de nossos concorrentes faziam”, contava.
Soube alinhar talentos
“Fomos três personalidades distintas, cada um vestindo a camisa WEG à sua maneira”.
Werner Voigt sempre empenhado em evoluir a técnica da empresa, Eggon da Silva com o talento administrativo para tocar os negócio e Geraldo Werninghaus cuidando da mecânica da produção.
Cada um teve dedicação extrema em sua área, faziam decisões conjuntas e confiavam na opinião um do outro.
O episódio mais notável dessa parceria está na viagem a Alemanha realizada em 1968. Os três foram juntos em busca de tecnologia, e se reuniam todas as noites no hotel para fazer relatório das visitas e discutir possíveis sociedades.
Foram duas semanas de discussão até que Geraldo e Werner chegaram à conclusão de que se tivessem as máquinas e a tecnologia alemã eles não precisariam se associar. Eggon apostou e foi atrás de fonte de financiamento no Brasil para o ousado projeto.
“Era um endividamento muito grande e nós fizemos esse empréstimo. Todo mundo na cidade falou: ‘Ê, aí agora se foi…’ (risos). E foi isso que nos fez crescer”, relembrava Voigt. O sucesso sempre era atribuído por Voigt a um conjunto de fatores: o fato de que sempre trabalhavam juntos e sempre respeitavam o conhecimento um do outro.
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